BACTÉRIAS INTESTINAIS FAZEM MÁGICA

As bactérias intestinais produzem grandes quantidades de nutrientes fermentados que beneficiam o organismo humano. Um dos milagres proporcionados pela microbiota é a transformação de fibras prebióticas em gorduras. Isso mesmo. As bactérias utilizam as fibras que chegam ao intestino após o consumo de frutas e verduras e as transformam em ácidos graxos de cadeia curta (AGCC). Os AGCC produzidos (butirato, propionato e acetato), possuem importantes efeitos locais, sistêmicos e cerebrais.

Benefícios dos ácidos graxos de cadeia curta produzidos no intestino

  • melhoram o metabolismo energético (Hu et al., 2018),

  • reduzem a adiposidade (Kim et al., 2019),

  • diminuem o risco de alergias e tem ação antitumorigênica e antimicrobiana (Trompette et al., 2012; Tan et al., 2014),

  • reduzem inflamação (Feng et al., 2018),

  • estimulam a proteção de muco no intestino, pelo estímulo da expressão de mucina (Willemsen et al., 2003),

  • promovem a expressão de triptofano hidroxilase 1 (TH1). nas células enterocromafins (Reigstad et al., 2015),

  • o butirato e os produtos de degradação do triptofano pela microbiota (indoles) modulam a atividade inflamatória local, sistêmica e no sistema nervoso central através de interação com receptores FFA, AHR e HCAR2 (Bourassa et al., 2017).

  • o proprionato é um sinalizador imune, contribuindo para o combate à infecções como pela bactéria Listeria monocytogenes (Hobbs et al., 2021).

Mais sobre o butirato

É fonte de energia preferida para os colonócito (células do intestino grosso), afetando a proliferação, diferenciação e apoptose, e é frequentemente considerado um sensor de saúde intestinal (Venegas et al., 2019). Aumenta a expressão das tight junctions (junções estreitas) tanto na barreira intestinal quanto na barreira hematoencefálica, fortalecendo suas defesas (Pérez-Reytor et al., 2021; Silva et al., 2020)

É o principal ácido graxo regulador das proporções e das capacidades funcionais de células T reguladoras do cólon. Exerce um papel fundamental na indução da tolerância imunológica, pois é capaz de regular determinadas células do sistema imunológico, reduzindo produção de citocinas. Também está associado à diferenciação de células B e aumento na produção de IgA e IgG. A deficiência de butirato já foi observada em crianças alérgicas (Hee, &b Wells, 2021).

O tratamento de bebês com alergia ao leite de vaca utilizando uma fórmula de caseína contendo Lactobacillus rhamnosus GG (LGG) resultou no enriquecimento de cepas específicas de bactérias que são associadas à produção de butirato, reduzindo os sintomas.

As bactérias Faecalibacterium prausnitzii, Eubacterium rectale e Roseburia são produtoras eficientes de butirato – e é possível detectar a presença delas, bem como suas proporções, a partir de exames genéticos.

Mais sobre o acetato

O acetato é produzido principalmente pelas bactérias do Filo Bacteroidetes. No entanto, espécies como Bifidobacterium, pertencentes ao Filo Actinobacteria, e Akkermansia muciniphila, do Filo Verrucomicrobia, também produzem acetato durante a fermentação de carboidratos.

Pode atuar ligando-se aos receptores acoplados à proteína G (GPR), que são expressos no cólon, afetando beneficamente a energia do hospedeiro e o metabolismo, por meio da secreção de hormônios intestinais, como o peptídeo-1 semelhante ao glucagon e o peptídeo YY. Também podem ligar-se à receptores no intestino delgado, em particular, no íleo.

Contribui, ainda, para a redução da resistência à insulina através de vários efeitos nos tecidos periféricos que melhoram coletivamente o controle do peso corporal e a sensibilidade à insulina. De modo geral, os AGCCs regulam a expressão de genes, exercem efeitos anti-inflamatórios, e são fundamentais para a homeostase intestinal. Também já foram associados na regulação de doenças neuroimunes e funções neuroendócrinas (Hernandéz et al., 2019).

Para estes benefícios você precisa consumir fibras

As bactérias intestinais produzem ácidos graxos de cadeia curta a partir das fibras vindas dos alimentos. Existem muitos tipos de fibras e, portanto, é importante que a dieta seja variada.

Os carboidratos não digeríveis (fibras) são substratos de fermentação no cólon após escapar da digestão no trato gastrointestinal superior. Entre as fibras, o amido resistente não é hidrolisado pelas amilases pancreáticas (enzimas que digerem amido), mas pode ser degradado por outras enzimas produzidas por bactérias do intestino grosso, incluindo clostridia, bacteroides e bifidobacteria.

Polissacarídeos sem amido, como pectina, goma guar, alginato, arabinoxilano e frutanos de inulina e oligossacarídeos não digeríveis e seus derivados também podem ser fermentados por bactérias benéficas no intestino grosso. O butirato é um dos metabólitos mais importantes produzidos através da fermentação microbiana gastrointestinal e funciona como uma importante fonte de energia para os colonócitos, afetando diretamente o crescimento e a diferenciação das células intestinais, além dos outros vários efeitos fisiológicos citados acima.

Distribuição das bactérias produtoras de ácidos graxos de cadeia curta no trato digestivo (Fu et al., 2018)

Suplementos contendo fibras

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/