Uso de cetonas exógenas

A dieta cetogênica é é uma dieta rica em gordura e muito pobre em carboidratos. Estimula um estado metabólico chamado cetose, no qual o corpo queima gordura em vez de carboidratos como sua principal fonte de energia.

O processo de queima de gordura resulta na produção de subprodutos de ácidos graxos chamados cetonas. Essas são as substâncias que o corpo usa para obter energia quando os carboidratos estão em falta.

Indicações da dieta cetogênica

  1. Convulsões resistentes à terapia anticonvulsivante

  2. Síndrome de Dravet

  3. Síndrome de Rett

  4. Síndrome de Doose

  5. Espasmos infantis (síndrome de West)

  6. Síndrome de deficiência de GLUT-1

  7. Deficiência de piruvato desidrogenase

  8. Doenças mitocondriais

  9. Complexo da esclerose tuberosa

Evidências emergentes apontam que a dieta cetogênica seria útil no tratamento de outras condições que afligem o cérebro, incluindo: doença de Alzheimer, transtorno afetivo bipolar, depressão, transtorno do espectro do autismo.

Especialistas acreditam que esses transtornos podem ser pelo menos parcialmente ocasionados por mudanças no metabolismo que afetam o cérebro. Estas mudanças geram:

  • mudanças na liberação de substâncias químicas cerebrais (neurotransmissores);

  • inflamação aumentada;

  • alteração do metabolismo da glicose no cérebro.

Pesquisas mostram que a dieta cetogênica e o uso de cetonas exógenas poderia ajudar no tratamento desses transtornos. As cetonas afetam os níveis de certos neurotransmissores no cérebro, diminuem inflamação e estresse oxidativo, fornecem uma fonte de energia alternativa à glicose, reduzindo assim alguns dos sinais e sintomas das condições que afligem o sistema nervoso (Tillery et al., 2021, Sethi et al, 2024; Uchio, & Silverman, 2024).

Transpondo dificuldades na dieta cetogênica

A dieta cetogênica é restritiva em carboidratos. Quando uma pessoa têm dificuldade em seguir a dieta, não consegue entrar em cetose. Existem estratégias como adaptações de receitas, uso de suplementos (TCM C8, L-carnitina e cetonas exógenas).

Nos Estados Unidos o uso de cetonas exógenas é livre. Ésteres de cetona são facilmente encontrados. O custo é alto e o sabor não é agradável, mas são muito usados por atletas quando desejam energia alternativa para um treino ou competição prolongada.

A atividade física prolongada pode resultar em falta de suprimento de oxigênio para os músculos, o que leva a um aumento na produção de ácido láctico. O excesso de ácido láctico pode fazer os músculos ficarem doloridos e fracos. Por serem fonte de energia, os ésteres de cetonas ajudam a manter níveis de ácido lático dentro de um padrão mais adequado. São mais potentes e geram períodos mais longos de cetose, do que os sais de cetonas.

Alguns países da Europa como Inglaterra e Polônia permitem os sais de cetonas, mas a maioria dos outros países não. Para produção de sais de cetona, eletrólitos (como cálcio, magnésio, potássio e sódio) são adicionados à cetonas artificiais. Podem ser disponibilizados como bebidas, cápsulas e pós (mais comum). São indicados para pessoas que não tenham distúrbios eletrolíticos, pois a adição de sais pode ser prejudicial, por exemplo, para pacientes com doença renal, que têm dificuldade de regular eletrólitos.

Também é importante considerar que, embora os sais de cetona induzam rapidamente a cetose, esse estado metabólico geralmente não dura tanto quanto com os ésteres de cetona. Por isso, indica-se que ao longo do dia a pessoa tente seguir a dieta e incorpore triglicerídeos de cadeia média ao cardápio.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/