Genômica e metabolômica na saúde infantil

As ciências ômicas são áreas da biologia que estudam de forma abrangente e integrada grandes conjuntos de dados biológicos — como genes, proteínas, metabólitos, etc. Elas incluem:

  • Genômica (estudo do genoma)

  • Transcriptômica (estudo dos RNAs)

  • Proteômica (estudo das proteínas)

  • Metabolômica (estudo dos metabólitos)

  • Entre outras

A genômica estuda todo o material genético (DNA) de um organismo. Na saúde infantil, ela tem diversas aplicações importantes:

  • Diagnóstico precoce de doenças genéticas: Identificação de mutações que causam doenças hereditárias raras, que muitas vezes se manifestam na infância.

  • Medicina personalizada: A partir do perfil genético da criança, é possível ajustar tratamentos para doenças como câncer infantil, doenças metabólicas, e outras condições.

  • Triagem neonatal: Uso do sequenciamento genético para detectar doenças antes dos sintomas aparecerem, facilitando intervenções rápidas.

  • Estudo do desenvolvimento: Entender como variações genéticas influenciam o crescimento e o desenvolvimento infantil.

A metabolômica é o estudo abrangente dos metabólitos em um organismo, permitindo a análise das vias metabólicas e sua relação com a saúde e doenças. Metabólitos são pequenas moléculas resultantes do mestabolismo. Em crianças, a metabolômica tem sido aplicada em diversas áreas da saúde, incluindo:

1. Diagnóstico de Doenças Metabólicas

A análise metabolômica auxilia na identificação de erros inatos do metabolismo, como fenilcetonúria, acidemias orgânicas e doenças mitocondriais, possibilitando um diagnóstico precoce e intervenções mais eficazes. De fato, a triagem neonatal é a aplicação mais amplamente utilizada da metabolômica.

Erros inatos do metabolismo são distúrbios congênitos do metabolismo que podem levar a deficiências mentais e físicas graves, principalmente se não forem detectados e tratados precocemente.

Existem mais de 530 erros inatos conhecidos e a maioria se enquadra em 13 categorias amplas:

  1. metabolismo de carboidratos,

  2. metabolismo de aminoácidos,

  3. metabolismo do ciclo da ureia,

  4. metabolismo de ácidos orgânicos,

  5. oxidação de ácidos graxos,

  6. metabolismo de porfirinas,

  7. metabolismo de nucleotídeos,

  8. metabolismo de esteroides,

  9. função mitocondrial,

  10. função peroxissomal,

  11. armazenamento lisossomal,

  12. metabolismo de lipídios,

  13. armazenamento de metais.

Em muitos casos, esses EIMs são caracterizados pela produção de metabólitos anormais (frequentemente tóxicos) (como PKU) ou pela ausência de produção de metabólitos normais. Entretanto, um pequeno número de EIMs é caracterizado pela compartimentação anormal de metabólitos normais (como doenças de armazenamento lisossomal).

Mutações no gene da fenilalanina hidroxilase impedem a conversão de fenilalanina em tirosina, levando ao acúmulo de fenilalanina e outros ácidos aromáticos no cérebro. A fenilalanina é bastante tóxica para o cérebro em desenvolvimento e, se a PKU não for detectada e tratada precocemente (com uma dieta pobre em fenilalanina), ocorrerão danos cerebrais (Wishart, 2019).

2. Nutrição e Desenvolvimento Infantil

O estudo dos metabólitos pode ajudar a entender o impacto da alimentação infantil, do leite materno e de fórmulas infantis no desenvolvimento metabólico. Além disso, pode identificar biomarcadores de desnutrição ou obesidade infantil.

3. Microbiota Intestinal e Saúde Infantil

A metabolômica auxilia na análise da interação entre a microbiota intestinal e o metabolismo infantil, podendo revelar predisposições a doenças inflamatórias, alergias e distúrbios gastrointestinais.

4. Doenças Neurológicas e Psiquiátricas

Alterações nos perfis metabólicos podem estar associadas a transtornos como autismo, TDAH e epilepsia, ajudando na compreensão da fisiopatologia e no desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas.

