Hipóteses e tratamentos para as doenças autoimunes

Se você tem uma doença auto-imune, em algum lugar ao longo do caminho seu sistema imunológico ficou doidão e começou a atacar seus próprios tecidos. Em alguns casos, é a sua tireóide que está sendo atacada; em outros, são seus intestinos, sua pele, seu cérebro, seu pâncreas ou outro órgão. Mas não importa que parte do seu corpo esteja sob ataque, o culpado é o seu sistema imunológico (Myers, 2016).

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Existem pelo menos 80 tipos de doenças autoimunes. Algumas são de fácil identificação como o diabetes tipo 1. Porém, outras podem levar anos a serem identificadas - como a esclerose múltipla, que afeta o cérebro e a medula.

O tratamento de qualquer doença autoimune é multiprofissional. Quando tratamos o hipotireoidismo ou a síndrome de Hashimoto apenas com remédios, o diabetes apenas com hormônios perde a oportunidade de curar o sistema imune. Sob o ponto de vista da nutrição funcional a prevenção, tratamento ou reversão das doenças autoimunes requerem o controle do sistema imunológico.

Você deve ir a um endocrinologista se tem diabetes ou problemas na tireóide; a um reumatologista se foi diagnosticado com artrite; a um gastroenterologista quando problemas intestinais (como colite, Crohn ou doença celíaca) aparecem; a um dermatologista se tem psoríase. Estes profissionais gerenciarão os sintomas com a prescrição de medicamentos. Alguns deles visam justamente suprimir o sistema imune. Contudo, estes profissionais olharão para órgãos específicos. Por isso, o tratamento precisa incluir também atividade física, yoga para controle do estresse e a modificação dietética como um todo. A nutrição funcional vê o corpo como um todo e trabalha com o princípio de que a saúde de um sistema afeta a saúde e a função dos outros (Souza et al., 2016).

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Por isso, ao invés de nos concentrarmos no gerenciamento dos sintomas da doença, nos concentramos em apoiar e fortalecer o sistema imunológico, chegando à raiz do motivo pelo qual o sistema imunológico entrou em desonestidade em primeiro lugar. Embora não exista uma cura conhecida para a doença autoimune, existem cinco elementos-chave que parecem estar na raiz de todas as condições autoimunes:

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1. Disbiose intestinal

O intestino abriga 80% do seu sistema imunológico. Impossível ter um corpo saudável sem um intestino saudável. A disbiose intestinal constitui um desequilíbrio da microbiota (microorganismos presentes no intestino). A disbiose contribui para a hiperpermeabilidade; ou seja, para a passagem de nutrientes mal digeridos ou toxinas para a corrente sanguínea ou vasos linfáticos. Tais compostos ao caírem na circulação ativam o sistema imune e aumentam a inflamação. O contínuo estímulo do sistema imune acarreta em desvios que geram ataques às próprias células e tecidos. No curso online sobre o tratamento da disbiose intestinal qualquer pessoa pode aprender a tratar o intestino: http://andreiatorres.com/curso/disbiose

2. Consumo de alimentos inflamatórios

A tolerância aos alimentos é algo bastante individual. Algumas pessoas toleram bem o leite mas não o glúten. Outras são o contrário. Existem as pessoas que toleram leite e glúten mas não toleram castanhas e assim sucessivamente. O glúten, por exemplo, pode contribuir para a doença autoimune de três formas: (1) é a principal causa de hiperpermeabilidade intestinal pois desencadeia a liberação de zonulina, substância que separa as células do intestino; (2) é inflamatório para muitas pessoas, ativando o sistema imune; (3) tem uma estrutura química semelhante a alguns tecidos do seu corpo (especificamente a sua tireóide), o que pode levar a mimetismo molecular. Isso quer dizer que o corpo pode confundir o que é glúten e o que é célula da tireóide, atacando os dois. Já acompanhei centenas de pacientes em dietas de eliminação e/ou rotação até que pudessem descobrir as melhores combinações de alimentos para o ótimo bem-estar.

3. Toxinas

Antibióticos, pesticidas (agrotóxicos), metais pesados, micotoxinas (produzidas por fungos) podem também gerar estragos no sistema imune contribuindo para várias doenças de difícil tratamento. Remover amálgamas dentárias com metais pesados e dar preferência a alimentos orgânicos são estratégias importantes para a prevenção e controle das doenças autoimunes.

4. Infecções por bactérias ou vírus

Epstein Barr (o vírus que causa mononucleose), Herpes Simplex 1 e 2, Escherichia. coli, também Faça seus exames de saúde com a regularidade necessária e trate infecções com a maior brevidade possível.

5. Estresse

Estudo com mais de 100.000 pessoas diagnosticadas com desordens relacionadas ao estresse mostrou que estes indivíduos estavam mais susceptíveis ao desenvolvimento de múltiplas doenças autoimunes, mesmo em idades precoces (Song et al., 2018).

Cuide-se adotando algumas estratégias para aliviar o estresse, como exercícios, meditação e arte. Se você está tendo problemas para relaxar, tente uma aula de yoga ou uma meditação guiada. Em meu site encontrará mais textos e cursos sobre o tema:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/