Comer frutas e verduras faz bem à saúde. Comer pizza ou um salgado frito com refrigerante de vez em quando não mata, mas viver disso pode mesmo afetar negativamente a saúde, aumentar o risco de doenças e nos impedir de atingirmos nossos objetivos. Durante a pandemia de COVID-19 muita gente está comendo mais, por estresse, medo ou tédio. Isso é normal. Falei sobre isso neste vídeo.
Tem gente que não come o estresse mas rói as unhas, compra coisas que não precisa, se individa, fuma, faz fofoca, desconta a raiva nos outros… Só que mudar não é fácil pois maus hábitos também podem nos trazem benefícios. Por exemplo, comemos doces ou compramos sapatos e há uma redução momentânea do estresse. Alimentos ricos em açúcares são conhecidos por dispararem a produção de dopamina no cérebro. Este neurotransmissor relaxa e, por isso, largar os doces pode ser uma tarefa complicada para algumas pessoas.
Então, para eliminar hábitos compensatórios precisamos entender o que está acontecendo em nossa mente, investigar as causas dos sentimentos e tentar lidar com eles de forma alternativa. Se precisamos liberar o estresse temos que substituir nossa forma de regulação das emoções por outra. Posso substituir o roer de unhas por tocar violão, posso substituir o chocolate por uma corrida, o cigarro por um chiclete e assim por diante. A chave é a escolha de um substituto viável para aquilo que desejamos mudar.
Por exemplo, se sempre como besteiras quando assisto à TV, posso substituir o alimento pelo hábito de fazer crochê ou tricô. Ou posso colocar um tapete no chão e me alongar enquanto assisto ao filme.
Se a vontade de comer surgir farei o quê? Sairei para caminhar? Comerei? Comer também é uma possibilidade. Mas como vou comer? A caixa toda de biscoito enquanto respondo ao email? Há outra forma? Posso fazer um chá, colocar três biscoitos no prato, sentar à mesa e saborear o alimento que desejo de forma consciente?
Como ficar longe dos gatilhos (aqueles fatores que geram os comportamentos que quero mudar)? Ter doces em casa faz com que eu tenha ataques compulsivos? Posso então não ter estes alimentos em casa, saboreando-os apenas em dias especiais? Posso fazer doces com menos açúcar em casa? Testar novas receitas?
Posso pedir apoio para um amigo ou familiar entusiasta? Podemos caminhar juntos, fazer uma videoconferência motivacional algumas vezes por semana, arranjar jeitos divertidos de celebrar vitórias?
Cerque-se de pessoas que vivam do jeito que você quer viver. Você quer começar a exercitar-se? Que tal juntar-se a um grupo online de atividade física? Nesta época muitos profissionais da área de educação física e yoga estão fazendo desafios no Instagram e YouTube. Você também pode contratar um professor que dê aulas a distância.
Visualize e planeje. Imagine-se alimentando-se de forma saudável, atingindo seus objetivos. Depois, pegue uma folha de papel e anote os alimentos que comprará na próxima vez que for ao supermercado.
Aceite-se. Você não precisa ser outra pessoa, não precisa ter o corpo de outra pessoa, não precisa comparar-se a ninguém. Mas pode ser saudável, tem o direito a sentir-se bem, cheio de vitalidade. Lembre de uma época da vida em que sentia-se muito bem física e psicologicamente. Lembre o que estava acontecendo na sua vida e tente pegar esses ensinamentos e colocar em prática. Você sabe o que precisa fazer. Não sabote-se. Mude a forma de falar com você:
Ao invés de "Estou gorda e fora de forma”, use “começo agora um estilo saudável para sentir-me bem em meu corpo”.
Ao invés de "Faço tudo errado, ninguém me respeita” use “estou trabalhando para desenvolver as habilidades que necessito."
Ao invés de "Eu sou um fracasso”, use “todo mundo falha às vezes."
Ao invés de “Nunca vou conseguir mudar”, use “as pessoas não são estáticas, nunca devemos perder a energia e a esperança”.
“Não vou ser feliz enquanto não emagrecer”, use “sou uma pessoa cheia de dons, habilidades e minha régua do sucesso inclui itens não ligados à minha forma como… (complete como desejar. Pode incluir saúde, amizades, liberdade, prazer etc).
Bola pra frente. Tem dias em que não estamos a fim de nada. Faltamos o treino, comemos alimentos que não fazem nosso corpo sentir-se em seu melhor. Isso não faz de ninguém um fracasso ou uma pessoa ruim. Só nos faz humanos. Mas… se este estilo de vida não for o que você deseja, então na próxima refeição escolha um alimento diferente, que faça-o sentir saudável. Escolha movimentar-se ao invés de passar mil horas sentado. Você pode simplesmente fazer 10 agachamentos ou 10 abdominais no intervalo entre esta tarefa e a próxima.
Não gaste seu tempo remoendo o passado. Remoendo situações desconfortáveis produzimos hormônios do estresse, que aumentam a compulsão alimentar. O passado é nossa fonte de aprendizado mas pensar e repensar em algo que aconteceu não muda o passado. Aprenda a fincar o pé no presente. Aprenda a meditar.
Quebrar hábitos exige perseverança. A maioria das pessoas que param de fumar, tentaram várias vezes antes. Ou seja, o sucesso nem sempre acontece quando queremos. Mas pequenos passos geram grandes efeitos. Se você guardar um pouquinho de dinheiro hoje, estará mais rico a manhã. Se você se exercitar um pouquinho hoje estará em melhor forma amanhã. Se você ler um pouquinho hoje estará mais sábio amanhã. Devagar vamos longe.
Comemore seu progresso. Você nunca se exercitava e agora caminha duas vezes por semana? Comemore. Você nunca comia frutas e agora come uma ao dia? Comemore. Você pode comemorar dando-se tempo para fazer o que mais gosta, como ouvir música, ficar na rede lendo um livro, jogar um jogo de tabuleiro, dançar, assistir a um filme, cuidar das plantas, tirar uma folga, decorar a casa, arrumar o álbum de fotos, escrever, ler, assistir a vídeos no youtube, fazer um curso online, brincar com as crianças, namorar etc.
Todos queremos melhorar em alguma área da vida. Começar é a parte mais difícil. Tenha uma meta clara e que possa ser administrável. Se você não corre há 5 anos, dizer que irá correr uma maratona no final do ano pode não ser realista. Pode até ser desmotivadora se você tentar e perceber que não consegue correr nem 300 metros. Sua meta pode ser pequena, como treinarei duas vezes por semana (segunda e quarta), por 20 minutos (às 8h) no parque ao lado de casa. Anote no calendário seu progresso e vá reajustando sua meta. Pode ser que no mês que vem você decida aumentar para 3 dias, meia hora por semana e assim por diante. Marcar seu progresso em um calendário, pregado à parede (eu deixo o meu pregado na geladeira), pode ser muito motivador. Experimente uma (ou várias) destas estratégias e veja a diferença em sua saúde e bem-estar.
Desejo sucesso.