A ritmicidade do ciclo menstrual refere-se à regularidade e à sequência de eventos que ocorrem ao longo de um ciclo menstrual típico. O ciclo menstrual é um processo fisiológico que envolve a interação de vários hormônios e órgãos, com o objetivo principal de preparar o corpo feminino para uma possível gravidez. A ritmicidade do ciclo menstrual indica como esse processo ocorre de maneira regular e cíclica na maioria das mulheres.
Fases do ciclo menstrual e sua ritmicidade:
O ciclo menstrual é dividido em várias fases, e cada uma delas está associada a alterações hormonais específicas e a transformações no corpo. Um ciclo típico dura entre 21 e 35 dias, sendo 28 dias o valor médio.
Fase menstrual (dias 1 a 5):
O que acontece: A descamação da camada funcional do endométrio ocorre, o que resulta na menstruação. Esta fase é marcada pela diminuição dos níveis de estrogênio e progesterona, que provoca a queda do revestimento uterino.
Ritmicidade: A menstruação normalmente ocorre de forma regular, a cada mês, e a quantidade de fluxo pode variar entre as mulheres, mas segue uma certa regularidade ao longo dos ciclos.
Fase folicular (dias 1 a 13):
O que acontece: Durante essa fase, o hormônio folículo-estimulante (FSH) estimula o crescimento de folículos ovarianos, e um deles se tornará dominante. O folículo dominante começa a produzir estrogênio, o que prepara o útero para uma possível gravidez.
Possíveis sintomas: cólicas, fadiga, sensação de peso na pelve, dor de cabeça.
Ritmicidade: A produção de estrogênio é gradual e aumenta ao longo dessa fase, atingindo seu pico pouco antes da ovulação.
Ovulação (dia 14, em ciclos de 28 dias):
O que acontece: O pico do hormônio luteinizante (LH) desencadeia a liberação do óvulo maduro do folículo ovariano, um processo chamado ovulação.
Possíveis sintomas: No pico ovulatório a mulher costuma ter mais força e disposição, aumento da libido, serotonina e ocitocina.
Ritmicidade: A ovulação ocorre em um ponto específico do ciclo (aproximadamente no meio do ciclo), e essa precisão é fundamental para a fertilidade. No entanto, a exatidão da ovulação pode variar dependendo da duração do ciclo de cada mulher.
Fase lútea (dias 15 a 28):
O que acontece: Após a ovulação, o folículo vazio se transforma no corpo lúteo, que passa a produzir progesterona, hormônio essencial para manter o endométrio preparado para uma possível gravidez. Se a gravidez não ocorrer, o corpo lúteo se degenera e os níveis de progesterona e estrogênio caem, desencadeando a menstruação.
Possíveis sintomas: alteração de humor, sintomas depressivos, retenção hídrica, ansiedade, compulsão por carboidratos, dor nas mamas.
Ritmicidade: A fase lútea geralmente tem uma duração regular (cerca de 14 dias), sendo que se a menstruação não ocorrer, a próxima fase será a menstrual, reiniciando o ciclo.
Implicações para a nutrição: maior demanda energética e de nutrientes. Algumas mulheres possuem alterações genéticas como polimorfismos de FTO, LEP, LEPR, MC4R que podem ser modulados com o uso de fibras, incluindo glucomannan, inulina e psyllium (Pokushalow et al., 2024).
Ritmicidade e sua variação
Embora o ciclo menstrual seja tipicamente cíclico e regular, ele pode variar de mulher para mulher e ao longo da vida de uma mesma pessoa. Alguns fatores que podem afetar a ritmicidade incluem:
Estresse: Pode interferir na liberação hormonal e atrasar ou adiantar a ovulação.
Doenças: Algumas condições médicas, como síndrome dos ovários policísticos (SOP), podem afetar a regularidade do ciclo.
Exercício físico intenso: Pode impactar o ciclo menstrual, resultando em ciclos mais curtos ou ausentes.
Idade: Meninas que estão na puberdade e mulheres na perimenopausa podem ter ciclos mais irregulares.
Uso de anticoncepcionais: Medicamentos hormonais podem alterar a regularidade do ciclo.
Polimorfismos genéticos: Variações genéeticas desempenham um papel importante na ritmicidade do ciclo menstrual. Polimorfismos genéticos são variações nas sequências do DNA entre indivíduos, que podem influenciar diferentes aspectos da saúde, incluindo a função hormonal e a regulação do ciclo menstrual.
