EXERCÍCIO VIGOROSO REDUZ RISCO DE MORTE

Todos sabemos que o exercício é importante, mas uma pesquisa da National Health Interview Survey mostrou que a atividade física vigorosa pode acrescentar anos à sua vida.

A pesquisa, que decorreu de 1997 a 2013, mostrou que aqueles que tinham uma proporção maior de atividade física vigorosa em relação à quantidade total de exercício tinham um risco menor de morte precoce por todas as causas. O estudo também mostrou que 150 minutos de atividade vigorosa por semana tiveram o maior benefício.

É importante notar que a pesquisa foi auto-relatada e que a definição de “vigoroso” foi definida de forma muito vaga, mas não importa de que maneira você o corte, mover seu corpo é extremamente importante para viver uma vida saudável!

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Aumento de IgE na dermatite atópica

A dermatite atópica é uma doença inflamatória crônica da pele associada à disfunção da barreira cutânea e à hiperatividade do sistema imunológico. Muitas vezes, está relacionada a outras condições atópicas, como asma, rinite alérgica e alergias alimentares.

Dermatite atópica e IgE elevada

As IgE (imunoglobulinas E) são anticorpos envolvidos em reações alérgicas. Na dermatite atópica, especialmente nas formas mais graves, os níveis de IgE no sangue podem estar muito elevados. O aumento da IgE indica uma hipersensibilidade alérgica, mas nem sempre está diretamente relacionado à gravidade da dermatite atópica.

Causas do aumento da IgE

  • Predisposição genética: Mutações no gene FLG (filagrina) podem comprometer a barreira da pele, facilitando a penetração de alérgenos e ativando a produção de IgE.

  • Exposição a alérgenos: Pólen, poeira, pelos de animais, alimentos ou substâncias químicas podem estimular a produção de IgE.

  • Disbiose intestinal e alteração do microbioma cutâneo (desequilíbrio das bactérias presentes na pele).

  • Fatores ambientais: Poluição, clima seco, estresse.

Possíveis tratamentos

  1. Evitar gatilhos alérgicos: Testes alérgicos (RAST, prick test) para identificar possíveis alérgenos.

  2. Manter a pele hidratada: Uso de emolientes e cremes barreira para reduzir o ressecamento.

  3. Corticosteroides tópicos ou inibidores da calcineurina (tacrolimus, pimecrolimus) para reduzir a inflamação.

  4. Anti-histamínicos (se a coceira for intensa e desconfortável).

  5. Imunomoduladores sistêmicos (em casos graves): Dupilumabe (anticorpo monoclonal que reduz a ação das IgE), ciclosporina.

  6. Dieta equilibrada e probióticos: Podem ajudar a modular a resposta imunológica.

Modulação intestinal

A modulação intestinal pode desempenhar um papel importante no controle da dermatite atópica (DA), pois o intestino tem uma forte conexão com o sistema imunológico e a resposta inflamatória. A dieta e a saúde do microbioma intestinal influenciam diretamente a barreira cutânea, a produção de IgE e a inflamação sistêmica.

1. Relação entre o intestino e a dermatite atópica

O intestino abriga 70% do sistema imunológico, sendo essencial para equilibrar a resposta inflamatória. A disbiose intestinal (desequilíbrio das bactérias benéficas e patogênicas) pode aumentar a permeabilidade intestinal (intestino "permeável" ou "vazado"), permitindo a passagem de toxinas e alérgenos para a corrente sanguínea, o que pode desencadear inflamação e agravar a dermatite atópica. Pacientes com DA frequentemente apresentam redução de bactérias benéficas (como Lactobacillus e Bifidobacterium) e um aumento de bactérias patogênicas.

2. Estratégias para modulação intestinal na DA

A) Uso de probióticos

Estudos indicam que probióticos específicos podem ajudar a reduzir a inflamação e melhorar a barreira cutânea. Algumas cepas eficazes incluem:

  • Lactobacillus rhamnosus GG

  • Bifidobacterium lactis

  • Lactobacillus reuteri

Esses probióticos podem ser consumidos por meio de alimentos fermentados (iogurte natural, kefir, chucrute) ou suplementos.

B) Uso de prebióticos

  • Prebióticos são fibras que alimentam as bactérias benéficas do intestino.

  • Estão presentes em frutas, vegetais, aveia, linhaça, alho, cebola e aspargos.

C) Alimentação anti-inflamatória

  • Aumentar o consumo de alimentos ricos em ômega-3: Peixes gordurosos (salmão, sardinha), linhaça e chia ajudam a reduzir a inflamação.

  • Vegetais e frutas coloridas: Fornecem antioxidantes que protegem a pele.

  • Carnes magras e proteínas vegetais: Evitam picos inflamatórios associados ao excesso de proteínas animais processadas.

  • Evitar açúcar e ultraprocessados: Reduzem a inflamação e evitam o desequilíbrio do microbioma.

D) Avaliação de alergias alimentares e dieta individualizada

  • Algumas pessoas com DA podem ter hipersensibilidade alimentar, especialmente a leite, glúten, ovos, nozes e frutos do mar.

