Consumo excessivo de leite e problemas de saúde

Já discutimos em outros posts os pontos positivos e negativos do consumo de leite. Porém como recebo muitas perguntas sobre o tema gostaria de reforçar mais alguns pontos.

O principal problema do consumo do leite é seu consumo exagerado em relação a outros que protegeriam nosso organismo contra agentes agressores como vírus, bactérias, antibióticos, agrotóxicos, metais pesados e substâncias agressoras do próprio leite de vaca. O leite de vaca possui a proteína beta-lactoglobulina não digerida no nosso organismo além de quantidades elevadas da proteína caseína, que é de difícil digestão.

O leite de vaca possui também muitas (cerca de 25) frações protéicas alergênicas. Além da proteína do leite de vaca não ser bem aproveitada, o cálcio do leite de vaca também não é bem utilizado porque não existem outros nutrientes necessários no leite de vaca que fariam este cálcio ser bem aproveitado. Então ninguém pode beber leite? Não é bem assim. O problema é que bebemos leite, iogurte, vitamina, comemos queijo, requeijão, bolo, pudim, chocolate, pão de queijo e muitos outros produtos que contém leite. O consumo é então altíssimo ao contrário do consumo de verduras, legumes e frutas necessários para equilibrar nossa dieta e manter nossa saúde. Este equilíbrio, tão fundamental em todas as áreas da vida, também deve ser buscado em nossa alimentação.

Muco e rinite sempre são alergia à leite?

Muco, rinite e dermatite são sintomas inespecíficos. Sozinhos, não diagnosticam alergia à proteína do leite (APLV). Entre os sinais que podem levantar suspeita estão:

1️⃣ Sintomas respiratórios, como rinite;

2️⃣ Sintomas gastrointestinais, como muco nas fezes, cólicas ou constipação;

3️⃣ Infecções respiratórias recorrentes;

4️⃣ Exames de sangue com IgE sérica específica;

5️⃣ Dermatite.

⚠️ Mas atenção: nem todo muco, rinite ou dermatite é APLV.

Outras causas comuns incluem:

  • Rinite alérgica, sinusite ou asma;

  • Infecções virais respiratórias recorrentes;

  • Refluxo gastroesofágico ou intolerâncias alimentares;

  • Dermatite atópica, de contato ou infecções de pele;

  • Imunodeficiências leves ou polipose nasal.

Transformar suspeita em diagnóstico sem critérios claros traz riscos:

❌ Desnutrição pela retirada do leite de crianças que não tem um bom consumo de outros alimentos;

❌ Perda de confiança da família quando a criança não melhora.

Evitar esse erro exige raciocínio clínico baseado em evidências: ouvir a história completa, analisar exames com criticidade, correlacionar sintomas e entender se o quadro é IgE mediado ou não (APLV é IgE-mediada e sintomas são imediatos, entre minutos a 2 horas). Testes cutâneos (prick test), marcadores inflamatórios plasmáticos e até exames genéticos podem ajudar no diagnóstico correto. Fale com um bom profissional, consulte o pediatra.

E se for preciso tirar o leite? Em geral é feito um teste de exclusão (2 a 4 semanas) com reintrodução controlada (provocação oral) para fechar de vez o diagnóstico. Ajustes da dieta são importantes para evitar desnutrição calórica, proteica ou deficiências de micronutrientes. Marque sua consulta de nutrição para os ajustes necessários.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/