MTHFR, Metilação e Saúde: Entendendo a Conexão

A metilação é um processo bioquímico fundamental para o funcionamento de mais de 400 vias metabólicas no corpo. Ela está envolvida em funções essenciais como regulação da expressão gênica, manutenção da integridade do DNA e desintoxicação. Quando essa via é comprometida, podem surgir diversos distúrbios — incluindo disbiose intestinal, alterações cognitivas, problemas cardiovasculares e doenças inflamatórias.

O papel da MTHFR

A Metilenotetrahidrofolato redutase (MTHFR) é uma enzima chave no chamado metabolismo de um carbono — também conhecido como metabolismo do ácido fólico ou folato.

Sua função principal é converter folato em sua forma ativa (5-metiltetrahidrofolato), necessária para a remetilação da homocisteína em metionina, um passo essencial para a saúde celular e a produção de neurotransmissores.

Além do folato, outras vitaminas do complexo B, como B6 e B12, além de minerais como zinco e magnésio, são cofatores importantes para que essa via funcione bem.

O gene MTHFR e o polimorfismo C677T

O gene que codifica a MTHFR está localizado no cromossomo 1 (1p36.3) e contém 11 éxons. Um dos polimorfismos mais estudados é o rs1801133 (C677T), que resulta na troca de um aminoácido na proteína (alanina por valina).

  • Indivíduos CT (heterozigotos) apresentam cerca de 30–40% de redução da atividade enzimática.

  • Indivíduos TT (homozigotos) têm uma redução ainda maior — cerca de 70%.

Com menor atividade da MTHFR, a homocisteína tende a se acumular no sangue, o que aumenta o risco de doenças cardiovasculares, câncer, defeitos do tubo neural, perda cognitiva e distúrbios intestinais.

Quando o corpo precisa de mais suporte

Quem possui a variante C677T — especialmente em dose dupla (TT) — pode ter maior necessidade de:

  • Folato (preferencialmente na forma ativa, metilfolato, sob supervisão profissional)

  • Vitaminas B6 e B12

  • Zinco e magnésio

  • Riboflavina (B2)

O acompanhamento médico ou nutricional é fundamental para ajustar a suplementação e a dieta, evitando tanto a deficiência quanto o excesso.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Metilação: A Chave Silenciosa para a Saúde e a Doença

A metilação é um processo bioquímico essencial que participa de mais de 400 vias metabólicas no nosso corpo. Quando esse mecanismo é comprometido, podem surgir distúrbios que vão desde desequilíbrios intestinais até doenças neurológicas e câncer.

O que é Metilação?

Metilação é a adição de um grupo metil (-CH₃) ao DNA, proteínas ou outras moléculas, atuando como um “interruptor” que liga ou desliga genes.
No DNA, ela acontece principalmente em regiões chamadas ilhas CpG — áreas ricas em citosina (C) e guanina (G) — influenciando diretamente a expressão gênica.

O Papel das DNA Metiltransferases (DNMTs)

As enzimas DNMT1, DNMT3a e DNMT3b mantêm e estabelecem as marcas de metilação no DNA.

  • Perda de DNMT1 → hipometilação em neurônios, alterações no desenvolvimento e degeneração neural.

  • Perda de DNMT3a/3b → degeneração neuromuscular precoce e baixa taxa de sobrevivência celular.

Essas enzimas não só preservam a integridade do material genético, como também participam do aprendizado, memória e maturação neural.

Metilação e Câncer

A metilação pode ter dois papéis opostos no câncer:

  • Hipermetilação em genes supressores de tumor → silenciamento de genes que impedem a progressão para o câncer (ex.: EMP3 nos glioblastomas).

  • Hipermetilação de oncogenes → pode inibir vias que estimulam crescimento tumoral, como a via TGF-beta.

Nos glioblastomas, a hipermetilação em regiões promotoras é um padrão frequente.

Metilação, Memória e Aprendizado

O sistema nervoso adapta suas marcas epigenéticas em resposta a estímulos.
Enzimas como neuroLSD1 agem como “borrachas” moleculares, removendo marcas químicas das histonas para permitir a expressão de genes ligados à maturação neuronal e comportamentos complexos.

O Metabolismo de Um Carbono e a MTHFR

O processo de metilação depende de um ciclo bioquímico conhecido como metabolismo de um carbono, que envolve:

  • Ácido fólico (folato)

  • Vitaminas B6, B12

  • Zinco, magnésio e riboflavina

A enzima Metilenotetrahidrofolato redutase (MTHFR) é crucial nesse processo.
O polimorfismo rs1801133 no gene MTHFR reduz sua atividade, levando a:

  • Aumento da homocisteína no sangue

  • Maior risco de doenças cardiovasculares, câncer, defeitos no tubo neural e declínio cognitivo

  • Maior necessidade de nutrientes como folato, B12 e B6

Metilação e Saúde Intestinal

Alterações na metilação também podem estar associadas à disbiose intestinal e doenças inflamatórias intestinais, reforçando a interconexão entre intestino e cérebro.

A metilação é um maestro silencioso que rege desde o funcionamento dos neurônios até a proteção contra câncer. Manter esse processo equilibrado passa por nutrição adequada, boa saúde intestinal e prevenção de desequilíbrios metabólicos.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Fermentação da B9 por bactérias

O folato é fundamental para a síntese de ácidos nucleicos e aminoácidos. Seus intermediários, incluindo PABA, 6-metilpterina e ácido pteroico secretados por bactérias após a fermentação, atuam na manutenção do equilíbrio redox sob condições anaeróbicas.

O PABA é um composto aromático com um grupo carboxílico e amino ligado a um anel benzênico. Ele participa da transferência de elétrons durante a síntese do ácido di-hidropteroico.

Estrutura química da vitamina B9

A molécula de folato contém um anel de pterina, uma fração de PABA e uma cauda de poliglutamato. Está principalmente envolvida na síntese de ácido nucleico e reparo. Sua capacidade de transferência de carga ocorre principalmente durante a interconversão de suas várias formas, incluindo di-hidrofolato e tetra-hidrofolato. Além disso, a propriedade de transferência de carga do folato é crucial quando ele atua como uma coenzima no caso de metabolismo de um carbono e participa da transferência do grupo metil em várias reações bioquímicas.

O folato também está correlacionado com a regulação do estresse oxidativo-nitrosativo e também atua como um eliminador de radicais de íons hidroxila. Além disso, a proteína que atua como coletora de ROS demonstrou anteriormente diminuir com baixos níveis de moléculas de folato. Da mesma forma, foi relatado que o nível de glutationa mitocondrial é suprimido com os baixos níveis de folato. Entenda melhor no vídeo sobre o ciclo 1-carbono:

Nara, S., Parasher, G., Malhotra, B.D. et al. Novel role of folate (vitamin B9) released by fermenting bacteria under Human Intestine like environment. Sci Rep 13, 20226 (2023). https://doi.org/10.1038/s41598-023-47243-0

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/