Dieta cetogênica no tratamento do transtorno bipolar e alcoolismo

Paciente jovem, universitário, com diagnóstico de transtorno bipolar tipo 1 e alcoolismo. Uso de lítio (estabilizador do humor), carbamazepina (antiepilético), valium (calmante), isradipina (bloqueador de canais de cálcio) e olanzapina (antipsicótico). Após vários ajustes de dosagens, continuava com dificuldade de controlar os sintomas depressivos.

Peso normal (outros pacientes podem ter compulsão alimentar e maior adiposidade corporal, o que é muito comum). Dieta ocidental com alto consumo de carboidratos (300g ao dia), sanduíches, pizzas, sem alergias alimentares conhecidas.

Tendo pensamentos suicidas. Procurou a consulta de nutrição com o objetivo de iniciar dieta cetogênica para tratamento da bipolaridade e alcoolismo. O exame de sangue mostrou uma redução da carnitina, aumento do colesterol e redução do HDL.

Um plano alimentar cetogênico foi calculado, suplementação de carnitina (para este paciente foi 2,5g ao dia) e TCM foi sugerida (entenda mais aqui) . A carnitina foi inicada uma semana do início da dieta. Contato foi feito com o psiquiatra para acompanhamento conjunto.

Foi iniciada uma dieta Atkins 1,5:1 (entenda aqui) adaptada com mais TCM até que o paciente atingisse uma concentração de corpos cetônicos no plasma de 3 mmol/L. Passou por processo de educação nutricional para aprender lidar com episódios de hipo/hiperglicemia, ajuste de corpos cetônicos, prevenção de cetoacidose, prisão de ventre e gripe cetogênica.

Nas consultas subsequentes foram discutidas as dúvidas, realizado controle do peso, avaliação de cetonas, glucose e índice glucose/cetonas, qualidade do sono, adesão à atividade física e dieta e feitos ajustes na suplementação.

O café da manhã era a refeição favorita e incluía ovos com legumes, iogurte com TCM e sementes, café ou chá com natas (creme de leite). A dieta progrediu para razão 1,7:1 e depois 1,8:1 (entenda aqui). O paciente sentia-se bem sempre que a quantidade de corpos cetônicos ultrapassava 1,5 mmol/L. O sono melhorou e não teve mais episódios de hipomania.

O controle de exames de sangue foi feito a cada 6 meses. Aprendeu a colocar gordura em tudo o que come, mas os níveis de colesterol melhoraram, voltou a malhar, parou de beber e os níveis de bom colesterol subiram (HDL). Mantem-se em tratamento psicológico, nutricional e psiquiátrico. Atualmente a dosagem de todos os medicamentos foi reduzida e está trabalhando com o psiquiátrico para desmame gradual.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/