Polifenóis + Atividade física na proteção contra a depressão

Os polifenóis são compostos bioativos presentes em alimentos como frutas, vegetais, chá verde, cacau e vinho tinto.Estudos indicam que eles exercem efeitos antidepressivos através de vários mecanismos:

  • Redução da inflamação e do estresse oxidativo: Diminuem mediadores inflamatórios e atuam como antioxidantes indiretos, protegendo as células cerebrais.

  • Regulação do eixo HPA: Ajudam a normalizar a hiperatividade do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, frequentemente associada à depressão .

  • Promoção da neurogênese: Estimulam a produção de fatores neurotróficos como o BDNF, essenciais para a saúde neuronal .

  • Modulação da via do triptofano: Influenciam a conversão de triptofano em serotonina, neurotransmissor relacionado ao humor.

Ensaios clínicos demonstraram que a suplementação com polifenóis pode melhorar significativamente os sintomas depressivos.

Resveratrol

  • Fontes naturais: uvas vermelhas, vinho tinto, amendoins, mirtilos e maçãs.

  • Dosagens em estudos: variam de 200 mg a 1000 mg por dia.

  • Efeitos observados: melhora na memória, redução da inflamação e potencial neuroprotetor.

2. Isoflavonas de Soja

  • Fontes naturais: soja e seus derivados.

  • Dosagens em estudos: entre 55 mg e 110 mg por dia.

  • Efeitos observados: melhora na função cognitiva e possível alívio de sintomas depressivos.

3. Extratos de Mirtilo (Blueberry)

  • Fontes naturais: mirtilos.

  • Dosagens em estudos: de 35 mg a 387 mg de antocianinas por dia.

  • Efeitos observados: melhoria na memória e na função executiva.

4. Flavanóis do Cacau

  • Fontes naturais: cacau e chocolate amargo.

  • Dosagens em estudos: variaram de 85 mg a 993 mg por dia.

  • Efeitos observados: melhora na atenção, memória e redução da fadiga mental.

5. Epigalocatequina Galato (EGCG) do Chá Verde

  • Fontes naturais: chá verde.

  • Dosagens em estudos: de 135 mg a 270 mg por dia.

  • Efeitos observados: benefícios na função cognitiva e propriedades antioxidantes.

6. Punicalagina da Romã

  • Fontes naturais: romã.

  • Dosagens em estudos: ainda em investigação, com foco em modelos animais.

  • Efeitos observados: potencial neuroprotetor e propriedades anti-inflamatórias.

7. Extrato de Ginkgo Biloba

  • Fontes naturais: folhas de Ginkgo biloba.

  • Dosagens em estudos: 180 mg por dia.

  • Efeitos observados: melhora na memória e na função cognitiva.

🥗 Recomendações de Consumo

Embora suplementos estejam disponíveis, é geralmente recomendado obter polifenóis através da dieta:

  • Frutas e vegetais: mirtilos, uvas, maçãs, romãs.

  • Bebidas: chá verde, vinho tinto (com moderação).

  • Outros alimentos: chocolate amargo (com alto teor de cacau), soja e derivados.

A ingestão diária recomendada de polifenóis varia, mas consumir uma variedade de alimentos ricos nesses compostos pode contribuir para a saúde cerebral e o bem-estar mental.

Exercício Físico: Impacto na Saúde Mental e Cognitiva

A prática regular de exercício físico, especialmente aeróbico, tem efeitos benéficos comprovados na saúde mental:

  • Aumento do BDNF: O exercício eleva os níveis de BDNF, promovendo a neuroplasticidade e melhorando funções cognitivas.

  • Melhoria da estrutura cerebral: Estudos de neuroimagem mostram aumento do volume de substância cinzenta em áreas como o hipocampo e o córtex pré-frontal após períodos de exercício regular.

  • Regulação do humor: O exercício ajuda a equilibrar neurotransmissores como dopamina e serotonina, contribuindo para a redução dos sintomas depressivos.

Sinergia entre Polifenóis e Exercício

A combinação de suplementação com polifenóis e exercício físico pode ter efeitos sinérgicos na melhoria da saúde mental e cognitiva:

  • Potencialização da neuroplasticidade: Ambos aumentam os níveis de BDNF, promovendo a formação de novas conexões neurais .