Gene do receptor de estrogênio (ESR1): Este gene codifica o receptor de estrogênio, e os polimorfismos nesse gene podem afetar a resposta do corpo ao estrogênio, impactando a duração do ciclo menstrual e a saúde reprodutiva.
Gene CYP19A1 (aromatase): A aromatase é uma enzima responsável pela conversão de andrógenos em estrogênios. Polimorfismos neste gene podem afetar os níveis de estrogênio, influenciando a duração e a regularidade do ciclo.
Gene FSHR (receptor do hormônio folículo-estimulante): Esse gene codifica um receptor que é ativado pelo FSH, um hormônio chave para o início do ciclo e o desenvolvimento dos folículos ovarianos. Polimorfismos no FSHR podem alterar a resposta do organismo ao FSH, afetando o momento e a regulação da ovulação.
Gene LHCGR (receptor do hormônio luteinizante): O LH é um hormônio crucial para a ovulação. Polimorfismos no gene LHCGR podem alterar a função do receptor do LH, afetando a liberação do óvulo e a fase lútea do ciclo menstrual.
Gene PGR (receptor de progesterona): A progesterona é essencial para a preparação do endométrio para a gravidez. Polimorfismos neste gene podem influenciar a resposta do útero à progesterona, impactando a regularidade e a duração da fase lútea.
Excesso de hormônios
Os hormônios são muito importantes para a regulação do ciclo menstrual. Quando acontecem desequilíbrios, sintomas surgem.
Excesso de estrogênio: ganho de peso, ciclo menstrual irregular, alteração do sono, sintomas de TPM mais intensos, dificuldade para engravidar, inchaço anormal das mamas, maior risco de nódulos mamários, câncer de mama e endométrio, maior chance de trombose, irritabilidade.
Para a modulação de estradiol podemos usar alimentos como soja fermentada, linhaça, amêndoa, outras castanhas e sementes, abacate e suplementos, como ômega-3, vitamina D3, zinco, magnésio, vitamina E, selênio, cálcio, coenzima Q10, trevo vermelho, isoflavonas de soja.
Excesso de progesterona: inchaço, diminuição da libido, dificuldade para chegar ao orgasmo, ressecamento vaginal, fadiga, elevação da temperatura corporal, dor nas mamas, baixa energia, indisposição, queda de cabelo acentuada.
O estrogênio estimula as enzimas MAO (degrada serotonina, dopamina e noradrenalina) e COMT (degrada dopamina, adrenalina e noradrenalina), reduz GABA e beta endorfinas.
Para a modulação da progesterona podemos usar inhame, sementes de abóbora e amêndoas, abacate, azeite de oliva, aveia e suplementos como vitamina B6, colina, zinco, ômega-3, magnésio, vitex agnus castus.
Excesso de testosterona: hirsutismo (aumento de pelo no rosto, peito, costas), amenorreia ou menstruação irregular), pele mais oleosa, acne, queda de cabelo, ganho de peso, diminuição das mamas, alterações de humor, redução da fertilidade mesmo com maior libido.
Modulação do excesso de testosterona: alimentos ricos em fibras, ácidos graxos essenciais (abacate, nozes, linhaça, azeite de oliva), redução de carboidratos refinados e açúcar, uso de alimentos antiinflamatórios (cúrcuma, gengibre, chá verde, hortelã), suplementos (Vitex agnus-castus, ácido D-aspártico, Saw Palmetto), controle do estresse (yoga, meditação, exercício moderado, terapia, melhoria do sono), controle do peso, redução do contato com toxinas (ftalatos, álcool, bisfenol A, cafeína em excesso).
Importância da ritmicidade
A ritmicidade do ciclo menstrual é importante para a saúde reprodutiva e pode ser um indicativo do equilíbrio hormonal e do funcionamento do sistema reprodutor. Alterações significativas na regularidade do ciclo podem ser sinais de distúrbios hormonais ou problemas de saúde que precisam ser investigados. Por isso, a observação do ciclo menstrual, como a duração, intensidade da menstruação e sinais associados, pode ser útil para diagnosticar e tratar questões reprodutivas. Também podemos avaliar sua genética com o pedido de exames específicos.