Existem mais de 100 diferentes tipos de câncer, um grupo de doenças que perturbam o crescimento normal das células, fazendo-as multiplicarem-se com uma velocidade superior à normal. Podem ser classificados em carcinomas (a maior parte dos tipos de câncer - podem estar presentes na maior parte dos órgãos), sarcomas (presentes em ossos, músculos, gorduras, veias e outros tecidos conectivos), linfoma e mioloma (relacionados ao sistema imune) e aqueles do sistema nervoso (cérebro e medula). A chave do sucesso no tratamento depende do rápido diagnóstico e tratamento, que pode incluir cirurgia, radiação e quimioterapia.
O risco de desenvolvimento de câncer varia muito de acordo com a genética de cada um e com a exposição a substâncias tóxicas como álcool, cigarro e dietas inapropriadas. Esta é importante não só para a prevenção da doença mas também para a manutenção da eficiência de eventuais tratamentos. De acordo com as pesquisas mais recentes a necessidade nutricional varia durante o tratamento e recuperação. Estas mudanças são muito evidentes durante o tratamento com agentes quimioterápicos citotóxicos já que os mesmos impactam negativamente a digestão, absorção e a capacidade de metabolização dos nutrientes.
Isto porque, ao contrário de tratamentos cirúrgicos e radiação que são bem localizados no local do problema, a quimioterapia age de forma sistêmica, afetando vários tecidos e órgãos, mesmo aqueles não afetos pela doença. Os efeitos colaterais variam com o tipo de medicação usada (são cerca de 90 tipos diferentes), dose, duração do tratamento e resposta individual. Sintomas comuns incluem queda de cabelo, perda do apetite, perda de peso, diminuição da massa magra, dificuldades de mastigação, deglutição ou digestão. Quanto pior for o estado nutricional do paciente mais severas costumam ser estas complicações por isto o acompanhamento deve ser iniciado o quanto antes e, preferencialmente antes, durante e também nos intervalos entre as sessões quimioterápicas. Quanto maior o emagrecimento e a depleção de nutrientes importantes pior é a qualidade de vida, maior é o risco de infecção e menores são as chances de sobrevivência.
Algumas dicas para lidar com as situações mais comuns podem ser vistas na tabela abaixo:
Perda de apetite
Oferecer alimentos mais apreciados pelo paciente, preparar o cardápio com antecedência e com a ajuda do mesmo.
Fracionar a dieta em várias refeições pequenas, ricas em proteínas e calorias (inclusive shakes e vitaminas). Geralmente indicam-se 6, 7 ou 8 refeições diárias.
As preparações devem ter aparência, sabor e cheiro agradáveis.
Náuseas e vômitos
Consuma alimentos mais secos como bolachas e torradas durante todo o dia.
Não deite-se após comer, por pelo menos 1 hora.
Consuma alimentos de fácil digestão.
Evite alimentos com odores muito fortes.
Se balas ou gelo ajudar a diminuir as náuseas aproveite-se deles.
Enxaque a boca antes e depois de comer.
Diarréia
Aumente o consumo de líquidos a temperatura ambiente, evitando a desidratação.
Consuma soros ou repositores hidroeletrolíticos.
Limite o consumo de laticínios e de alimentos formadores de gases.
Evite alimentos contendo o adoçante sorbitol (como chicletes diet).
Constipação
Consuma mais frutas, verduras e cereais integrais.
Beba pelo menos 8 copos de líquidos ao dia.
Exercíte-se
Alterações de paladar
Consuma refeições pequenas e frequentes (2 em 2 horas).
Se o alimento estiver com o paladar metálico, use utensílios de plástico.
Adicione seus temperos favoritos.
Se não estiver tolerando bem as carnes adicione molhos doces, a base de maracujá, maçã, manga...
Evite alimentos muito ácidos ou que irritem sua mucosa.
Xerostomia (boca seca)
Use canudos.
Melhore a higiene oral.
Tenha sempre líquidos disponíveis (suco, vitaminas, chás, água...)
Não use enxaguantes orais que contenham álcool na formulação.
Consuma bebidas com alto valor calórico.
Estomatite (feridinhas dolorosas na boca)
Consuma alimentos mais macios e mastigue lentamente.
Evite alimentos irritantes e ácidos.
Corte os alimentos em pedaços bem pequenos.
Use canudos.
Não se esqueça da boa higiene oral.
Consuma bebidas com alto valor calórico e nutricional (peça receitas ou indicações de produtos a seu nutricionista).
Pacientes com câncer: a troca de leite por whey é benéfica
Pacientes que adoram um leite precisam ter mais cuidado. O leite e o queijo estimulam muito a secreção de IGF-1 e a proliferação celular. O whey tem um efeito muito mais brando neste sentido (Melnik et al., 2012). Estudos também mostram que o whey ajuda a evitar a caquexia do câncer. Por isso, se está fazendo tratamento contra o câncer, indico que troque seu leite por uma proteína vegana neutra sem corantes ou um whey isolado sem corantes.