Aumento de IgE na dermatite atópica

A dermatite atópica é uma doença inflamatória crônica da pele associada à disfunção da barreira cutânea e à hiperatividade do sistema imunológico. Muitas vezes, está relacionada a outras condições atópicas, como asma, rinite alérgica e alergias alimentares.

Dermatite atópica e IgE elevada

As IgE (imunoglobulinas E) são anticorpos envolvidos em reações alérgicas. Na dermatite atópica, especialmente nas formas mais graves, os níveis de IgE no sangue podem estar muito elevados. O aumento da IgE indica uma hipersensibilidade alérgica, mas nem sempre está diretamente relacionado à gravidade da dermatite atópica.

Causas do aumento da IgE

  • Predisposição genética: Mutações no gene FLG (filagrina) podem comprometer a barreira da pele, facilitando a penetração de alérgenos e ativando a produção de IgE.

  • Exposição a alérgenos: Pólen, poeira, pelos de animais, alimentos ou substâncias químicas podem estimular a produção de IgE.

  • Disbiose intestinal e alteração do microbioma cutâneo (desequilíbrio das bactérias presentes na pele).

  • Fatores ambientais: Poluição, clima seco, estresse.

Possíveis tratamentos

  1. Evitar gatilhos alérgicos: Testes alérgicos (RAST, prick test) para identificar possíveis alérgenos.

  2. Manter a pele hidratada: Uso de emolientes e cremes barreira para reduzir o ressecamento.

  3. Corticosteroides tópicos ou inibidores da calcineurina (tacrolimus, pimecrolimus) para reduzir a inflamação.

  4. Anti-histamínicos (se a coceira for intensa e desconfortável).

  5. Imunomoduladores sistêmicos (em casos graves): Dupilumabe (anticorpo monoclonal que reduz a ação das IgE), ciclosporina.

  6. Dieta equilibrada e probióticos: Podem ajudar a modular a resposta imunológica.

Modulação intestinal

A modulação intestinal pode desempenhar um papel importante no controle da dermatite atópica (DA), pois o intestino tem uma forte conexão com o sistema imunológico e a resposta inflamatória. A dieta e a saúde do microbioma intestinal influenciam diretamente a barreira cutânea, a produção de IgE e a inflamação sistêmica.

1. Relação entre o intestino e a dermatite atópica

O intestino abriga 70% do sistema imunológico, sendo essencial para equilibrar a resposta inflamatória. A disbiose intestinal (desequilíbrio das bactérias benéficas e patogênicas) pode aumentar a permeabilidade intestinal (intestino "permeável" ou "vazado"), permitindo a passagem de toxinas e alérgenos para a corrente sanguínea, o que pode desencadear inflamação e agravar a dermatite atópica. Pacientes com DA frequentemente apresentam redução de bactérias benéficas (como Lactobacillus e Bifidobacterium) e um aumento de bactérias patogênicas.

2. Estratégias para modulação intestinal na DA

A) Uso de probióticos

Estudos indicam que probióticos específicos podem ajudar a reduzir a inflamação e melhorar a barreira cutânea. Algumas cepas eficazes incluem:

  • Lactobacillus rhamnosus GG

  • Bifidobacterium lactis

  • Lactobacillus reuteri

Esses probióticos podem ser consumidos por meio de alimentos fermentados (iogurte natural, kefir, chucrute) ou suplementos.

B) Uso de prebióticos

  • Prebióticos são fibras que alimentam as bactérias benéficas do intestino.

  • Estão presentes em frutas, vegetais, aveia, linhaça, alho, cebola e aspargos.

C) Alimentação anti-inflamatória

  • Aumentar o consumo de alimentos ricos em ômega-3: Peixes gordurosos (salmão, sardinha), linhaça e chia ajudam a reduzir a inflamação.

  • Vegetais e frutas coloridas: Fornecem antioxidantes que protegem a pele.

  • Carnes magras e proteínas vegetais: Evitam picos inflamatórios associados ao excesso de proteínas animais processadas.

  • Evitar açúcar e ultraprocessados: Reduzem a inflamação e evitam o desequilíbrio do microbioma.

D) Avaliação de alergias alimentares e dieta individualizada

  • Algumas pessoas com DA podem ter hipersensibilidade alimentar, especialmente a leite, glúten, ovos, nozes e frutos do mar.

  • Testes alérgicos (RAST, IgE específica, dieta de exclusão) podem ajudar a identificar gatilhos.

  • A dieta deve ser ajustada conforme a resposta individual do paciente.

Conclusão

A modulação intestinal por meio da dieta e do uso de probióticos/prebióticos pode ser uma abordagem complementar eficaz para o tratamento da dermatite atópica. Aprenda a tratar o intestino aqui.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/