Dieta de baixo índice glicêmico na hidroadenite supurativa

A Hidradenite Supurativa (HS) é uma doença inflamatória crônica da pele que afeta significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Modificações alimentares, incluindo uma dieta de baixo índice glicêmico (IG), foram exploradas como intervenções potenciais para aliviar os sintomas.

Principais descobertas

Uma revisão sistemática teve como objetivo resumir os efeitos de intervenções alimentares, incluindo dietas de baixo IG, na HS. A revisão incluiu 15 estudos com um total de 2829 pacientes. Descobriu-se que mudanças alimentares, como a adoção de uma dieta mediterrânea que minimiza o açúcar, carboidratos altamente processados ​​e laticínios, e enfatiza frango, frutas e vegetais, mostraram efeitos benéficos na gravidade da HS [1].

Um estudo de caso-controle envolvendo 35 pacientes com HS e 35 controles saudáveis ​​avaliou o impacto de fatores de estilo de vida, incluindo a adesão a uma dieta mediterrânea. O estudo descobriu que os pacientes com HS tinham maior índice de massa corporal (IMC) e menor estado de saúde física e mental em comparação aos controles. Embora o estudo não tenha isolado especificamente os efeitos de uma dieta de baixo IG, ele destacou os benefícios potenciais de modificações dietéticas que se alinham com os princípios de baixo IG [2].

Uma pesquisa distribuída entre pacientes com HS identificou que certos alimentos, incluindo aqueles com alto índice glicêmico, como doces e pão/massa/arroz, eram comumente relatados como exacerbadores dos sintomas da HS. Por outro lado, alimentos tipicamente com baixo índice glicêmico, como vegetais e frutas, eram relatados como aliviadores dos sintomas. Isso sugere que uma dieta de baixo IG pode ajudar no controle dos sintomas da HS [3].

Embora não diretamente relacionado à HS, um estudo sobre acne vulgar, que compartilha algumas vias inflamatórias com a HS, descobriu que uma dieta de baixo IG melhorou a gravidade da acne facial. Este estudo envolveu 58 adolescentes do sexo masculino e mostrou que a acne facial melhorou em 26% em uma dieta de baixo IG, em comparação com 16% em uma dieta de alto IG. Embora os resultados não tenham alcançado significância estatística, eles sugerem que dietas de baixo IG podem ter benefícios anti-inflamatórios que podem ser extrapolados para a HS [4].

Os benefícios potenciais são provavelmente devidos à sensibilidade à insulina melhorada e à inflamação sistêmica reduzida. Precisa de ajuda? Marque aqui sua consulta de nutrição online.

Referências

1) I Weber et al. Effects of Exercise and Dietary Modifications on Hidradenitis Suppurativa: A Systematic Review. American journal of clinical dermatology (2023). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36757580/

2) F Velluzzi et al. Mediterranean diet, lifestyle and quality of life in Sardinian patients affected with Hidradenitis suppurativa. Journal of public health research (2021). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34850622/

3) JM Fernandez et al. Alleviating and exacerbating foods in hidradenitis suppurativa. Dermatologic therapy (2020). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32860476/

4) RC Reynolds et al. Effect of the glycemic index of carbohydrates on Acne vulgaris. Nutrients (2010). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22253996/

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Desordens do ciclo da ureia

As desordens do ciclo da ureia são um grupo de distúrbios genéticos raros que afetam o metabolismo do nitrogênio no corpo. O ciclo da ureia, também conhecido como ciclo da ornitina, é responsável por eliminar o excesso de nitrogênio proveniente da quebra de proteínas na forma de ureia, que é excretada pela urina. Quando há uma falha nesse ciclo, ocorre um acúmulo de amônia no sangue (hiperamonemia), o que pode ser tóxico para o cérebro e outros órgãos.

Blair, Cremer, & Tchan, 2014

Principais Deficiências do Ciclo da Ureia

As doenças do ciclo da ureia são causadas por mutações em genes que codificam enzimas envolvidas nesse processo. As principais são:

  1. Deficiência de ornitina transcarbamilase (OTC) – A forma mais comum, ligada ao cromossomo X.

  2. Deficiência de carbamoil-fosfato sintetase 1 (CPS1).

  3. Deficiência de ornitina translocase (HHH síndrome).

  4. Deficiência de argininosuccinato sintetase (ASS1) – Causa a citrulinemia tipo I.

  5. Deficiência de argininosuccinato liase (ASL) – Leva à acidúria argininosuccínica.

  6. Deficiência de arginase (ARG1) – Resulta na hiperargininemia.

Sintomas

Os sintomas variam conforme a gravidade da deficiência enzimática. Em recém-nascidos, os sinais mais graves incluem:

