Metais pesados e doenças cardiovasculares

Metais contaminantes, como chumbo (Pb), cádmio (Cd) e arsênio (As), são poluentes ambientais amplamente disseminados e representam um sério risco para a saúde cardiovascular. A American Heart Association divulgou uma declaração científica destacando os impactos desses metais no coração e nos vasos sanguíneos.

Fontes de Exposição

Os metais contaminantes podem ser encontrados em diversas fontes ambientais e industriais, incluindo:

  • Poluição do ar gerada por fábricas e emissões industriais;

  • Água contaminada com metais pesados;

  • Alimentos cultivados em solos contaminados;

  • Cigarros e dispositivos de vaporização;

  • Resíduos industriais despejados de forma inadequada.

Esses metais entram no organismo principalmente pela inalação de partículas no ar ou pela ingestão de água e alimentos contaminados.

Estudos experimentais in vivo e in vitro mostram que a exposição aos metais pesados altera as vias biológicas com papéis compartilhados na regulação das funções cardíaca e vascular, incluindo função endotelial vascular, inflamação crônica, estresse oxidativo, efeitos epigenéticos e outros efeitos cardiotóxicos.

Uma vez no organismo, esses metais são absorvidos pelo sistema respiratório e digestivo, entrando na corrente sanguínea. O chumbo e o cádmio tendem a se acumular em tecidos como ossos, fígado e rins, enquanto o arsênio pode sofrer processos de metilação antes de ser eliminado pela urina.

Impactos no Coração e nos Vasos Sanguíneos

A exposição a metais pesados está associada a diversas doenças cardiovasculares, incluindo:

  • Doença arterial coronariana: pode levar a infartos devido ao acúmulo de placas nas artérias.

  • Acidente vascular cerebral (AVC): o comprometimento dos vasos sanguíneos pode aumentar o risco de derrame cerebral.

  • Doença arterial periférica: o estreitamento das artérias pode prejudicar a circulação sanguínea, especialmente nas pernas.

Existem efeitos também em outros órgãos. Uma das formas de avaliar os metais pesados é no sangue total:

Metais pesados e outros elementos tóxicos também podem ser analisados no cabelo:

A desintoxicação de metais pesados, como chumbo (Pb), cádmio (Cd) e arsênio (As), pode ser feita naturalmente por meio da alimentação, estilo de vida e suporte de alguns suplementos.

1. Alimentos que Ajudam na Eliminação de Metais Pesados

Certos alimentos contêm compostos que auxiliam na quelação (ligação e eliminação) de metais tóxicos do organismo:

  • Coentro e salsa: ajudam a remover metais pesados do sangue e tecidos.

  • Chlorella e spirulina: algas ricas em clorofila que auxiliam na eliminação de toxinas.

  • Alho: contém enxofre, que apoia a eliminação de metais pelos rins e fígado.

  • Brócolis, couve e repolho: ricos em enxofre e antioxidantes, ajudam na detoxificação hepática.

  • Cúrcuma: tem propriedades anti-inflamatórias e estimula o fígado a eliminar toxinas.

  • Maçã, banana e cítricos: contêm pectina, que ajuda a remover metais pesados do trato digestivo.

2. Suplementos e Minerais que Ajudam

  • Zinco e selênio: competem com metais tóxicos no organismo e reduzem sua absorção.

  • Carvão ativado: ajuda a eliminar toxinas do intestino.

  • Cardo-mariano: protege e fortalece o fígado na eliminação de toxinas.

3. Hidratação e Exercícios

  • Beber bastante água (2-3 litros por dia) para estimular a eliminação pelos rins.

  • Suar regularmente (exercícios físicos ou sauna) ajuda a expelir metais pesados pela pele.

4. Evitar Novas Exposições

  • Prefira alimentos orgânicos para evitar pesticidas com metais pesados.

  • Use filtros de água para remover chumbo e arsênio da água potável.

  • Evite peixes com alto teor de mercúrio, como atum e peixe-espada.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Metabolômica dos lipídios

A imagem abaixo mostra uma seção do exame metabolômico focada na oxidação de ácidos graxos. Produtos intermediários do metabolismo de ácidos graxos, como ácidos Sebácico, Adípico, Subérico, Pimélico, Hexanoilglicina, Suberoilglicina altos podem indicar deficiência de carnitina, problemas na beta-oxidação de ácidos graxos. Níveis baixos destes intermediários normalmente não indica preocupação. Avaliação dos resultados:

Teste de paciente A

Ácido Adípico (17.3 H, referência: 2.0 - 15.1 nmol/mg creatinina)

  • O que é? Ácido dicarboxílico formado na degradação dos ácidos graxos.

  • Interpretação:

    • Níveis elevados podem indicar oxidação incompleta de ácidos graxos, frequentemente associada a deficiência de carnitina, desbalanço mitocondrial ou estresse oxidativo.

    • Pode estar relacionado a dieta rica em gorduras ou exposição a toxinas ambientais.