  • Redução conjunta da inflamação: A combinação pode amplificar a diminuição de marcadores inflamatórios, associados à depressão .

  • Melhoria do humor e função cognitiva: Estudos sugerem que essa abordagem integrada pode levar a melhorias mais significativas em comparação com intervenções isoladas .

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Cacau como Nootrópico: Como Atua no Cérebro

O cacau possui efeitos nootrópicos, ou seja, pode melhorar a função cerebral — especialmente memória, atenção, humor e capacidade de aprendizado — graças a compostos bioativos potentes.

Como o cacau Atua no Cérebro?

1. Flavanóis do cacau (ex: epicatequina, catequina)

  • Aumentam o fluxo sanguíneo cerebral → mais oxigênio e nutrientes para os neurônios.

  • Estimulam a neurogênese e plasticidade sináptica via ativação do BDNF (fator neurotrófico derivado do cérebro).

  • Melhoram a memória e a aprendizagem, especialmente em regiões como o hipocampo.

2. Teobromina e cafeína

  • Estimulantes leves → aumentam estado de alerta e foco.

  • A teobromina tem efeito mais suave que a cafeína, mas mais duradouro.

3. Feniletilamina (PEA)

  • Molécula relacionada ao humor e bem-estar, às vezes chamada de "molécula do amor".

  • Aumenta níveis de dopamina e serotonina.

4. Magnésio e triptofano

  • O cacau é fonte natural desses nutrientes:

    • Magnésio: relaxante neuromuscular, regula sinapses e estresse.

    • Triptofano: precursor da serotonina, importante para humor e sono.

Evidência Científica

Estudos em humanos mostram que o consumo de cacau rico em flavanóis (como em chocolate amargo 70% ou mais) melhora a memória de curto prazo, o tempo de reação e a atenção. Também foram observados efeitos protetores contra o declínio cognitivo em idosos.

Como Usar o Cacau para Efeito Nootrópico

  • Dose eficaz: cerca de 250–500 mg de flavanóis por dia (equivale a 10–30 g de chocolate 70–85% cacau ou 1–2 colheres de sopa de cacau puro).

  • Forma ideal:

    • Cacau puro em pó (sem açúcar)

    • Chocolate amargo 70% ou mais

    • Extratos padronizados de flavanol de cacau (em cápsulas)

Cuidados

  • Evite excesso: chocolates comerciais contêm açúcar e gordura saturada.

  • Pessoas com sensibilidade à cafeína ou problemas de fígado devem consumir com moderação.

  • Leite pode inibir a absorção dos flavanóis, então prefira cacau sem leite para melhor efeito nootrópico.

Bebida Nootrópica de Cacau com Adaptógenos

  • 1 colher de sopa de cacau em pó 100% puro (sem açúcar)

  • 200 ml de leite vegetal (ex: amêndoas ou aveia – sem açúcar)

  • 1 colher de chá de óleo de coco ou MCT
    (ajuda na absorção de flavonoides e fornece energia rápida para o cérebro)

  • 1 colher de chá de canela em pó
    (melhora a sensibilidade à insulina e pode estimular o cérebro)

  • 1/2 colher de chá de cúrcuma em pó + 1 pitada de pimenta-do-reino preta
    (ação anti-inflamatória + melhora a circulação cerebral)

  • 1 colher de chá de mel ou estévia (opcional, para adoçar)

  • 1/2 colher de chá de cogumelo adaptógeno em pó
    (opcional, exemplos: Lion’s Mane para memória, Reishi para equilíbrio emocional, ou Cordyceps para energia)

  • Opcional: 1 pitada de sal rosa (para realçar o sabor e repor minerais)

Modo de preparo:

  1. Aqueça o leite vegetal em fogo baixo (sem ferver).

  2. Adicione o cacau, cúrcuma, canela, pimenta e o cogumelo em pó (se usar).

  3. Misture bem com um fouet ou mixer para criar espuma.

  4. Acrescente o óleo de coco/MCT e mexa até incorporar.

  5. Adoce se quiser. Sirva quente e beba devagar, de preferência em um ambiente tranquilo.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Ativando AMPK para queima de gordura

A AMPK (proteína quinase ativada por AMP) é uma enzima essencial na regulação do metabolismo celular e energético. Ela atua como um "sensor de energia" das células.

