A nutrição desempenha um papel crucial no tratamento de problemas de saúde mental, incluindo o transtorno bipolar (TB). Pesquisas sugerem que indivíduos com TB têm taxas mais altas de estilos de vida pouco saudáveis e correm risco de comorbidades médicas [1].
A psiquiatria nutricional é uma área emergente de pesquisa que tem potencial para ser uma ferramenta adjuvante para a prevenção e tratamento de vários transtornos neuropsiquiátricos, incluindo o transtorno bipolar [2]. No entanto, há necessidade de mais pesquisas de ensaios robustos e clinicamente relevantes para apoiar cuidados de saúde de alta qualidade com intervenções nutricionais eficazes em populações com problemas de saúde mental [3].
No contexto do transtorno bipolar, é importante considerar a natureza crônica da doença, a possível recaída, a tendência suicida, os gatilhos ambientais e a eficácia da intervenção precoce para reduzir as complicações.
Estudos demonstraram que as taxas de mortalidade são significativamente maiores em pacientes com TB, enfatizando a necessidade de intervenções que abordem fatores como cessação do tabagismo, nutrição e atividade física para melhorar os resultados. A psicoterapia é frequentemente usada como um complemento à farmacoterapia no tratamento do transtorno bipolar, destacando a importância de uma abordagem holística para o manejo da doença.
Nutrição e Transtorno Bipolar
Fatores dietéticos podem desempenhar um papel no desenvolvimento de depressão e ansiedade em indivíduos com TB [1]. Déficits nutricionais (ômega-3, vitaminas do complexo B, vitamina D, zinco, selênio), alta ingestão de açúcar e alimentos ultraprocessados, uso excessivo de álcool, baixo consumo de alimentos antiinflamatórios e antioxidantes, consumo inadequado de proteína, disbiose intestinal são todos os fatores com impacto significativo na saúde mental.
Dados de pesquisas recentes dão ênfase à hipótese de disfunção mitocondrial como um possível fator causal no transtorno bipolar. A disfunção mitocondrial frequentemente associa-se à inflamação, estresse oxidativo e resistência insulínica cerebral [4]. Se estas questões não foram abordadas o risco de neuroprogressão aumenta.
A neuroprogressão no transtorno bipolar é um conceito que descreve a hipótese de que o transtorno bipolar pode evoluir ao longo do tempo, com mudanças neurobiológicas e clínicas que levam a um agravamento progressivo da doença em alguns casos. Esse processo é particularmente relevante em pacientes que apresentam episódios recorrentes de mania, depressão ou episódios mistos, e que não recebem tratamento adequado ou têm dificuldades em controlar os sintomas.
Uma das formas de melhor a função mitocondrial e combater a resistência insulínica cerebral é a indução da cetose nutricional. A cetose é um estado metabólico natural experimentado em jejum, no qual a principal fonte de combustível metabólico para a produção de adenosina trifosfato (ATP) mitocondrial muda de glicose para corpos cetônicos derivados da quebra de ácidos graxos. A cetose induzida por uma dieta cetogênica resulta na alteração dos níveis de neurotransmissores, hormônios e peptídeos, aumenta a fosforilação oxidativa e a produção de ATP, os níveis de glutationa e reduz a produção de espécies reativas de oxigênio, além de apoiar a biogênese mitocondrial. O estado cetótico também é neuroprotetor sob condições de estresse oxidativo [5].
O que é a dieta cetogênica?
A dieta cetogênica (DC) é um regime alimentar rico em gordura, moderado em proteína e muito baixo em carboidratos. Imita o metabolismo do estado de jejum para induzir a produção de corpos cetônicos. A DC há muito tempo foi estabelecida como uma abordagem dietética notavelmente bem-sucedida para o tratamento de epilepsia intratável e tem atraído cada vez mais atenção da pesquisa rapidamente na última década, sujeita a evidências emergentes do potencial terapêutico promissor da DC para várias doenças, além da epilepsia, da obesidade às malignidades [6].
Biomarcadores combinados como alterações nos níves de lactato, óxido de trimetilamina, N-acetil glicoproteína e alfa-glucose são indicadores de alterações metabólicas e estão associados a maior risco de recorrência de sintomas depressivos no TB [7]. Esta desregulação bioenergética precisa ser corrigida e a dieta cetogênica parece ser uma das formas de acelerar o processo.
A regra de ouro com da dieta cetogênica é manter o consumo de carboidrato baixo e a ingestão de gordura alta. O objetivo final é alcançar a cetose nutricional.
Alimentos da dieta
Peixe e frutos do mar: ótima fonte de vitaminas, minerais e ácidos graxos ômega-3. A maioria dos frutos do mar, especialmente peixes gordurosos como o salmão, é praticamente isenta de carboidratos, portanto, adequada para a dieta cetogênica. É melhor limitar-se a peixes menores, como sardinha, cavala e arenque, camarões, carangueijo se você tiver preocupações com mercúrio ou outras toxinas.
Vegetais com baixo teor de carboidratos: ricos em nutrientes, como vitamina C, vários minerais e fitoquímicos. Aspargos, alface, couve, azeitonas, abacate, brócolis, tomate, espinafre, pimentão, repolho, vagem, abobrinha, berinjela, pepino e couve-flor são excelentes vegetais com baixo teor de carboidratos.
Leite e queijo: fonte de proteína, cálcio, ácido linoleico conjugado (CLA). Os queijos com menos carboidratos são cheddar, parmesão, gruyère, provolone, mascarpone, brie, camenbert, gorgonzola.
Carnes e aves: dois itens básicos na dieta cetogênica, ajudando a compor as calorias da dieta, dar saciedade, sem aumentar os carboidratos. A dieta cetogênica não é liberada em carnes pois proteínas em excesso também podem tirar o paciente da cetose. O ideal é trabalhar com um nutricionista para calcular seu cardápio e acompanhar seus níveis de corpos cetônicos.
Ovos: uma unidade grande contém menos de 1 grama de carboidratos e cerca de 6 gramas de proteína, tornando o alimento ideal para um estilo de vida cetogênico. Ao comer ovos, é importante comer o ovo completo, pois a maioria dos nutrientes, incluindo antioxidantes, são encontrados na gema.
Óleo de côco: fonte de ácido láurico, que demonstrou promover um nível sustentado de cetose.
Nozes e sementes: saudáveis para o coração e ricos em fibras, o que ajuda você a se sentir satisfeito e a manter a ingestão de calorias sob controle. Em geral a ingestão diária fica entre 30 e 50g.
Bagas (berries): ricas em antioxidantes e com baixo teor de carboidrato: Exemplos: framboesas, amoras, mirtilos, açaí puro e morangos.
Água. café e chá: liberados, desde que não sejam adoçados.
Caldo de ossos: rico em colágeno e outros nutrientes. Pode ser feito em caso. No caso de pacientes com baixo peso, o caldo pode ser misturado com óleo de coco, manteiga, manteiga ghee ou natas ou creme de leite.
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