A vitamina K existe naturalmente na natureza em duas formas: filoquinona (vitamina K1) e menaquinona (vitamina K2). Há ainda um composto sintético chamado menadiona (vitamina K3). A filoquinona está presente principalmente em alimentos de origem vegetal enquanto a vitamina K2 está presente mais frequentemente em alimentos de origem animal e é mais biodisponível.
Um dos papeis da vitamina K está relacionado com a coagulação sanguínea. Tanto carências quanto quantidades exageradas de vitamina K são prejudiciais e neste vídeo discuto as formas de avaliação e suplementação.
Vimos que a vitamina K (VK) atua como cofator na ativação de fatores de coagulação (proteínas como a proteína S, proteína C, protrombina etc.). No processo, a vitamina K hidroquinona (forma ativa) é oxidada e convertida em vitamina K epóxido após ativar fatores de coagulação. O corpo recicla a vitamina K epóxido de volta para a forma ativa por meio de uma enzima. A varfarina (lado esquerdo da imagem abaixo) bloqueia essa reciclagem, inibindo a produção dos fatores de coagulação — por isso é usada como anticoagulante.
Este estudo mostrou que pacientes com níveis adequados de vitamina K possuem menor risco de mortalidade por câncer, doenças cardiovasculares. Isto porque a vitamina K também tem uma função antioxidante, como mostrado na imagem acima.
O lado direito da imagem mostra a função anti-ferroptose da vitamina K. Ferroptose é um tipo específico de morte celular programada, dependente de ferro e associada à oxidação de lipídios (radicais lipídicos danificam a membrana celular).
A vitamina K (VK) também atua como antioxidante que neutraliza radicais lipídicos. A enzima FSP1 (ferroptosis suppressor protein 1) converte a vitamina K em sua forma ativa (vitamina K hidroquinona) para que ela possa trapar os radicais livres lipídicos, protegendo a célula da destruição.
Ou seja, a vitamina K também previne a morte celular por ferroptose, funcionando como antioxidante lipídico natural, independente do seu papel na coagulação.
Suplementação de vitamina K
Em suplementos, a vitamina K2 é mais biodisponível. O termo biodisponibilidade refere-se à proporção de um nutriente consumido que é absorvida, ficando disponível para a utilização pelo organismo. Existem vários tipos desta vitamina, sendo uma das mais estudadas a MK7, a aparentemente mais biodisponível.
A suplementação de 180mcg de K2-MK7 reduz a espessura das carótidas em mulheres na pós menopausa (Knapen et al., 2015). Para prevenção são usadas doses de 80 a 120 mcg. Já pacientes diabeticas podem precisar de doses maiores para benefício cardiovascular (cerca de 360mcg).
A K2-MK7 está também naturalmente disponível no natto, produto fermentado comum na dieta japonesa. Este é um destes motivos para os orientais possuírem uma menor mortalidade cardiovascular. Na dieta ocidental, os queijos curados possuem quantidades boas de vitamina K2. Contudo, tudo precisa ser equilibrado. Quem come muito queijo (e, portanto, mais cálcio, precisa suplementar magnésio para contrabalancear).
A vitamina K2 também aumenta a atividade de cascapase 3 aumentando a apoptose (morte) de células cancerígenas (Tsujioka et al., 2006). Outra forma biodisponível é a K2-MK7. Porém, a dose precisa ser um pouco maior no suplemento (cerca de 600 mcg/dia) para o mesmo efeito.
Outra forma de avaliar se a quantidade de vitamina K está boa na corrente sanguínea (além das outras 3 citadas no vídeo acima) é a concentração plasmática de plaquetas (valor ideal de 150.000 a 450.000/mm3).