  • Letargia

  • Vômitos

  • Hipotonia (fraqueza muscular)

  • Convulsões

  • Coma (nos casos mais graves)

Em crianças e adultos, os sintomas podem ser mais sutis e intermitentes, como:

  • Episódios de confusão mental

  • Dificuldade de concentração

  • Alterações do comportamento

  • Vômitos frequentes

  • Ataxia (dificuldade de coordenação motora)

Diagnóstico

O diagnóstico envolve exames laboratoriais para medir:

  • Níveis elevados de amônia no sangue (hiperamonemia).

  • Análises de aminoácidos no plasma.

  • Testes genéticos para identificar a mutação específica.

Tratamento

O tratamento tem como objetivo reduzir os níveis de amônia no sangue e pode incluir:

  • Dieta com restrição de proteínas para reduzir a produção de nitrogênio.

  • Medicamentos como benzoato de sódio e fenilbutirato de sódio, que ajudam a eliminar o excesso de nitrogênio.

  • Diálise em casos de hiperamonemia grave.

  • Transplante de fígado em casos severos, pois o fígado é o órgão responsável pelo ciclo da ureia.

Prognóstico

O prognóstico depende da gravidade da doença e da rapidez com que é diagnosticada e tratada. Casos não tratados podem levar a danos neurológicos permanentes ou até mesmo à morte.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Testes para avaliação de insuficiência pancreática

A insuficiência pancreática exócrina (IPE) ocorre quando o pâncreas não produz ou secreta enzimas digestivas suficientes para a digestão adequada dos alimentos, levando a má absorção de nutrientes, especialmente gorduras e vitaminas lipossolúveis.

A insuficiência pancreática é comum na fibrose cística, pancreatite, diabetes, doença celíaca avançada, síndrome do intestino curto. A suspeita é a clínica: perda de gordura nas fezes, fezes com cheiro fétido, diarreia, perda de peso, dor abdominal, flatulência excessiva e inchaço. O exame mais comum é o teste de elastase fecal, mas existem outros.

  • Elastase fecal: A elastase fecal é um dos exames mais utilizados, pois é simples, não invasivo e confiável para detectar insuficiência pancreática moderada a grave.

  • Vande Kamer: Mede a quantidade de gordura eliminada nas fezes ao longo de 72 horas. O paciente segue uma dieta com 100 g de gordura por dia antes e durante a coleta. Se a excreção de gordura fecal ultrapassar 7 g por dia, sugere má absorção, sendo um sinal de insuficiência pancreática, doença celíaca, síndrome do intestino curto, entre outras condições. Embora seja um teste confiável, não é frequentemente utilizado pois é muito trabalhoso.

  • Teste do coeficiente de absorção de gordura – Mede a absorção de gordura nas fezes.

  • Teste de quimotripsina fecal – Avalia a presença da enzima digestiva quimotripsina nas fezes.

  • Teste do bicarbonato e secretina (teste da função pancreática direta) – Mede a resposta pancreática à secretina através de coleta de suco duodenal.

  • Teste do BT-PABA (bentiromida) – Mede a atividade da quimotripsina urinária após ingestão de um substrato.

  • Teste da pancreolaurina – Avalia a hidrólise de um éster específico pelo pâncreas, com dosagem na urina.

  • Teste de triglicerídeos marcados com ¹³C – Avalia a digestão de triglicerídeos pelo pâncreas através da expiração de CO₂ marcado.

Tratamento

O tratamento é baseado na reposição enzimática e na melhora da nutrição:

1. Terapia de Reposição Enzimática Pancreática (TREP)

✅ Uso de enzimas digestivas (como pancrelipase) em cápsulas durante as refeições.

✅ Melhora a digestão e absorção de nutrientes.

2. Dieta e Suplementação

✅ Alimentação rica em proteínas e calorias.
✅ Redução de alimentos muito gordurosos se não houver boa resposta à reposição enzimática.
✅ Suplementação de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K).
✅ Uso de triglicerídeos de cadeia média (TCM), que são absorvidos diretamente pelo fígado, sem necessidade de enzimas digestivas.

3. Tratamento da Causa Subjacente

✅ Controle da pancreatite crônica, fibrose cística ou outras condições associadas.

A insuficiência pancreática pode impactar significativamente a qualidade de vida, mas com o tratamento adequado, os sintomas podem ser controlados e as complicações evitadas. Precisa de ajuda? Marque aqui sua consulta de nutrição online.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/