A crononutrição é a ciência que investiga as correlações entre as refeições, o metabolismo, a fisiologia e os ritmos circadianos endógenos. Recomenda refeições em harmonia com os ritmos biológicos, um dos principais processos envolvidos na saúde. Quando os ritmos normais alteram-se, podem aparecer doenças e síndromes associadas ao processo de envelhecimento.
Os ritmos biológicos originam-se no núcleo hipotalâmico supraquiasmático, localizado no hipotálamo anterior, e que são controlados por sinais endógenos, mas podem ser comandados por sinais externos chamados zeitgebers, como luz, exercícios e horários das refeições. Zeitgebers é uma palavara que vem do alemâo e que significa cronômetro. Na biologia é usada para descrever um fenômeno natural que ocorre ritmicamente e que atua como uma pista na regulação dos ritmos circadianos do corpo, como a temperatura do ambiente, a luminosidade, as estações do ano, o ciclo claro escuro presente nas 24 horas do dia.
O pior resultado da desregulação dos ritmos circadianos fisiológicos é a disrupção cronológica. Algumas causas desse fenômeno são o trabalho noturno e o jet lag, incluindo o jet lag social, por exemplo, a discrepância no padrão de sono de uma pessoa entre o dia da semana e o fim de semana. Esta desregulação tem sido associada a um risco aumentado de síndrome metabólica, obesidade e doenças cardiovasculares, condições patológicas associadas ao envelhecimento (Galimberti, & Mazzola, 2021).
Genética e crononutrição
Genes que regulam o ciclo circadiano interferem na produção de vários hormônios relacionados à obesidade, como cortisol, leptina e adiponectina. Assim, alterações do padrão normal de sono (cronodisrupção) aumenta o risco de distúrbios hormonais, obesidade, desordens psicológicas e do sono e até de certos tipos de câncer.
A cronodisrupção pode ser causada por situações externas (festas, plantões noturnos, assistir TV ou ficar na internet até tarde, jet lag) e por fatores internos como polimorfismos (variações) dos genes CLOCK, PER1, PER2, CRY1, AMPK, SIRT1, PGC1 e BMAL1. Estes genes codificam proteínas com papeis importantes para a saúde humana (Froy, & Garaulet, 2018).
Nutrição para um envelhecimento bem sucedido
A partir de exames nutrigenéticos podemos conhecer nossa individualidade. Por exemplo, pessoas com polimorfismos do gene CLOCK rs1801260 (CC) apresentam mais dificuldade para perda de peso. Para reduzir o risco de obesidade precisam adotar dieta padrão mediterrâneo e tentar dormir pelo menos 8 horas por noite. Aqueles portadores de polimorfismos do gene CLOCK (rs379474, rs4580704, rs1801260) possuem menor gasto energético. Por isso, precisam realizar atividade física, ganhar massa magra, reduzir a ingestão de gordura, especialmente a saturada.
Muita gente faz jejum mas dependendo do polimorfismo o ideal seria não pular o café da manhã. Assim, o ideal seria não ficar em jejum por mais de 12 a 16 horas. O uso regular de compostos funcionais é importante para a promoção da saúde no envelhecimento. O modelo de dieta ideal para isso é aquele inspirado nas escolhas alimentares típicas do modelo mediterrâneo com influências orientais e adota uma ingestão calórica adequada, um consumo proteico de cerca de 0,95-1 g / kg de peso corporal. Lembre também que os olhos captam luz. DHA, astaxantina, luteína são compostos importantes para saúde da retina e para a regulação dos ritmos biológicos.