Somos 7,8 bilhões de pessoas no mundo. Mas dentro de nós vivem 3,8 trilhões de bactérias - só para dar uma ideia de proporção. Estas bactérias possuem importantes funções de defesa e localizam-se em maior proporção no intestino grosso (95%). Representam aproximadamente 0,3% do peso corporal de uma pessoa e influenciam a saúde como um todo.
A obesidade, por exemplo, têm sido associados a alterações no microbioma intestinal. Comparados com indivíduos magros, aqueles com obesidade apresentaram diferenças em seu microbioma intestinal nos níveis composicional (diversidade alfa reduzida) e funcional. No nível funcional, indivíduos com obesidade apresentam capacidade diminuída de conjugação da superóxido redutase (um importante antioxidante) em comparação com pessoas não obesas (Thingholm et al., 2019).
Os mecanismos pelos quais os micróbios intestinais e seus metabólitos interagem no contexto de distúrbios metabólicos não estão totalmente elucidados. Mas uma revisão científica realizada por pesquisadores da Bélgica mostra a importância de alterarmos nossas escolhas alimentares para influenciar positivamente a composição e os metabólitos produzidos pela microbiota. O motivo é que vários destes metabólitos inflamam o intestino - um gatilho para várias doenças e para o ganho de peso. A saúde intestinal também influencia a produção de hormônios, peptídeos e neurotransmissores, que impactam no sistema nervoso central, no apetite, ingestão de alimentos, metabolismo de glicose e gorduras (Rastelli, Knauf, & Cani, 2018).
Nossos genes contribuem com 41% de nossa variação de peso. A obesidade é uma doença multifatorial. Outros fatores incluem estilo de vida, doenças e, claro, a composição da microbiota. A capacidade de modificar a composição do microbioma intestinal em direção a um ambiente metabólico mais favorável por meio de modulação alimentar torna-o um alvo atraente para regular positivamente as alterações no peso. Por exemplo, mulheres que ingerem grandes quantidades de fibra dietética são menos propensas a ganhar peso do que aquelas que ingerem pouca fibra, mesmo que consumissem aproximadamente a mesma quantidade de calorias. As fibras alimentam as bactérias probióticas e este aumento leva à maior produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), os quais são menos associados a alterações desfavoráveis no peso corporal (Vijay & Valdes, 2019)
Sem AGCC o intestino fica mais vazado (como na foto à direita a seguir). Podem aparecer sintomas como prisão de ventre e/ou diarreia, desregulação da comunicação intestino-cérebro, com aumento de ansiedade e episódios compulsivos de alimentação.
A desregulação da microbiota (disbiose intestinal) também pode desencadear uma endotoxemia metabólica, contribuindo para doenças como a tireoidite de Hashimoto, que desacelera o metabolismo e contribui para mais ganho de peso e falta de energia.
Para um intestino saudável precisamos tratar esta desregulação e explico tudinho neste curso online para você aprender a cuidar bem do seu intestino. O tratamento da disbiose reduz os níveis circulantes de endotoxinas, melhora a sensibilidade à insulina e o perfil glicêmico, contribui para atenuação dos níveis de colesterol e triglicerídeos e controle do peso corporal (Sabico et al., 2019).