Globalização alimentar: para o bem e para o mau

Vivo na Europa e em todos os lugares por onde ando encontro alimentos e frutas típicas do Brasil. Os alimentos que consumimos no mundo inteiro são muito parecidos. O cacau da América do Sul e Central é usado para fazer chocolate no mundo inteiro. No Brasil alimentos típicos como manga, banana, coco, figos e berinjelas são encontrados mesmo fora da estação, vindos de outros países.

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A globalização nos dá a oportunidade de conhecermos muitos alimentos mas também reduz a biodiversidade local. São dez os cultivos mais importantes do planeta (milho, trigo, arroz, batatas, mandioca, soja, batata-doce, sorgo, inhame e banana).

Justamente por influência dos mercados globais, são poucas as plantas que o ser humano consome atualmente. Com a homogeneização da dieta global (há mcdonalds por onde formos) a dieta torna-se mais pobre em fitonutrientes, importantes para a prevenção de vários tipos de câncer e de doenças neurodegenerativas. Mas a natureza tem muito mais a nos oferecer. Deixamos de valorizar muito do que é nosso. A floresta amazônica representa 80% da biodiversidade terrestre. Porém, apenas 1% foi estudada quanto à utilização na alimentação humana.

Nas cidades, a menor procura por alimentos mais diversos reduz o plantio e aumenta o risco de extinsão de várias espécies. Só que a biodiversidade não torna apenas o prato mais bonito e colorido. Ela é fundamental para a manutenção da saúde do ecossistema terrestre. O solo fica mais pobre, insetos fundamentais para polinização (como abelhas e borboletas) vão desaparecendo, as plantas enfraquecem e reduzem sua capacidade de resistir ao meio. Menos plantas também significa mais aquecimento global, mais queimadas, mais enchentes. O que era floresta vira pântano, o que era geleira vira lago. Essa reestruturação rápida demais está associada a catástrofes ambientais e urbanas.

Estes fatores juntos ameaçam a segurança alimentar (nossa capacidade de obtermos alimentos em quantidade e qualidade de forma barata). A indústria farmacêutica também sofre visto que muito vem da natureza. Mas podemos contribuir para salvarmos nosso planeta escolhendo alimentos mais locais, mais diversos, consumindo menos alimentos e outros produtos embalados. Não é balela, mudanças estão acontecendo o tempo todo ao nosso redor. Observe, escolha, consuma de forma consciente.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/