Metabólitos microbianos na urina

Este exame apresenta uma análise de metabólitos microbianos na urina, indicando possíveis desbalanços metabólicos e disbiose intestinal. Vamos interpretar os resultados:

Metabólitos Microbianos de Aminoácido

  • 4-Hidroxifenilacético Ácido (160.0 nmol/mg)Normal, dentro da faixa de referência (85.8 - 902.3). Relacionado ao metabolismo da tirosina ou tiramina. Aumenta em caso de infecções e inflamação por excesso de Clostridium, Klebisiela, Pseudomonas, Proteus. Averiguar em caso de aumento se a dieta está excessivamente proteica. Em caso de valores baixos, averiguar se a dieta está hipoproteica. Suplementação de quercetina também parece reduzir este marcador.

  • Ácido Indolacético (36.6 H nmol/mg)Alto (superior ao limite de 13.7), podendo indicar metabolismo desordenado do triptofano, possivelmente devido a disbiose intestinal. Pode aumentar no desequilíbrio entre bifidobactérias, bacteroides, bacillus, pseudomonas, E. coli. Averiguar se a dieta possui fibra adequada. É comum dar valor baixo em indivíduos obesos, com esteatose hepática, doença inflamatória intestinal e diabetes. A inflamação pode reduzir a disponibilidade de triptofano.

Metabólitos Microbianos de Polifenóis

  • Ácido 3,4-DihidroxihidrocínâmicoNão detectado (<DL), sem significado clínico relevante. Composto formado principalmente por Clostridium spp., bifidobactérias, lactobacílus e eubactérias a partir do consumo de polifenois da dieta. Tem propriedades antioxidantes e antiinflamatórias. Níveis altos são associados a alto consumo de polifenois do café, beterraba ou azeitonas. Baixos níveis indicam baixo consumo de polifenóis ou baixa diversidade bacteriana.

  • Ácido 3,5-Dihidroxibenzóico (475.1 H nmol/mg)Elevado (acima de 277.1), possivelmente indicando fermentação bacteriana aumentada no intestino. Níveis altos associados a níveis mais altos de consumo de cereais integrais. Baixos níveis podem estar associados a baixo consumo de cereais integrais ou disbiose intestinal.

  • Ácido 4-Hidroxibenzóico (5.0 nmol/mg)Dentro do normal (<14.9). Costuma aumentar com alto consumo de ácido benzóico como preservativo de alimentos industrializados. Formado por bactérias como Clostridium e Eubacterium. Altos níveis são associados a alto consumo de polifenois, como antocianinas ou aumento do hormônio FSH. Baixos níveis associados a baixo consumo de polifenóis ou disbiose.

  • Ácido Benzóico (564.8 H nmol/mg)Elevado (acima de 488.0), podendo estar relacionado ao metabolismo bacteriano anormal e sobrecarga hepática. Escherichia coli, Bifidobactérias e Lactobacilus produzem ácido benzóico, que pode inibir o crescimento de microorganismos patogênicos. Contudo, o ácido benzóico se une facilmente à glicina e os níveis tendem a permanecer mais baixos. Também é encontrado no brócolis, pimenta, como preservativo de frutas, sucos, vinho, chás. Suplementação de glicina e B5 reduzem os níveis de ácido benzóico.

  • Ácido Hipúrico (406.8 H nmol/mg)Elevado (acima de 291.9), frequentemente associado ao consumo de polifenóis ou disbiose intestinal. O corpo converte ácido benzóico em ácido hipúrico para excreção. Altos níveis de ácido hipúrico são associados a maior diversidade microbiana e melhor saúde intestinal. É visto aumentado em indivíduos mais aderentes à dieta mediterrânica. Os níveis também aumenta com consumo de frutas, vinho e chás. Níveis excessivamente aumentados são comuns em indivíduos com Clostridia spp. Níveis baixos indicam baixa diversidade microbiana. Altos níveis de ácido benzóico e baixos níveis de ácido hipúrico associam-se a pior saúde hepática.

Metabólito Microbiano de Isoflavona

  • EquolNão detectado (<DL), sem significado clínico relevante. É um metabólito bacteriano benéfico associado ao consumo de soja. Tem atividade antioxidante. Níveis aumentados estão associados a maior consumo de isoflavonas da soja, tofu, tempeh ou miso. Níveis baixos estão associados a baixo consumo de soja. Mulheres com muitos sintomas de TPM geralmente não produzem equol.

Avaliação Fúngica

  • Arabitinol (2.9 nmol/mg)Dentro do normal (<9.0), sugerindo ausência de crescimento excessivo de leveduras como Candida e Rhotdotorula spp, que transformam arabinose, glicose ou glicerol em arabinitol. Quando elevado indica excesso de fungos. Níveis dentro do normal ou baixos é o que esperamos.