  • Testes alérgicos (RAST, IgE específica, dieta de exclusão) podem ajudar a identificar gatilhos.

  • A dieta deve ser ajustada conforme a resposta individual do paciente.

Conclusão

A modulação intestinal por meio da dieta e do uso de probióticos/prebióticos pode ser uma abordagem complementar eficaz para o tratamento da dermatite atópica. Aprenda a tratar o intestino aqui.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Entendendo o pH do estômago e as implicações do uso de inibidores da bomba de prótons

O pH normal do estômago varia entre 1,5 e 3,5 em condições normais, garantindo um ambiente altamente ácido que desempenha funções essenciais para a digestão e proteção do organismo.

Importância do pH estomacal normal

Digestão de proteínas

A acidez ativa a pepsina, enzima essencial para a digestão de proteínas. Em pH acima de 4, a pepsina se torna inativa, prejudicando a digestão.

Absorção de nutrientes

  • Ferro não-heme (de origem vegetal) precisa de um meio ácido para ser convertido de Fe³⁺ para Fe²⁺, sua forma absorvível.

  • Vitamina B12 depende da acidez para se desprender dos alimentos e se ligar ao fator intrínseco.

  • Cálcio pode ter a absorção reduzida se o pH estiver elevado.

Barreira contra microrganismos

A acidez gástrica impede o crescimento de bactérias e fungos patogênicos. Um pH acima de 4 favorece infecções, incluindo a proliferação de Helicobacter pylori, associada a gastrite e úlceras.

Conversão de nitrito em óxido nítrico (NO)

A vitamina C, em meio ácido, converte nitrito (NO₂⁻) em óxido nítrico (NO), que tem efeitos benéficos. Com pH elevado, o nitrito pode se transformar em compostos N-nitrosos, que são potencialmente carcinogênicos.

Situações que cursam com aumento de pH estomacal

O pH do estômago pode ficar acima de 4 em algumas situações, como:

  • Uso de inibidores da bomba de prótons (IBPs), como omeprazol.

  • Hipocloridria (baixa produção de ácido gástrico), comum em idosos.

  • Infecção por Helicobacter pylori, que pode reduzir a secreção ácida ao longo do tempo.

  • Cirurgia bariátrica pode fazer o pH subir de 1,8 (antes da cirurgia) pra 4,9 ou mais.

O pH deve ser entendido como uma escala logarítmica. Ou seja, ele é calculado com base no logaritmo negativo da concentração de íons H⁺ (prótons) em uma solução. A equação que define o pH é: pH=−log⁡[H+]

Isso implica que cada unidade de pH representa uma variação de 10 vezes na concentração de íons H⁺.

  1. Se o pH diminui de 4 para 3 → a concentração de H⁺ aumentou 10 vezes.

  2. Se o pH diminui de 3 para 2 → a concentração de H⁺ aumentou 100 vezes.

  3. Se o pH sobe de 2 para 4 → a solução ficou 100 vezes menos ácida (ou mais básica).

Isso significa que pequenas variações no pH indicam mudanças muito grandes na acidez ou basicidade da solução.

Consequências do aumento do pH estomacal pelo uso de antiácidos

O uso de 40 mg/dia de omeprazol por 4 semanas pode aumentar o pH gástrico para 7,2 (próximo ao neutro). Esse aumento reduz a solubilidade e a absorção de nutrientes essenciais, especialmente aqueles que dependem de um ambiente ácido.

Principais Alterações Nutricionais

  1. Vitamina C (Ácido Ascórbico)

    A concentração de vitamina C no suco gástrico cai de 6 para 3 µM/L. O ácido ascórbico, a forma ativa da vitamina C, sofre uma redução ainda maior, de 3,8 para 0,7 µM/L. Como a vitamina C é essencial para a absorção de ferro não-heme, essa redução pode afetar a biodisponibilidade do ferro. O nitrito gástrico aumenta de 0 para 13 µg/ml. A falta de vitamina C aumenta nitritos, que podem reagir com aminas formando compostos N-nitrosos, potencialmente carcinogênicos (Henry et al., 2005).

  2. Ferro

    O ferro não-heme (presente em vegetais e alimentos fortificados) precisa de um meio ácido para ser reduzido de Fe³⁺ (forma menos absorvível) para Fe²⁺ (forma absorvível). O pH mais alto prejudica essa conversão e, consequentemente, a absorção de ferro, aumentando o risco de anemia ferropriva.

  3. Vitamina B12

    A absorção da B12 depende do fator intrínseco, que é ativado em meio ácido. Com pH elevado, a dissociação da B12 dos alimentos fica comprometida, levando a um risco maior de deficiência a longo prazo.

  4. Alteração da microbiota gástrica

    O estômago ácido age como barreira antimicrobiana. Com pH elevado, bactérias que normalmente não sobreviveriam no estômago podem proliferar, promovendo a conversão de nitrato (NO₃⁻) em nitrito (NO₂⁻), o que aumenta ainda mais o risco de compostos carcinogênicos.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/