Pesquisa Liga Antiácidos Populares ao Risco de Demência

O estudo intitulado Proton pump inhibitors and dementia: A nationwide population-based study, publicado na revista Alzheimer’s & Dementia em 2024, investigou a possível associação entre o uso de inibidores da bomba de protões (IBPs) e o risco de demência.

Objetivo do Estudo

Os IBPs, como omeprazol e pantoprazol, são amplamente utilizados para tratar condições gástricas, como refluxo ácido e úlceras. No entanto, estudos anteriores apresentaram resultados conflitantes sobre a relação entre o uso desses medicamentos e o desenvolvimento de demência. Este estudo visou esclarecer essa associação, considerando a idade no momento do diagnóstico de demência e o tempo de exposição aos IBPs.

Metodologia

Utilizando dados de registros nacionais da Dinamarca, os pesquisadores analisaram uma coorte de 1.983.785 indivíduos com idades entre 60 e 75 anos, acompanhados de 2000 a 2018. Durante o período de acompanhamento, foram identificados 99.384 casos de demência. Os participantes foram categorizados com base no uso de IBPs e na idade ao diagnóstico de demência.

Resultados Principais

O uso de IBPs foi associado a um aumento no risco de demência, especialmente em idades mais jovens:

  • Idade 60–69 anos: aumento de 36% no risco (IRR 1,36)

  • Idade 70–79 anos: aumento de 12% (IRR 1,12)

  • Idade 80–89 anos: aumento de 6% (IRR 1,06)

  • Idade 90+ anos: sem associação significativa (IRR 1,03)alz-journals.onlinelibrary.wiley.com

  • O risco de demência aumentou com a duração prolongada do uso de IBPs, independentemente de quando o tratamento foi iniciado.

Possíveis Mecanismos Biológicos

Embora o estudo não tenha estabelecido uma relação causal, pesquisas anteriores sugerem que os IBPs podem atravessar a barreira hematoencefálica e afetar a função neuronal, possivelmente inibindo a enzima responsável pela síntese de acetilcolina, um neurotransmissor crucial para a memória. Além disso, estudos em animais indicam que os IBPs podem aumentar os níveis de beta-amiloide no cérebro, uma proteína associada à doença de Alzheimer.

Implicações para Pacientes e Profissionais de Saúde

Dado o uso generalizado de IBPs, especialmente entre idosos, os resultados deste estudo sugerem a necessidade de cautela na prescrição desses medicamentos. Profissionais de saúde devem avaliar cuidadosamente a necessidade de IBPs em cada paciente, considerando alternativas terapêuticas quando apropriado. Pacientes não devem interromper o uso de IBPs sem orientação médica, mas é aconselhável discutir os riscos e benefícios com seu médico.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

COGUMELOS PARA REDUÇÃO DA INFLAMAÇÃO CRÔNICA

Sabia que a inflamação aguda (de curta duração) é necessária para o ganho de massa muscular? Basta lembrar da dor que sentimos após um treino intenso. Por exemplo, o treino de resistência (como musculação) causa microlesões nas fibras musculares, o que gera uma resposta inflamatória controlada. Isso ativa células satélites e leva à reparação e hipertrofia. Contudo, essa inflamação vai embora rapidinho e é para ser assim mesmo. Se usarmos suplementos antiinflamatórios ou medicamentos antiinflamatórios mais rapidamente esta inflamação se resolve, mas pior é o resultado em termos de anabolismo. Ou seja, parar a inflamação rápido demais impede as adaptações musculares e há menos ganho de massa magra.

Já a inflamação crônica (prolongada ou sistêmica) prejudica o ganho de massa muscular. Isso ocorre porque:

  • Eleva níveis de citocinas inflamatórias como IL-6, TNF-α, que inibem a síntese proteica.

  • Pode causar resistência à insulina e prejuízo na sinalização de mTOR, que é crucial para a construção muscular.

Podemos modular esta inflamação crônica com estratégias adequadas, treino adequado, sono adequado. Inflamação crônica é um fator de risco para aterosclerose, infarto, diabetes, obesidade, artrite, envelhecimento precoce…

Aquela pessoa que vive com dores pode usar cogumelos que modulam o sistema imune e reduzem a inflamação. Alguns exemplos:

🍄 Agaricus blazei (Cogumelo do Sol)

  • É um cogumelo medicinal usado tradicionalmente no Brasil e no Japão.