Resumo da Interpretação

Resultados deste paciente indicam disbiose intestinal, principalmente pelo aumento do ácido indolacético, 3,5-dihidroxibenzóico, benzóico e hipúrico. Pode haver metabolismo alterado do triptofano e fermentação excessiva de polifenóis. O aumento de ácido benzóico e hipúrico pode estar ligado a um aumento na ingestão de polifenóis ou metabolismo bacteriano alterado. Nenhum sinal de crescimento excessivo de fungos.

Possíveis Recomendações

Confirmar e tratar a disbiose intestinal e avaliar dieta (reduzir consumo excessivo de polifenóis, se necessário).

Precisa de ajuda? Marque aqui sua consulta de nutrição online.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Os dois suplementos que não podem faltar no tratamento de transtornos psiquiátricos

A relação entre alimentação, suplementação e saúde mental tem sido cada vez mais estudada. Entre os nutrientes mais importantes para o equilíbrio do sistema nervoso estão o ômega-3 e o magnésio. Eles desempenham papéis fundamentais na regulação dos neurotransmissores, na neuroplasticidade e na proteção contra doenças psiquiátricas.

Vamos entender melhor como esses dois suplementos podem fazer diferença na sua saúde mental!

Ômega-3: O Nutriente Essencial para o Cérebro

O ômega-3 é um ácido graxo essencial que compõe as membranas neuronais e desempenha funções cruciais na saúde do cérebro. Ele influencia diversas propriedades biofísicas das membranas celulares, impactando diretamente a função neuronal e a neuroplasticidade.

Principais Benefícios do Ômega-3 para a Saúde Mental:

Componente da membrana neuronal: essencial para a comunicação entre os neurônios.
Desenvolvimento cerebral: crucial durante a gestação, infância e adolescência.
Modulação da função mitocondrial: melhora a produção de energia para os neurônios.
Influência sobre as propriedades biofísicas das membranas neuronais: melhora a função sináptica e neurofisiológica.
Integridade da Barreira Hematoencefálica (BHE): protege o cérebro contra toxinas e inflamação.
Modulação do sistema endocanabinoide: regula o humor e a resposta ao estresse.
Baixos níveis estão associados à redução da atividade dopaminérgica: impactando o prazer e a motivação.
Potencialização do efeito dos antidepressivos: melhora a resposta ao tratamento para depressão.

🔹 Indicado para: Depressão, ansiedade, transtorno bipolar, TDAH e declínio cognitivo.
🔹 Fontes: Peixes de águas frias (salmão, sardinha), linhaça, chia e suplementos concentrados de EPA/DHA.
🔹 Dose recomendada: 1 a 3 g/dia de EPA/DHA, com maior concentração de EPA para depressão.

Magnésio: O Mineral do Equilíbrio Mental

O magnésio é um cofator essencial em mais de 300 reações enzimáticas do organismo, sendo fundamental para o funcionamento adequado do sistema nervoso. Sua deficiência está relacionada a alterações no humor, aumento do estresse e maior vulnerabilidade a doenças psiquiátricas.

Principais Benefícios do Magnésio para a Saúde Mental:

Neurotransmissão sináptica: melhora a comunicação entre os neurônios.
Modulação dos receptores NMDA e AMPA: regula a excitação neuronal, prevenindo estresse oxidativo.
Produção de BDNF (Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro): essencial para a neuroplasticidade e proteção neuronal.
Deficiência associada à desregulação do eixo HPA: aumenta o estresse e a ativação do sistema nervoso simpático.
Regulação do sistema GABAérgico: promove relaxamento e redução da ansiedade.
Mantém a permeabilidade da Barreira Hematoencefálica (BHE): protege o cérebro contra inflamação e toxinas.
Aumenta o clearance de beta-amiloide: pode ajudar na prevenção do Alzheimer.
Reduz sintomas de Transtorno de Humor Premenstrual (TMP): melhora o equilíbrio hormonal.
Associado à vitamina B6, reduz a atrofia cerebral: importante no envelhecimento e na menopausa.

🔹 Indicado para: Ansiedade, depressão, insônia, estresse, transtornos de humor e doenças neurodegenerativas.
🔹 Melhores formas: Magnésio bisglicinato, citrato ou treonato
🔹 Dose recomendada: 200 a 400 mg/dia.

Aprenda mais sobre psiquiatria nutricional em https://t21.video

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Tipos de Síndrome do Intestino irritável

A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é um distúrbio funcional do intestino que afeta o funcionamento do trato digestivo, causando sintomas como dor abdominal, inchaço, gases e alterações no hábito intestinal. Mulheres têm 1,8 a 2,1 vezes mais chances de desenvolver SII do que homens, além de experienciarem sintomas mais severos (JohnBritto et al., 2024). A SII é classificado em três principais tipos, de acordo com o padrão das fezes:

  1. SII-C (Síndrome do Intestino Irritável com Constipação predominante)

    • Fezes duras ou fragmentadas em mais de 25% das evacuações.