Função principal da AMPK

A AMPK monitora os níveis de energia da célula e é ativada quando a célula está com baixo nível de energia — ou seja, quando há um aumento da proporção AMP/ATP (muito AMP e pouco ATP). Ao ser ativada, a AMPK tenta restaurar o equilíbrio energético, promovendo vias que geram ATP (energia) e inibindo aquelas que consomem ATP desnecessariamente.

O que ativa a AMPK?

  • Aumento do AMP (ou ADP) em relação ao ATP.

  • Estresse celular, como hipóxia (baixo oxigênio), exercício intenso, jejum.

  • Alguns compostos, como a metformina (usada no tratamento do diabetes tipo 2).

  • Suplementos (veremos mais abaixo)

O que a AMPK faz na prática?

✅ Estimula processos que geram energia:

  • Oxidação de ácidos graxos (queima de gordura).

  • Captação de glicose (via GLUT4).

  • Glicólise (quebra de glicose para gerar ATP).

  • Autofagia (reciclagem de componentes celulares).

❌ Inibe processos que consomem energia:

  • Síntese de lipídios.

  • Síntese de proteínas.

  • Síntese de colesterol.

  • Síntese de glicogênio (em certas condições).

Importância fisiológica

  • No músculo, melhora a captação de glicose e a queima de gordura.

  • No fígado, reduz a produção de glicose (gliconeogênese).

  • No tecido adiposo, reduz a lipogênese.

  • No cérebro, pode influenciar o apetite e o gasto energético.

Papel clínico

  • Diabetes tipo 2: AMPK melhora a sensibilidade à insulina e o controle da glicemia.

  • Obesidade: Pode favorecer a perda de peso ao aumentar o gasto energético.

  • Câncer: Está envolvida na regulação do crescimento celular; sua ativação pode inibir tumores em alguns contextos.

  • Doenças neurodegenerativas: A autofagia induzida pela AMPK pode proteger neurônios.

Suplementos e compostos que ativam a AMPK

1. Berberina

  • Fitonutriente extraído de plantas como Berberis.

  • Atua de forma semelhante à metformina, ativando AMPK no fígado e músculo.

  • Efeitos: Reduz glicose no sangue, melhora sensibilidade à insulina, favorece a queima de gordura.

2. Ácido Alfa-Lipóico (ALA)

  • Antioxidante que também ativa AMPK, especialmente no músculo.

  • Efeitos: Melhora metabolismo da glicose, sensibilidade à insulina e função mitocondrial.

3. Resveratrol

  • Polifenol presente no vinho tinto e uvas.

  • Ativa AMPK indiretamente via SIRT1 (ou NAD+).

  • Efeitos: Longevidade, saúde cardiovascular, melhora metabólica.

4. Quercetina

  • Flavonoide presente em maçãs, cebolas e frutas vermelhas.

  • Ativa AMPK e tem efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios.

  • Efeitos: Aumento de energia, redução de gordura hepática.

5. EGCG (epigalocatequina galato)

  • Principal catequina do chá verde.

  • Estimula AMPK no fígado e músculo.

  • Efeitos: Aumenta a queima de gordura, melhora a sensibilidade à insulina.

6. Curcumina

  • Componente ativo da cúrcuma.

  • Pode ativar AMPK e inibir vias inflamatórias.

  • Efeitos: Redução de gordura hepática, melhora da função mitocondrial.

7. Cafeína

  • Estimula AMPK no músculo esquelético durante o exercício.

  • Efeitos: Aumenta a oxidação de gordura e o desempenho físico.

8. Niacina (vitamina B3) e derivados como nicotinamida ribosídeo

  • Estimulam a via SIRT1–AMPK via aumento de NAD+.

  • Efeitos: Longevidade celular, aumento da biogênese mitocondrial.

9. Hesperidina

  • Flavonoide cítrico que ativa AMPK no fígado e no tecido adiposo.

  • Efeitos: Reduz gordura corporal e resistência à insulina.

Considerações importantes

A eficácia e segurança desses suplementos dependem da dosagem, qualidade do produto e condições individuais de saúde. A atividade física é um ativador natural e poderoso da AMPK — e potencializa os efeitos dos suplementos. Muitos suplementos têm efeitos sinérgicos quando combinados com dieta balanceada e exercício. Precisa de ajuda? Marque aqui sua consulta de nutrição online.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/