Estudo recente publicado na Nature Neuroscience mostrou pela primeira vez que os mecanismos moleculares envolvidos nos vícios relacionados às drogas são os mesmos por trás da compulsão alimentar. A pesquisa mostra claramente como, em ratos, a compulsão e o desenvolvimento da obesidade coincide com a deterioração do equilíbrio químico no cérebro. Quando os centros do prazer respondem menos, os ratos desenvolvem hábitos compulsivos, principalmente quanto a alimentos ricos em calorias e gorduras. As mesmas alterações químicas são observadas em animais que consomemdrogas como cocaína e heroína.
De acordo com um dos autores do estudo, Dr. Paul J. Kenny, o trabalho levou quase 3 anos para ser concluído, e confirma o poder viciante dos "junk foods", alimentos com baixo teor nutricional. No estudo, os animais continuavam a comer compulsivamente mesmo quando percebiam que iriam levar choques elétricos. E mais, dentre os alimentos oferecidos, os animais sempre consumiam os que mais contribuem com o ganho de peso como salsichas, bacon e bolos. Quando os alimentos foram retirados e substituídos por opções saudáveis, eles simplesmente recusavam-se a comer, o que continuou por duas semanas.
De acordo com o pesquisador, comportamentos compulsivos ou vícios estão relacionados a mecanismos cerebrais de recompensa. Quando estes são hiperestimulados algum problema se desenvolverá. Na pesquisa, os animais não paravam de comer ou entrariam em um estado depressivo. O foco da pesquisa foi o receptor D2 para dopamina.
A dopamina é um neurotransmissor liberado no cérebro em resposta a experiências prazerosas como o consumo de alimento, cocaína, álcool ou mesmo atividade física ou sexual. O consumo de cocaína, por exemplo, altera o fluxo de dopamina ao bloquear sua secreção normal. No caso, este hormônio importante para o bem estar só será secretado com o consumo da droga, em doses cada vez maiores. O mesmo acontece com as comidas altamente prazerosas, ricas em gordura e açúcar.
Na pesquisa o problema de compulsão nos animais foi desenvolvido nos ratos após a contaminação por um vírus que danifica o receptor de dopamina. No dia seguinte à infecção por vírus o acesso aos alimentos altamente palatáveis já os fez tão compulsivos quanto animais que já tinham acesso a estes alimentos a várias semanas. De qualquer forma, a mensagem é de que não devemos nos expor demais a alimentos ruins ou o vício aparecerá. Há, e nem deixe seus filhos exporem-se demais a estes alimentos. Refrigerante, doces, balas, alimentos tipo fast food são comida de festa, não devemos estar presente no dia-a-dia.
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Referência: Paul M Johnson, Paul J Kenny. Dopamine D2 receptors in addiction-like reward dysfunction and compulsive eating in obese rats. Nature Neuroscience, 2010.