5. Medicina Personalizada e Prevenção

A análise metabolômica em crianças pode permitir intervenções personalizadas para manejo de transtornos ou mesmo prevenção do desenvolvimento de doenças crônicas na vida adulta, como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Inativação do hormônio tireoidiano pela D3

A desiodase tipo III (D3 ou DIO3) é responsável principalmente pela inativação dos hormônios tireoidianos. Embora sua função mais conhecida seja converter T3 (triiodotironina) em T3 reverso (rT3) e T4 (tiroxina) em T3 ou rT3, ela também desempenha outros papéis importantes no cérebro.

Funções da D3 no Cérebro:

  1. Regulação dos Níveis Locais de Hormônios Tireoidianos

    A D3 é altamente expressa no cérebro fetal e neonatal, onde protege os neurônios em desenvolvimento do excesso de hormônio tireoidiano (T3) ao inativá-lo. Em adultos, ela ajuda a regular os níveis de T3, garantindo um equilíbrio adequado para a função cerebral normal.

  2. Neuroproteção e Plasticidade

    A D3 é reativada em resposta a lesões cerebrais (por exemplo, isquemia, neurodegeneração ou hipóxia), reduzindo localmente os níveis de T3, o que pode ajudar na sobrevivência dos neurônios. Influencia a diferenciação neuronal e a plasticidade sináptica, afetando processos como aprendizado e memória.

  3. Papel em Doenças Neurológicas

    Aumento da atividade da D3 foi observado em condições como doença de Alzheimer, tumores cerebrais e transtornos psiquiátricos (por exemplo, depressão, esquizofrenia), o que pode levar a um estado de hipotireoidismo localizado no cérebro.

Portanto, embora a D3 converta T3 em T3 reverso, sua função vai além disso, envolvendo a regulação da disponibilidade dos hormônios tireoidianos, proteção dos neurônios e modulação da função e reparo cerebral.

Níveis adequados são importantes, mas expressão exagerada de desiodase tipo 3 gera inativação de hormônios da tireoide. Pode acontecer em doenças críticas (sepse, trauma, insuficiência cardíaca grave), diabetes, resistência insulínica, tumores de origem neural, hemangiomas hepáticos (levando a produção excessiva de D3), desnutrição severa, jejum prolongado, cirurgias e queimaduras extensas, overtraining. O resultado é um hipotireoidismo funcional. Aprenda mais:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Alimentação após a atividade física

Quem treina muito leve ou só faz caminhadas não precisa ter uma dieta diferente de uma alimentação saudável e variada. Mas quem treina mais pesado precisa dar mais atenção ao que ingere.

O exercício e a recuperação do exercício são estados fisiológicos muito diferentes do repouso. Alguns dos alimentos que podem ser ótimos após o exercício podem não ser os melhores para você em repouso.

Após o exercício, você precisa se concentrar nos três Rs:

  1. reabastecer

  2. reidratar

  3. reparar

A dose dietética recomendada internacional (RDA) para ingestão de proteínas para onívoros é de cerca de 0,8 gramas por quilograma de peso corporal diariamente. Para vegetarianos 1,0 grama de proteína por quilograma de peso.

Então, se você pesa cerca de 70 kg, são 56 g a 70g de proteína por dia para sedentários ou pessoas que praticam atividades leves.

  • 1 ovo grande contém cerca de 6 g de proteína.

  • 100 g de amendoim tem cerca de 23 g.

  • 100 g de peito de frango contém cerca de 32 g.

Já quem pratica regularmente treinamento de resistência de alta intensidade, pode precisar de 1,6 a 1,8 g de proteína por kg de peso corporal. Quase o dobro da recomendação para manutenção.

Como a maioria das pessoas come muita proteína, esta não é uma grande preocupação para a maioria das pessoas. Claro, se você come pão de manhã, tarde e noite, pode ser que não esteja atingindo sua cota diária necessária.

O que são proteínas?

