Medicamentos para Alzheimer não tem obtido sucesso no tratamento e reversão da doença. Foram feitas mais de 400 pesquisas e mesmo drogas como memantina não obtiveram melhorias a longo prazo. Novas drogas como donanemab não conseguiram nem a estabilização da demência. Isto acontece porque o cérebro pode sofrer muitas injúrias geradas por mofo, por inflamação, por glicação, lipotoxicidade, por estresse oxidativo e todas precisam ser atacadas simultaneamente.
O protocolo Recode, desenvolvido pelo Dr. Dale Bredesen, parte do princípio de que o que é bom para o corpo é bom para o cérebro. Este protocolo foca em 7 pontos:
1. Nutrição: o Protocolo de Bredsen recomenda uma abordagem “Keto-FLEX 12/3” que consiste em uma dieta rica em plantas levemente cetogênica, altamente nutritiva combinada com jejum noturno de no mínimo 12 horas com pelo menos 3 horas antes de dormir. A dieta visa reduzir a inflamação, os níveis de insulina para restaurar ou apoiar a cognição saudável. Por exemplo, a pesquisa mostrou que o consumo de frutas mistas resulta na manutenção ou melhoria do desempenho cognitivo e desempenha um papel importante em ajudar as células a responder à inflamação. O chocolate também tem um efeito significativo na elevação do nosso humor, e os polifenóis e flavonóis da planta do cacau ajudam a proteger o cérebro e o sistema cardiovascular.
2. Exercício: o movimento é uma parte essencial do Protocolo de Bredesen para reverter o declínio cognitivo. Nossos corpos amam o movimento – e nossa longevidade depende disso! Encontre a atividade física que lhe dá maior felicidade e mantenha uma rotina. Recomenda-se pelo menos 150 minutos por semana de movimento moderado, dividido em 3-5 sessões de atividade. Saiba mais sobre os benefícios da atividade física para o cérebro aqui.
3. Sono: o protocolo recomenda entre 7 a 8 horas de sono restaurador de qualidade todas as noites — sem barulho, luzes ou Wi-Fi. Para apoiar o seu sono, é importante cortar estimulantes como a cafeína no início do dia; evitar alimentos doces e álcool, principalmente após o jantar; certifique-se de dormir em um quarto escuro e fresco, sem distrações; e invista em um bom colchão confortável, desconectando os eletrônicos pelo menos 2 horas antes de dormir.
4. Estresse: reduzir o estresse crônico, não resolvido ou grave, para diminuir os níveis de cortisol e adrenalina. Esses altos níveis de estresse afetam nosso sistema imunológico enviando sinais para responder com alarme, resultando em inflamação. Quando os níveis de cortisol são muito altos, muito baixos ou flutuam de maneira não saudável, você pode se sentir ansioso, nervoso, exausto, nebuloso e sem foco. Algo que você pode tentar hoje é aproveitar o poder da sua respiração para reduzir o estresse.
5. Estimulação cerebral: treine seu cérebro para permanecer mentalmente ativo com estímulos sociais e mentais. Aprender um novo idioma ou um instrumento musical, ou jogar um jogo interativo de estimulação cerebral ajuda a expandir as habilidades cognitivas e manter seu cérebro estimulado.
6. Desintoxicação: faça testes laboratoriais detalhados para examinar até que ponto seu corpo está armazenando toxinas que podem contribuir para o declínio cerebral. Certifique-se de que o ar que você respira, a água que você bebe, a casa em que mora, a comida que você come e os produtos de higiene pessoal, cosméticos e produtos de limpeza que você usa são tão livres de toxinas quanto possível.
7. Suplementos: análises laboratoriais detalhadas dos níveis nutricionais de vitaminas e minerais são importantes para entender como podemos otimizar a saúde. Marque uma consulta se precisar de ajuda.
Sinais de declínio cognitivo
No estágio inicial de declínio cognitivo e no Alzheimer leve, a pessoa é ainda independente, podendo dirigir, trabalhar ou realizar atividades sociais. Apesar disso, apresenta lapsos de memória, pode esquecer palavras ou o local habitual de determinado objeto. Amigos e familiares próximos notam as dificuldades. As dificuldades encontradas por esses pacientes incluem:
Dificuldade para lembrar de fatos recentes, de dar recados ou lembrar de compromissos.
Desafios na execução de tarefas em ambientes sociais ou de trabalho.