    • Fezes moles ou líquidas em menos de 25% das evacuações.

    • Sensação de evacuação incompleta, inchaço abdominal e dor.

Objetivo: Melhorar o trânsito intestinal e reduzir a dor abdominal.

Mudanças no estilo de vida e alimentação:

✅ Dar preferência a alimentos laxativos e aumentar a ingestão de fibras solúveis (aveia, frutas, sementes de chia).
✅ Beber bastante água para ajudar no trânsito intestinal.
✅ Praticar exercícios físicos regularmente.

Tratamentos específicos:

💊 Laxantes osmóticos (como polietilenoglicol ou lactulose) – ajudam a amolecer as fezes.
💊 Agentes procinéticos (como prucaloprida) – estimulam o movimento intestinal.
💊 Medicamentos para dor (como antiespasmódicos ou antidepressivos tricíclicos em baixas doses).
💊 Probióticos – podem ajudar na regulação da microbiota intestinal.

💊 Suplementos de fibras – ajudam a aumentar volume e melhorar a consistência das fezes.

  1. SII-D (Síndrome do Intestino Irritável com Diarreia predominante)

    • Fezes moles ou líquidas em mais de 25% das evacuações.

    • Fezes duras ou fragmentadas em menos de 25% das evacuações.

    • Urgência para evacuar, aumento da frequência intestinal e cólicas.

Objetivo: Reduzir a frequência das evacuações e aliviar o desconforto abdominal.

Mudanças no estilo de vida e alimentação:

✅ Evitar alimentos irritantes (cafeína, álcool, comidas gordurosas, adoçantes artificiais).
✅ Reduzir lactose e glúten, caso agravem os sintomas.
✅ Comer refeições menores e mais frequentes.

✅ Dar preferência a alimentos constipantes.

Tratamentos específicos:

💊 Antidiarreicos (como loperamida) – reduzem a frequência das evacuações.
💊 Rifaximina – antibiótico para casos em que há supercrescimento bacteriano.
💊 Colestiramina – útil para quem tem diarreia por má absorção de ácidos biliares.
💊 Antidepressivos tricíclicos (como amitriptilina) – podem reduzir a dor abdominal e a hipersensibilidade do intestino.

  1. SII-M (Síndrome do Intestino Irritável Misto ou Alternante)

    • Alternância entre episódios de constipação e diarreia.

    • Sintomas variáveis, dificultando o controle e tratamento.

Objetivo: Equilibrar o funcionamento intestinal.

Mudanças no estilo de vida e alimentação:

✅ Ajustar a dieta conforme a fase (mais fibras solúveis na constipação, evitar irritantes na diarreia).
✅ Manter um diário alimentar para identificar gatilhos.
✅ Técnicas de gerenciamento do estresse (meditação, ioga, terapia).

Tratamentos específicos:

💊 Probióticos – ajudam a equilibrar a flora intestinal.
💊 Antiespasmódicos – para alívio das dores e cólicas.
💊 Antidepressivos – em baixas doses, regulam a sensibilidade do intestino.
💊 Medicamentos específicos para evacuação ou controle da diarreia, conforme necessário.

Além desses, há um quarto grupo chamado SII não classificado (SII-U), usado quando os sintomas não se encaixam nos padrões acima.

Outras abordagens úteis para todos os tipos:

✔️ Dieta FODMAP – reduzir certos carboidratos fermentáveis pode melhorar os sintomas.
✔️ Psicoterapia – tratar ansiedade e estresse pode ajudar no controle da SII.
✔️ Fitoterápicos – óleo de hortelã-pimenta pode reduzir cólicas e desconforto.

✔️ Tratamento da disbiose intestinal - aprenda mais aqui.

Por que ansiolíticos e antidepressivos podem ser necessários?

A síndrome do intestino irritável é uma disfunção do eixo intestino-cérebro. Estima-se que sintomas ansiosos atinjam 39,1% das pessoas com SII e sintomas depressivos 28,8%. Indíviduos com SII têm 3 vezes mais chances de desenvolver sintomas depressivos e ansiosos quando comparados à indivíduos saudáveis (Zamani, Alizadeh-Tabari, & Zamani, 2019). Por isso, a medicação e/ou a psicoterapia e outras técnicas psicossomáticas são frequentemente recomendadas (Sasaki, Sutoh, & Abe, 1992). Se estiver sem psicólogo, procure a Julia Maciel para te ajudar a lidar com a parte emocional.

Uma dieta com alta densidade nutricional, rica em frutas e verduras, in natura, com alto consumo de gorduras mono e poliinsaturadas, correção de carências nutricionais faz parte do tratamento intestino-cérebro. A depender dos sintomas podem ser necessárias também enzimas digestivas, cAprenda mais em https://t21.video ou marque sua consulta de nutrição aqui.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/