As proteínas são criadas a partir de blocos de construção chamados aminoácidos. Seu corpo precisa de 20 aminoácidos para funcionar e pode produzir todas as suas proteínas (enzimas, anticorpos, hormônios, receptores, músculo, cabelo, unha, neurotransmissores…).

Destes 20 aminoácidos existem nove aminoácidos considerados “essenciais” pois nosso corpo não os consegue produzir. Um desses aminoácidos essenciais é a leucina. Alimentos de origem animal possuem mais leucina e as plantas apresentam níveis relativamente baixos deste aminoácido. Esta é uma das razões pelas quais vegetarianos podem precisar de mais plantas para atingir sua meta de ingestão de proteína. Outros aminoácidos essenciais menos abundantes nas plantas são a lisina e a metionina.

Além disso, veganos e adultos mais velhos podem precisar estar mais atentos à ingestão de proteínas. Você pode encontrar uma lista de fontes de proteína vegana aqui.

Reabastecer após exercício

Nos músculos, a energia é armazenada como glicogênio, que nada mais é que a união de muitas moléculas de glicose. Depois de um treino intenso as reservas de glicogênio se esgotam. Para uma recuperação rápida, especialmente se você fará exercício novamente mais tarde ou no dia seguinte, é importante reabastecer estoques. Você pode consumir fruta, aveia ou outros cereais, vegetais, batata doce…

Algumas evidências sugerem que, após uma sessão intensa de exercício, combinar estes carboidratos com um pouco de proteína pode ajudar os músculos a reconstruir os estoques de glicogênio mais rapidamente do que apenas os carboidratos. Exemplos de combinações:

  • Iogurte com frutas

  • Arroz com feijão

  • Macarrão com carne moída

  • Legumes com tofu

  • Whey protein ou proteína vegana com aveia

O segundo R vem de reidratação: à medida que você sua, seu corpo perde água. Também perde sais e minerais, como sódio, magnésio e potássio. Coletivamente, eles são chamados de eletrólitos. Os eletrólitos são importantes para o funcionamento saudável de muitos sistemas do corpo, incluindo o sistema nervoso e os músculos. Água e eletrólitos podem ser repostos tanto com comida (como na melancia, rica em água e potássio), quanto com bebidas (água de coco, refrescos, suco verde, por exemplo).

Mas se o seu treino foi longo e intenso, você estava se exercitando em algum lugar quente ou planeja fazer exercícios novamente em breve, talvez seja necessário fazer mais esforço para reidratar e repor os eletrólitos. Existem bebidas esportivas e repositores eletrolíticos em cápsulas e pó. Podem conter ou não carboidratos na composição. Mas cuidados pois existem produtos cheios de corantes, conservantes, adoçantes, que podem ser prejudiciais.

Para repor os fluidos do seu corpo, a água resolverá muito bem o problema. Para quem sua muito ou se exercita em ambientes quentes a reposição de eletrólitos pode ser necessária:

O sódio pode ser adicionado a sucos de vegetais ou ingerido na forma de queijo, alimentos fermentados, picles, refeições salgadas, repositores eletrolíticos.

Frutas e vegetais são ricas em potássio. Inclua na dieta, laranja, abacate, banana, batata doce. O magnésio pode vir de chocolate amargo, nozes, semente de abóbora ou girassol. O cloreto pode vir do sal (NaCl), de frutos do mar algas marinhas. O cálcio pode vir de laticínios, queijo, gergelim, quiabo, couve e outros vegetais verde escuros.

Por fim, podemos prestar atenção aos antioxidantes. O exercício induz uma resposta inflamatória, principalmente o treinamento de força com foco em contrações excêntricas e exercícios de alta intensidade.

A inflamação durante o exercício se deve em parte à liberação de radicais livres. Alimentos ricos em antioxidantes podem ajudar a reduzir essa inflamação. Alimentos como açaí, amoras, romã, cerejas, açafrão, hortelã, canela, são ricos em antioxidantes.

Quer aprender mais sobre nutrição e atividade física? Acompanhe os cursos:

Precisa de orientação? Marque sua consulta de nutrição online.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/