CBD e CBG para enxaqueca

A enxaqueca é um tipo recorrente de dor de cabeça que não só gera latejamento, incômodo e aflição, mas também pode envolver outros sintomas debilitantes, como aumento da sensibilidade à luz, ruídos ou cheiros, náusea, vômito e dor ao espirrar ou tossir. A dor costuma ser pulsante, atingindo um ou ambos os lados da cabeça. Mas algumas pessoas também sentem a dor na frente ou atrás da cabeça, dentro, ao redor ou atrás dos olhos.

As enxaquecas são mais complicadas do que uma simples dor de cabeça, sendo consideradas um distúrbio neurológico que afeta cerca de 15% da população. Dependendo da gravidade dos sintomas, o paciente pode ficar impossibilitado de realizar atividades rotineiras.

Causas das enxaquecas

  • Genética

  • Alterações hormonais

  • Estresse

  • Ansiedade

  • Uso de certos medicamentos

  • Mudanças climáticas repentinas

  • Alterações de sono

  • Tabagismo

  • Uso ou abstinência de cafeína

  • Consumo de álcool

  • Glutamato monossódico (MSG)

  • Chocolate

  • Queijos envelhecidos

  • Alimentos fermentados, fermento

  • Carnes processadas

  • Desidratação

  • Atividade física excessivo

  • Neuroinflamação

  • Disbiose intestinal

  • Hipoglicemia

  • Alergias e intolerâncias alimentares

  • Intoxicações (troque desodorante, sabor em pó, shampoo etc), poluição, metais pesados, agrotóxicos, adoçantes (edulcorantes como aspartame)

Tratamento da enxaqueca

O tratamento clássico da enxaqueca pode incluir o uso de analgésicos, medicamentos para náuseas, ansiedade e até depressão. Tudo vai depender da causa da enxaqueca.

O tratamento nutricional inclui a suplementação de nutrientes como riboflavina (reduz excitabilidade), magnésio (relaxante muscular), coenzima Q10 (melhora na produção energégica), vitaminas antioxidantes. Outras associações que podem ser feitas pelo nutricionista, a depender do seu caso, são o ômega-3 (antiinflamatório), vitamina D e taurina (relaxante).

Além disso, terapias complementares como dieta antiinflamatória, práticas para gerenciamento do estresse (yoga e meditação) e óleos essenciais (lemongrass, manjericão, hortelã-pimenta, lavanda, camomila, gerânio e rosa) ajudam muitas pessoas. Pesquisas mais recentes apontam que o CBD e o CBG, compostos das plantas de cânhamo e cannabis sativa seriam uma boa alternativa para aqueles que já tentaram de tudo sem muito sucesso.

A cannabis (ou cânhamo) é uma planta complexa contendo várias classes de metabólitos secundários, incluindo pelo menos 104 canabinóides, 120 terpenóides (incluindo 61 monoterpenos, 52 sesquiterpenóides e 5 triterpenóides que dão o aroma e sabor característicos da planta), 26 flavonóides e 11 esteróides entre os 545 compostos identificados. Os três canabinóides mais estudados são o ∆9-tetrahidrocanabinol (∆9-THC), o canabigerol (CBG) e o canabidiol (CBD).

Além do alívio da dor, o CBD pode ajudar a reduzir náuseas e inflamações frequentemente associadas a enxaquecas. O CBD interage com o sistema canabinóide endógeno do corpo. Este sistema neuromodulador desempenha um papel no desenvolvimento do sistema nervoso central e na resposta do corpo a ameaças endógenas e ambientais - por meio de receptores encontrados em todo o corpo. Com isso, reduz a inflamação, alivia a dor e relaxa.

Evidências clínicas mostram que pessoas com enxaqueca crônica (pelo menos 15 dias de dor de cabeça por mês) têm níveis mais baixos de endocanabinóides - neurotransmissores que existem naturalmente dentro do corpo e se ligam a receptores canabinóides.

O óleo CBG também diretamente com os receptores canabinóides CB1 e CB2 no cérebro, para um efeito mais poderoso que o próprio CBD. Também combate a inflamação, dor e reduz náuseas em pacientes fazendo tratamento quimioterápico. Como a concentração de CBG no cânhamo é menor do que a de CBD a extração é mais cara.

Mesmo assim, o CBD e o CBG para alívio da enxaqueca não parece ser uma solução a longo prazo. A causa principal sempre precisa ser estudada e removida. Ou seja, se o álcool é a causa da enxaqueca e a pessoa continua bebendo muito, não há canabinóide que dê jeito. Além disso, embora CBD e CBG sejam bem tolerados pela maioria das pessoas, podem causar os seguintes efeitos colaterais em alguns pacientes: fadiga, cansaço, boca seca, diarreia, alterações no apetite.

Cuidado se estiver tomando medicamentos para tireoide e anticonvulsivantes, pois estes podem interagir com o CBD. Sempreconverse com o seu médico se tiver interesse e, se for adquirir, compre produtos com um certificado de análise que garanta a potência exata do produto, a ausência de contaminantes nocivos como pesticidas, metais pesado e fungos.

Hipometabolismo glicolítico cerebral e enxaqueca

Evidências crescentes também sugerem que a enxaqueca pode ser o resultado de um comprometimento do metabolismo cerebral da glicose. Vários estudos relataram disfunção mitocondrial cerebral, comprometimento do metabolismo cerebral da glicose e redução do volume da substância cinzenta em áreas cerebrais específicas de pacientes com enxaqueca. Além disso, a resistência periférica à insulina, uma condição demonstrada em vários estudos, pode estender-se ao cérebro, levando à resistência cerebral à insulina.

Pessoas com enxaqueca podem ter desregulação dos receptores de insulina, tanto nos astrócitos quanto nos neurônios, desencadeando uma redução na captação de glicose e na síntese de glicogênio, principalmente durante alta demanda metabólica (Moro et al., 2022)

A resistência cerebral à insulina pode ser definida como a incapacidade das células cerebrais (neurónios e células gliais) em responder à insulina. A gravidade e o impacto das crises de enxaqueca são maiores em pacientes com resistência à insulina do que naqueles sem resistência à insulina (Ali et al., 2022).

Na resistência cerebral à insulina, a isoforma IR-B do receptor de insulina pode ser regulada negativamente, desencadeando uma alteração do metabolismo da glicose nos neurônios e astrócitos. O lactato é um combustível alternativo para o cérebro e é capaz de atravessar a barreira hematoencefálica. O lactato também pode ser gerado pelo piruvato nos astrócitos. Contudo, pouquíssima energia é produzida a partir de lactato.

Portanto, quando a demanda de energia cerebral não é satisfeita, seja pela resistência insulínica, seja por hipoglicemia pós-prandial, o cérebro passa a tentar usar mais corpos cetônicos. Por exemplo, pacientes com deficiência de GLUT1 são tratados de enxaquecas com dietas (Klepper et al., 2020). Aprenda mais sobre esta temática em https://t21.video.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/