MICROBIOTA E O CÉREBRO SOCIAL

Os micróbios residentes no trato gastrointestinal podem influenciar a fisiologia e o comportamento do cérebro. E o cérebro influencia o que acontece no intestino (já sentiu dor de barriga de nervoso?). Coletivamente, esse caminho bidirecional é conhecido como eixo microbiota-intestino-cérebro.

A sinalização intestino-cérebro é feita de várias maneiras, incluindo ativação imunológica, produção de metabólitos e peptídeos microbianos, ativação do nervo vago e produção de vários neurotransmissores e neuromoduladores no próprio intestino.

Na ausência de uma microbiota saudável há prejuízo na renovação de neurotransmissores, aumento da neuroinflamação, piora da neurogênese. Estudos com animais mostram que a piora da microbiota altera negativamente o comportamento social. Já a suplementação dos animais com certas bactérias vivas benéficas (probióticos como cepas de Bifidobacterium e Lactobacillus) pode levar a melhorias notáveis no comportamento social tanto no início da vida quanto na idade adulta.

Em todo o reino animal, o nível de sociabilidade que um animal exibe é variável; alguns são altamente sociais (por exemplo, primatas, cupins e abelhas), vivendo em comunidades cooperativas, enquanto outros têm uma existência solitária (por exemplo, ursos). Observações em espécies de invertebrados e vertebrados sugerem que fatores como dieta e imunidade geram pressões de seleção que impulsionam a relação entre microbiota e comportamento social.

Embora a microbiota possa influenciar comportamentos endogenamente através da regulação do eixo intestino-cérebro, algumas espécies animais parecem ter evoluído para usar bactérias simbióticas exogenamente para mediar a comunicação entre membros da mesma espécie. As hienas, por exemplo, são atraídas pelo cheiro de outras hienas que exalam um odor característico, pela presença de bactérias fermentativas em suas glândulas odoríparas. Essa complexa relação entre animais e microbiota levanta a hipótese de que os micróbios podem ter influenciado a evolução do cérebro social e do comportamento como meio de propagar seu próprio material genético.

Nos seres humanos a sociabilidade é influenciada por múltiplos fatores biológicos e ambientais. O comportamento social é governado por múltiplas regiões cerebrais interconectadas, como o hipotálamo, amígdala, córtex cingulado e córtex pré-frontal que são influenciados por fatores extrínsecos e intrínsecos, como sexo, genética, mecanismos epigenéticos e o ambiente. Cada um desses fatores pode influenciar o comportamento social diretamente. No entanto, eles também podem agir em combinação uns com os outros para moldar tais comportamentos.

A genética do hospedeiro pode influenciar a composição da microbiota gastrointestinal do hospedeiro, influenciando assim a contribuição relativa das bactérias entéricas para o comportamento social. Além disso, fatores extrínsecos, como dieta, medicação psicotrópica e ambiente também podem afetar a composição da microbiota para indiretamente modificar o comportamento. Existem já estudos de modulação intestinal para melhoria de comportamentos típicos do autismo, da insociabilidade, em indivíduos com depressão e ansiedade. E seu intestino, está funcionando bem?

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/