A vitamina C (ácido L-ascórbico ou ascorbato) é um composto sintetizado nas folhas das plantas e também por anfíbios, répteis e mamíferos como as cabras. Primatas e seres humanos não conseguem realizar a síntese da vitamina C pela falta da enzima gulonolactona oxidase. Desta forma, a vitamina C deve obrigatoriamente consumida por meio de uma dieta variada, rica em frutas e verduras.
A vitamina C foi primeiramente identificada em 1920, por Albert von Szent Györgyi, que reconheceu que a vitamina podia curar o escorbuto. Além disso, desempenha uma série de outras funções no organismo. Todas elas são atribuídas à capacidade do ácido ascórbico doar elétrons. Com isso torna-se um radical livre (ascorbato) que é, entretanto, bastante estável e não reativo.
Depois da formação o radical ascorbato pode receber novamente um elétron restaurando a vitamina C em sua forma antioxidante, pode participar de outras reações ou pode ser eliminado pela urina. O ascorbato é cofator de muitas enzimas, sendo importante, por exemplo, para a formação de colágeno, de neurotransmissores (dopamina, noradrenalina), além de conferir estabilidade a hormônios (ACTH, ADH, ocitocina, colecistocinina).
Também melhora a absorção de ferro de alimentos de origem vegetal (como couve, brócolis e espinafre) pela redução de ferro férrico (Fe+3) em ferro ferroso (Fe+2) no intestino. A vitamina C possui ainda potencial anti-histamínico, reduzindo sintomas alérgicos. Por fim, inibe a formação de nitrosaminas, composto cancerígeno que pode ser formado no trato gastrointestinal após o consumo de alimentos como carnes processadas.
A necessidade de vitamina C varia com a idade, sexo, condição fisiológica ou presença de doença. A característica clínica da deficiência grave e prolongada denomina-se escorbuto, doença fatal quando não tratada. As pessoas em maior risco são aquelas com dietas isentas de frutas e verduras, fumantes, pessoas que praticam atividade física extenuante, indivíduos com sobrecarga adrenal ou alterações na produção de cortisol.
A recomendação para adultos varia entre 75 e 90 mg ao dia. Esta é a quantidade justamente para a prevenção do escorbuto, cujos sintomas incluem cicatrização prejudicada de feridas, gengivite, hemorragias, equimoses, petéquias, cansaço. Contudo, outros pesquisadores defendem que a quantidade para a prevenção do escorbuto não seria a ideal, visto que a vitamina C possui uma série de outras funções no organismo.
Mas quanto então seria o ideal para pessoas saudáveis? Quando ingerimos 15 mg de vitamina C (quantidade equivalente a 1/4 de uma laranja) o corpo absorve praticamente 100% dela de uma só vez. Já quando uma pessoa toma um suplemento com uma mega dose (como 1.000 ou 2.000 mg) a absorção cai para menos de 50% do total. É como se o corpo percebesse que aquela dosagem foi exagerada e reprimisse a absorção intestinal para que não seja gerada toxicidade. Esta queda na absorção começa a cair por volta de 200 mg ao dia. Acima deste nível, o corpo tenta bloquear a absorção.
Se o corpo evoluiu para absorver até 200 mg ao dia e se a quantidade no sangue é de cerca de 70 ou 80 micromoles por litro (quantidade alcançada justamente quando há ingestão de 200 mg de vitamina C ao dia), parece que esta seria a quantidade mais adequada para humanos. Por exemplo, o risco de derrames cerebrais é menor quando a ingestão está por volta de 200 mg ao dia.
Assim, não há necessidade de suplementos com quantidades enormes. A recomendação de ingestão de 5 porções de frutas e verduras ao dia é suficiente para o alcance deste nível de ingestão de vitamina C. Pessoas que não alcançam tais recomendações podem beneficiar-se de suplementos multivitamínicos e minerais, a longo prazo. É importante ressaltar que suplementos não substituem a alimentação saudável visto que esta fornece também fibras, fitoquímicos e outras substâncias protetoras não disponíveis nas cápsulas.
Infelizmente, não existem estudos suficientes para fazer recomendações acerca da suplementação de vitamina C em pacientes críticos. Desta forma, pacientes graves em uso de nutrição enteral e/ou parenteral em geral recebem as doses padrão de vitamina C e outros antioxidantes. Outras dosagens devem ser analisadas individualmente por equipe multidisciplinar.
Tomar cápsulas com 500, 1.000, 1.500 mg de vitamina C é jogar dinheiro fora. Seu intestino não tem a capacidade de absorver mais que 300 a 350mg por dose, pois nossos receptores intestinais são saturáveis.
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