Efeitos da obesidade no cérebro

A obesidade, a microbiota e a dieta podem afetar a memória. Por exemplo, a superalimentação no período neonatal pode levar a danos no hipocampo (principal estrutura envolvida nas tarefas de memória), causando microgliose nessa área após apenas 14 dias de superalimentação, que pode persistir na idade adulta. Por isso, gestantes devem passar por acompanhamento nutricional.

Em adolescentes, foram descritos prejuízos de memória após 4 semanas de dieta hipercalórica e cheia de açúcar e gorduras saturadas. Estas dietas interferem na microbiota saudável, no gasto de energia e são mais propensas a causar neuroinflamação. Adultos acima do peso, com um IMC maior que 25 kg/m2 apresentam pior desempenho em testes de função executiva do que adultos com IMC normal (18,5–24,9 kg/m2).

Já quando a dieta possui calorias adequadas (nem sobrando, nem faltando), fontes de gorduras saudáveis, fibras e probióticos, a cognição melhora. Um coquetel de diferentes probióticos (Bifidobacterium bifidum W23, Bifidobacterium lactis W52, Lactobacillus acidophilus W37, Lactobacillus brevis W63, Lactobacillus casei W56, Lactobacillus salivarius W24 e L. lactis W19 e W58) melhora cognição e o humor, reduz a ansiedade e depressão.

Ansiedade e Depressão na Obesidade

A ansiedade e a depressão são os transtornos mentais mais prevalentes nas sociedades desenvolvidas. Podem surgir como consequência de experiências adversas e má adaptação ao estresse. Além disso, existem associações bidirecionais com obesidade e distúrbios metabólicos (resistência insulínica, diabetes tipo 2, doença cardiovascular).

O estresse crônico também pode aumentar o consumo de alimentos contendo açúcar e ingredientes gordurosos como um mecanismo compensatório (comfort food) para reduzir a ansiedade relacionada ao estresse, o que pode levar a excessos alimentares e obesidade a longo prazo

Estudos de pesquisas epidemiológicas e clínicas em humanos também apóiam associações bidirecionais entre obesidade, padrões alimentares e distúrbios relacionados ao humor. A obesidade aumenta a neuroinflamação e o risco de aparecimento de depressão em 55%. Por sua vez, a depressão aumenta o risco de aparecimento de obesidade em 58%.

Comportamento Social e Obesidade

A ocitocina, um hormônio hipotalâmico que é secretado diretamente no cérebro e entra na circulação periférica através da hipófise posterior, regula uma série de processos fisiológicos, incluindo comportamento alimentar e metabolismo. Em roedores e primatas não humanos, a administração crônica de ocitocina leva à redução sustentada do peso, reduzindo a ingestão de alimentos, aumentando o gasto de energia e induzindo a lipólise. A ocitocina pode melhorar a homeostase da glicose, independentemente de seus efeitos sobre o peso (Lawson, 2017).

Quanto mais ocitocina, menos compulsão alimentar. Para aumentar naturalmente ocitocina, abrace, faça massagem, beije, passe tempo com os amigos, diga às pessoas o quanto gosta delas, faça yoga, ouça música, medite, brinque com o cachorro.

A produção de ocitocina e controle da compulsão também depende de uma série de nutrientes como aminoácidos, B6, zinco e ômega-3 na alimentação.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/