Ácido Sebácico (14.8 H, referência: <3.7 nmol/mg creatinina)

  • O que é? Outro ácido dicarboxílico, produto da beta-oxidação incompleta de ácidos graxos.

  • Interpretação:

    • Aumento pode indicar deficiência de carnitina ou bloqueio no metabolismo lipídico.

    • Frequente em pessoas com resistência insulínica, metabolismo prejudicado de lipídios ou disfunção mitocondrial.

Ácido Subérico (28.5, referência: 3.0 - 29.4 nmol/mg creatinina)

  • O que é? Produto da oxidação incompleta de ácidos graxos.

  • Interpretação:

    • Próximo ao limite superior, pode indicar baixa eficiência mitocondrial.

    • Se associado a outros marcadores elevados, pode reforçar um quadro de estresse oxidativo ou disfunção na beta-oxidação.

Ácido Pimélico (18.2, referência: 5.9 - 31.8 nmol/mg creatinina)

  • O que é? Outro ácido dicarboxílico relacionado ao metabolismo lipídico.

  • Interpretação:

    • Dentro da faixa de referência, mas relativamente alto, pode ser um achado secundário sem relevância clínica, a menos que outros metabólitos estejam muito elevados.

Suberylglycine (4.6 H, referência: <2.3 nmol/mg creatinina)

  • O que é? Indicador da oxidação de ácidos graxos de cadeia média.

  • Interpretação:

    • Elevação pode sugerir deficiência de carnitina ou distúrbios no metabolismo de ácidos graxos de cadeia média.

    • Pode estar associada a doenças mitocondriais ou alterações genéticas na beta-oxidação.

Ácido 2-Metilsuccínico (83.4 H, referência: 3.2 - 21.1 nmol/mg creatinina)

  • O que é? Um ácido dicarboxílico, marcador de disfunção mitocondrial e metabolismo energético.

  • Interpretação:

    • Elevação significativa sugere bloqueio na via do ciclo de Krebs, levando a acúmulo de metabólitos tóxicos.

    • Possível associação com deficiência de coenzima Q10, B2, problemas na função mitocondrial ou até doenças metabólicas hereditárias.

No exame acima há perfil metabólico sugestivo de disfunção na oxidação de ácidos graxos e potencial deficiência de carnitina. Isto parece ser verdade pela elevação do corpo cetônico β-Hidroxibutirato, que eleva-se também no diabetes descompensado e dieta cetogênica, mas não era o caso deste paciente.

Teste de paciente A

O tratamento da disbiose intestinal e estresse oxidativo são indicados, assim como a correção de possíveis deficiências nutricionais, incluindo carnitina, Q10, zinco, selênio. É importante lembrar que metais pesados como mercúrio, chumbo, cádmio e alumínio são conhecidos por inibir enzimas mitocondriais que afetam a beta-oxidação de ácidos graxos, além de aumentar o estresse oxidativo e a demanda por antioxidantes.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Metabolômica: ciclo de Krebs (ciclo do ácido cítrico)

No post anterior falei do estudo metabolômico da glicólise. Esta via é apenas a primeira etapa para a oxidação completa da glicose. Ocorre no citoplasma na ausência de oxigênio. Contudo, para maior produção de oxigênio precisamos respirar. Captamos o O2 que é consumido nas reações bioquímicas. O O2 recebe elétrons e CO2 e H2O são produzidos.

  1. Ácido Cítrico (Citrato) – Primeiro metabólito do ciclo de Krebs, essencial para a produção de ATP. Alto: pode indicar maior necessidade de ferro.

  2. Ácido Cis-Aconítico – Intermediário na conversão de citrato em isocitrato. Alto: pode indicar maior necessidade de glutationa.

  3. Ácido Isocítrico – Importante para a produção de NADH, usado na respiração celular. Alto: pode indicar maior necessidade de B3, magnésio e manganês.

  4. Ácido α-Cetoglutárico – Chave para o metabolismo de aminoácidos e produção de energia. Alto: pode indicar maior necessidade de magnésio, B1, B2 e B3.

  5. Ácido Succínico – Importante na produção de ATP e metabolismo mitocondrial. Alto: pode indicar maior necessidade de ferro e B2.

  6. Ácido Fumárico – Intermediário do ciclo de Krebs, ligado à produção de energia.

  7. Ácido Málico – Participa na regeneração do oxaloacetato para manter o ciclo ativo. Alto: pode indicar maior necessidade de B3.

Resultado do teste de paciente A

Interpretação:

  • ↑ Altos: Indicam bloqueios em enzimas do ciclo de Krebs, estresse oxidativo. Ver acima alteração de ácido isocítrico, ácido succínico e ácido málico, indicando maior necessidad dos cofatores B2, B3, ferro e magnésio.

  • ↓ Baixos: Indicam deficiências de vitaminas B1, B2, B3, B5, baixa produção de energia.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/