Esquecimento de um material que acabou de ler.
Perda ou extravio de objetos valiosos (frequentemente trocam os objetos de lugar).
Problemas com planejamento ou organização das finanças ou de outras atividades lógicas.
O estágio moderado da doença de Alzheimer é tipicamente o mais longo, podendo durar vários anos. À medida que a doença progride, a pessoa com Alzheimer exigirá um nível maior de cuidados. Durante esse estágio, os sinais e sintomas de demência são mais pronunciados. O paciente pode apresentar maior dificuldade em executar tarefas, como pagar contas, mas ainda pode se lembrar de detalhes significativos sobre sua vida. Nesse ponto, os sintomas serão perceptíveis para os outros e podem incluir:
Esquecimento de eventos ou sobre a sua história.
O paciente pode se sentir mal-humorado ou retraído, especialmente em situações desafiadoras, sociais ou mentais.
O paciente pode ficar incapaz de lembrar o próprio endereço, número de telefone ou o colégio em que se formou.
O paciente apresenta confusão sobre onde ele está ou que dia é hoje.
O paciente necessita de ajuda para escolher roupas adequadas para a estação ou ocasião.
Alguns indivíduos apresentam problemas para controlar a bexiga e o intestino.
O paciente sofre alterações nos padrões de sono, como dormir durante o dia e ficar inquieto à noite.
É aumentado o risco de caminhar sem rumo e se perder.
Há mudança de comportamento ou de personalidade, como comportamento compulsivo e repetitivo (por exemplo, torcer as mãos ou rasgar tecidos).
No estágio final ou grave da doença de Alzheimer, os indivíduos perdem a capacidade de responder ao seu ambiente, de manter uma conversa e, eventualmente, de controlar os movimentos. Podem falar palavras ou frases soltas, mas a comunicação é extremamente difícil ou impossível. À medida que a memória e as habilidades cognitivas continuam a piorar, mudanças significativas na personalidade podem ocorrer e os indivíduos precisam de ajuda extensiva nas atividades diárias. Nesse estágio, os pacientes:
Precisam de assistência 24 horas por dia, com atividades diárias e cuidados pessoais. Frequentemente usam fraldas e precisam de ajuda para o banho.
Podem perder a consciência de experiências recentes e de sua localização.
Podem experimentar mudanças nas habilidades físicas, incluindo a capacidade de andar, sentar e, eventualmente, engolir.
Têm dificuldade crescente de se comunicar.
Tornam-se vulneráveis à infecções, especialmente pneumonia.
Resultados do protocolo na performance cognitiva
Se você tem qualquer sintomas de declínio cognitivo deve começar a cuidar do cérebro hoje mesmo pois a melhoria depende do estágio da doença. Pacientes com maior redução de massa cerebral terão piores resultados. Mas, no declínio cognitivo inicial e Alzheimer leve são observadas muitas melhorias.
Estudo publicado em julho de 2022 mostrou que o protocolo Recode melhorou não só cognição, mas também aumentou o volume cerebral, avaliado por ressonância magnética. Comparação do resultado do Recode com o resultado de uso de medicamentos e pacientes sem tratamento algum (em vermelho):
Este pequeno estudo acompanhou 25 participantes, com idades entre 50 e 76 anos, todos com declínio cognitivo leve (pré-Alzheimer) ou demência em estágio inicial. Cada paciente foi avaliado quanto ao conjunto de fatores de risco potenciais para declínio cognitivo: inflamação, resistência à insulina, deficiências de hormônios e nutrientes, contaminação por patógenos específicos, intoxicações e alterações genéticas. De acordo com o resultado dos testes foram tratados com um conjunto de medidas personalizadas seguindo o protocolo Recode. Os testes cognitivos mostraram que 21 pacientes melhoraram (84%) no curso de 9 meses.
As taxas de atrofia hipocampal também foram melhoradas em 63%. Um estudo controlado aleatorizado maior está programado para começar ainda este ano em locais em Miami, Cleveland, Nashville, Sacramento e na área da baía de São Francisco.
A Dra. Ann Hathaway, uma das coautoras, comentou: “Com essa abordagem de medicina de precisão, testemunhei pacientes recuperarem a função cerebral perdida, voltar ao trabalho criativo, restabelecer amizades ou iniciar novas atividades. É muito gratificante compartilhar esse sucesso.”