O que é risco nutricional?

Estar com o peso considerado adequado para a altura nem sempre é suficiente para se classificar uma pessoa como tendo um bom estado nutricional. Por exemplo, a pessoa pode estar com o peso adequado porém ter baixos estoques de ferro, o que acarreta em anemia ferropriva, fraqueza, diminuição da libido, sonolência, dor de cabeça ou enxaqueca, incapacidade de fixar a atenção ou aprender, além de prejuízos no crescimento e desenvolvimento. Várias outras vitaminas e minerais podem estar diminuídos quando o indivíduo não se alimenta corretamente trazendo prejuízos nutricionais ao organismo.

Receba a newsletter semanal. Dra. Andreia Torres é nutricionista, mestre em nutrição, doutora em psicologia clínica, especialista em yoga.

Em hospitais, por exemplo, define-se o risco nutricional como qualquer situação em que há presença de fatores, condições ou diagnósticos que possam afetar o estado nutricional do indivíduo. Dentre os principais fatores estão:

  • Desnutrição;

  • Perda de peso nos últimos 6 meses superior a 10% do peso usual, quando anteriormente eutrófico (com peso adequado para estatura);

  • Alterações nas funções digestivas, com sintomas como diarréia, vômito, disfagia etc

  • Inapetência;

  • Dificuldade de mastigação ou deglutição;

  • Idade superior a 70 anos;

  • Alergia alimentar;

  • Terapia com quimioterápicos;

  • Presença de doença ou condição consuptiva como complicações pós-cirúrgicas, infecções, AIDS, escaras, pancreatite, doença de Crohn entre outros.

Para se evitar o esgotamento desnecessário de nutrientes, todos os pacientes hospitalizados devem ser avaliados para um potencial risco nutricional conforme recomendado pela Sociedade Americana de Nutrição Parenteral e Enteral (A.S.P.E.N.) e pela Sociedade Europeia de Nutrição Clínica e Metabolismo (ESPEN). A avaliação pode ser usada para determinar se são necessárias informações adicionais de uma avaliação para garantir uma intervenção.

Os métodos abaixo são recomendados para a avaliação do risco nutricional:

A ESPEN recomenda o protocolo NRS 2002 para detectar a presença e o risco de se desenvolver desnutrição no ambiente hospitalar. Este protocolo contém componentes do Método Universal de Avaliação de Desnutrição (MUST, na sigla em inglês) e uma classificação de gravidade da doença.  Na NRS 2002 quatro itens são importantes:

  • O índice de massa corporal (IMC) do paciente é menor que 20,5? (IMC = peso/altura2)

  • O paciente perdeu peso nos últimos três meses?

  • O paciente teve uma redução na ingestão alimentar na última semana?

  • O paciente está gravemente doente (por exemplo, em terapia intensiva)?

Se a resposta for “Sim” para uma das perguntas durante a pré-avaliação, deve-se realizar a avaliação final. Se a resposta for “Não” para todas as perguntas, o paciente deve ser reavaliado em intervalos semanais para que o estado nutricional seja monitorado.

Após a avaliação final, é dada uma nota de avaliação para identificar um estado nutricional potencialmente prejudicado e a gravidade da doença:

Com base na nota do paciente, são recomendadas as avaliações e ações abaixo:

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A AGS é uma alternativa ao uso do NRS 2002. Pode ser usada para identificar pacientes desnutridos ou com risco de desnutrição, usando uma avaliação no leito hospitalar. Considera, além de alterações na composição corporal, alterações nas funções fisiológicas. Usada para avaliar pacientes cirúrgicos, com insuficiência renal, câncer, doenças hepáticas, bem como idosos e portadores do vírus HIV.

Os critérios da AGS consideram os seguintes fatores: (1) Perda de peso, (2) Ingestão alimentar, (3) Sintomas gastrointestinais, (4) Capacidade funcional, (5) Efeitos relacionados a doenças, (6) Sinais físicos de desnutrição (perda de gordura subcutânea ou massa muscular, edema, ascite).

Se os pacientes recebem uma nota “A” na AGS, eles são considerados bem nutridos. Uma nota “B” na AGS indica um paciente moderadamente desnutrido.  E uma nota “C” na AGS indica um paciente gravemente desnutrido. 

Quando a avaliação de risco nutricional é realizada, os efeitos deletérios da desnutrição relacionada a doença podem ser prevenidos ou reduzidos.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/