O metabolismo é uma atividade celular altamente coordenada, em que muitos sistemas enzimáticos cooperam para obter energia, transformar as moléculas dos nutrientes em outras moléculas necessárias ao corpo. A glicose ocupa posição central no metabolismo.
Os quatro destinos principais da glicose são: (1) usada na síntese de pollissacarídeos complexos, (2) armazenada nas células, (3) oxidada a compostos de três carbonos (piruvato) por meio da glicólise, para fornecer ATP e outros intermediários, (4) oxidada pela via das pentoses-fosfato produzindo ribose 5-fosfato para a síntese de ácidos nucleicos e NADH para processos biossintéticos redutores.
Na glicólise uma molécula de glicose é degradada em uma série de reações, gerando duas moléculas de piruvato. Parte da energia livre é conservada na forma de ATP e NADH. As 5 primeiras fases da glicólise são preparatórias, como o consumo de duas moléculas de ATP.
Fonte: Lehninger, 6a ed.
Na fase de pagamento há a síntese de quatro moléculas de ATP, com um lucro final de 2 moléculas + 2NADH.
Fonte: Lehninger, 6a ed.
A metabolômica da glicólise estuda os metabólitos envolvidos nessa via metabólica essencial para o metabolismo energético, especialmente em células com alta demanda de energia, como neurônios e células musculares. Alterações na glicólise estão associadas a câncer, resistência insulínica e neurodegeneração.
🔬 Metabólitos Principais estudados
Resultado do teste de paciente A
1. Glucose (fornece energia para a célula)
↑ Alta: Resistência à insulina, diabetes, estresse metabólico.
↓ Baixa: Hipoglicemia, má absorção, desnutrição.
2. Piruvato (produto final da glicólise)
Origem: Conversão de PEP pela piruvato quinase
Destino: Pode seguir para o ciclo de Krebs (condições aeróbicas) ou ser convertido em lactato (anaerobiose) ou alanina.
↑ Alta: Falta de cofatores (vitaminas B1, B2, B3, B5), metabolismo anaeróbico aumentado.
↓ Baixa: Baixa conversão de glicose em energia.
3. Lactato (produto de conversão anaeróbica do piruvato)
↑ Alta: Falta de cofatores (vitaminas B1, B2, B3, B5), metabolismo anaeróbico aumentado.
↓ Baixa: Baixa conversão de glicose em energia.
4. Alanina
Origem: Conversão de piruvato em alanina pela alanina aminotransferase (ALT)
Destino: Este processo acontece principalmente no músculo, onde o piruvato recebe um grupo amino do glutamato, formando alanina.
↑ Alta: Catabolismo muscular elevado, metabolismo desregulado da glicose.
↓ Baixa: Baixa síntese proteica, deficiência de B6.
Os exames metabolômicos detectam alterações precoces no metabolismo glicolítico, mesmo antes de alterações plasmáticas nos exames convencionais.
🏥 Aplicações Clínicas da Metabolômica da Glicólise
A análise dos metabólitos glicolíticos tem grande valor diagnóstico e terapêutico em diversas condições:
1️⃣ Câncer: "Efeito Warburg"
Células cancerígenas podem aumentar a glicólise mesmo na presença de oxigênio (efeito Warburg)
Alta captação de glicose → Detectada por PET scan com FDG (Fluorodeoxiglicose)
Inibição da PKM2 (piruvato quinase M2) pode bloquear o crescimento tumoral
Fonte: Lehninger, 6a ed.
2️⃣ Diabetes e Resistência à Insulina
Acúmulo de glicose-6-fosfato e frutose-6-fosfato indicam resistência à insulina
Aumento da conversão de glicose em sorbitol pode levar a complicações diabéticas
3️⃣ Doenças Neurodegenerativas (Alzheimer, Parkinson)
Baixa atividade glicolítica no cérebro está associada a declínio cognitivo e Alzheimer
Déficits na piruvato desidrogenase podem comprometer o metabolismo energético
4️⃣ Hipóxia e Distúrbios Metabólicos
Em condições de baixa oxigenação (ex.: sepse, AVC), a glicólise anaeróbica aumenta a produção de lactato
Acúmulo excessivo de lactato leva a acidose lática