  • Seus efeitos principais:

    • Imunomodulador: ajuda a equilibrar a resposta do sistema imune.

    • Anti-inflamatório leve: pode reduzir citocinas inflamatórias em excesso.

    • Antioxidante: combate o estresse oxidativo, que também interfere na recuperação muscular.

    • Potencial adaptógeno: pode melhorar o equilíbrio geral do corpo sob estresse.

🏋️‍♂️ Agaricus e Hipertrofia

  • O uso de Agaricus blazei pode ajudar indiretamente no ganho de massa muscular se:

    • Reduz a inflamação crônica ou excesso de estresse oxidativo.

    • Melhora a recuperação pós-treino, permitindo treinos mais consistentes e intensos.

    • Apoia o sistema imune, evitando doenças que atrapalham o progresso.

Porém, não é um suplemento anabólico direto. Ele complementa uma boa nutrição, treino e descanso.

Dica Prática

Se você está buscando hipertrofia:

  • Mantenha a inflamação aguda dos treinos, mas evite fontes de inflamação crônica (como má alimentação, estresse crônico, sono ruim).

  • Pode usar Agaricus como suporte, mas ele não substitui dieta hiperproteica, sono adequado e treino eficiente.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

2 tipos de fitoquímicos para a saúde física e mental

Fitoquímicos (do grego phyto = planta) são compostos bioativos naturalmente produzidos pelas plantas. Eles não são nutrientes essenciais (como vitaminas ou minerais), mas podem ter efeitos benéficos à saúde, atuando como:

  • Antioxidantes

  • Antiinflamatórios

  • Moduladores hormonais

  • Protetores do sistema cardiovascular e nervoso

Neste texto vamos conhecer dois tipos de fitoquímicos: os alcaloides e as saponinas, compostos naturais presentes em diversas plantas e que têm sido estudados por seus efeitos na saúde física e mental.

🔷 Alcaloides

São compostos nitrogenados encontrados em várias plantas medicinais (como o café, o chá, a papoula e o tabaco). São biologicamente ativos e atuam, muitas vezes, no sistema nervoso central.

Exemplos comuns:

  • Cafeína (café, chá, guaraná)

  • Morfina (papoula)

  • Nicotine (tabaco)

  • Atropina (beladona)

  • Psilocibina (cogumelos psicodélicos)

Efeitos na saúde física e mental:

Positivos (em doses adequadas):

  • Estimulantes do SNC (melhora do foco, vigília, energia mental – ex: cafeína)

  • Analgésicos (redução da dor – ex: morfina)

  • Antidepressivos ou ansiolíticos naturais (ex: alcaloides de algumas plantas adaptógenas)

  • Potencial neuroprotetor em algumas substâncias psicodélicas (estudos em andamento)

Negativos (em excesso ou uso indevido):

  • Dependência e tolerância (ex: nicotina, morfina)

  • Efeitos colaterais como insônia, ansiedade, taquicardia (ex: cafeína em excesso)

  • Alucinações ou distúrbios mentais (em substâncias psicodélicas ou tóxicas)

  • Toxicidade em doses altas (alguns são potencialmente letais)

🔷 Saponinas

São glicossídeos encontrados em diversas plantas (como quinoa, ginseng, soja, erva-mate). Têm propriedades espumantes e atividades biológicas significativas.

Exemplos comuns:

  • Ginsenosídeos (ginseng)

  • Saponinas da quinoa

  • Saponinas da soja e do feijão

  • Saponinas da erva-mate

Efeitos na saúde física e mental

Notas Importantes

  • Suplementos com alcaloides tendem a ter efeitos mais intensos sobre o sistema nervoso central. Monitorar uso é essencial.

  • Saponinas geralmente são mais seguras, com efeitos adaptógenos ou reguladores.

  • Sempre consulte um profissional de saúde antes de iniciar suplementos, especialmente em casos de:

    • Transtornos mentais diagnosticados

    • Uso de medicamentos contínuos

    • Gravidez ou lactação

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/