Deficiência de vitamina D aumenta o risco de disbiose intestinal

A disbiose intestinal ocorre quando há um desequilíbrio na microbiota intestinal, ou seja, um aumento de bactérias nocivas e uma redução das bactérias benéficas no intestino. Esse desequilíbrio pode levar a inflamação, problemas digestivos e impactar a saúde geral.

⚠️ Sintomas da Disbiose Intestinal

Os sintomas podem variar, mas os mais comuns incluem:

  • Problemas digestivos: inchaço, gases, diarreia ou constipação.

  • Intolerâncias alimentares: piora ao consumir certos alimentos (exemplo: lactose e glúten).

  • Baixa imunidade: maior frequência de infecções, gripes e resfriados.

  • Fadiga e baixa energia: dificuldade de concentração, cansaço frequente.

  • Alterações de humor: ansiedade, depressão, irritabilidade.

  • Alterações na pele: acne, dermatites e outras inflamações cutâneas.

🔎 Causas da Disbiose

Vários fatores podem causar esse desequilíbrio, incluindo:

  1. Má alimentação – Consumo excessivo de ultraprocessados, açúcar, álcool e baixa ingestão de fibras.

  2. Uso excessivo de antibióticos – Mata tanto bactérias ruins quanto as boas, prejudicando a microbiota.

  3. Estresse crônico – Afeta o eixo intestino-cérebro, alterando a microbiota.

  4. Uso frequente de anti-inflamatórios e corticoides – Podem irritar a mucosa intestinal.

  5. Infecções intestinais – Vírus, parasitas e bactérias podem desestabilizar o equilíbrio da microbiota.

  6. Falta de sono e sedentarismo – Afetam a regulação do sistema imunológico e a saúde intestinal.

  7. Deficiência de vitamina D – Importante para a regulação do sistema imunológico e microbiota intestinal.

A deficiência de vitamina D pode aumentar o risco de disbiose intestinal porque essa vitamina tem um papel crucial na regulação do sistema imunológico e na manutenção da barreira intestinal. Aqui estão os principais mecanismos envolvidos:

  1. Modulação da microbiota intestinal

    A vitamina D influencia a composição da microbiota intestinal, favorecendo bactérias benéficas (como Lactobacillus e Bifidobacterium) e reduzindo o crescimento de patógenos. A deficiência de vitamina D pode levar ao desequilíbrio entre bactérias benéficas e nocivas, resultando em disbiose.

  2. Fortalecimento da barreira intestinal

    A vitamina D estimula a produção de proteínas de junção, como occludina e claudina, que mantêm a integridade da mucosa intestinal. A deficiência de vitamina D pode aumentar a permeabilidade intestinal, favorecendo a passagem de toxinas e bactérias para a corrente sanguínea (intestino permeável).

  3. Regulação da resposta inflamatória

    A vitamina D tem um papel anti-inflamatório ao modular a ativação de células imunes (macrófagos, células dendríticas e linfócitos T). A deficiência pode levar a uma resposta inflamatória exacerbada no intestino, promovendo condições como síndrome do intestino irritável (SII) e doença inflamatória intestinal (DII).

  4. Produção de peptídeos antimicrobianos

    A vitamina D estimula a produção de catelicidinas e defensinas, que ajudam no controle do crescimento excessivo de bactérias patogênicas no intestino. Quando há deficiência, a defesa contra esses microrganismos é reduzida, facilitando a disbiose.

Para saber mais sobre o tema e como suplementar a vitamina D acesse o curso de modulação intestinal. Ou marque sua consulta para conversarmos melhor.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Microbiota e o cérebro social

O conceito de "cérebro social" refere-se às regiões do cérebro envolvidas em comportamentos sociais, como processar emoções, entender sinais sociais, formar relacionamentos e interagir com os outros.

A microbiota, ou a comunidade de microrganismos (bactérias, vírus, fungos e outros micróbios) que vivem em nosso corpo, particularmente no intestino, tem demonstrado ter uma influência na função cerebral e no comportamento. A conexão entre a microbiota e o cérebro social é uma área fascinante e crescente de pesquisa, frequentemente chamada de "eixo intestino-cérebro".

Como a microbiota influencia o comportamento social?

1. Comunicação Intestino-Cérebro

O intestino e o cérebro se comunicam de forma bidirecional por meio de uma rede chamada eixo intestino-cérebro. Isso inclui vias diretas, como o nervo vago, além de sinais químicos por meio de hormônios, neurotransmissores e mediadores do sistema imunológico. Algumas bactérias intestinais produzem neurotransmissores como serotonina e dopamina, que desempenham papéis importantes na regulação do humor e no comportamento social.

2. Microbiota e Regulação Emocional

Desequilíbrios na microbiota intestinal, conhecidos como disbiose, têm sido relacionados a condições emocionais e de saúde mental, como ansiedade, depressão e transtornos do espectro autista (TEA), que podem impactar diretamente as interações sociais. Curso online nutrição no autismo.

Certas bactérias podem influenciar os níveis de neurotransmissores que são críticos para as respostas emocionais e o envolvimento social, alterando potencialmente os comportamentos sociais. Aprenda aqui a tratar a disbiose intestinal.

3. Desenvolvimento da Cognição Social

Estudos em animais demonstraram que a microbiota pode influenciar os comportamentos sociais durante o desenvolvimento inicial. Por exemplo, camundongos criados em um ambiente estéril (sem exposição a micróbios) podem apresentar déficits em comportamentos sociais e cognição social.

Em humanos, há evidências emergentes que sugerem que as bactérias intestinais podem desempenhar um papel no desenvolvimento da cognição social e da regulação emocional, especialmente na infância. Disrupções precoces na microbiota, como o uso de antibióticos ou eventos estressantes, podem impactar o desenvolvimento dessas habilidades.

4. Papel da Microbiota no Sistema Imunológico e Inflamação

A inflamação crônica, que pode surgir de um desequilíbrio na microbiota, tem sido associada a condições psiquiátricas, incluindo aquelas que afetam o comportamento social, como depressão e esquizofrenia. A influência do sistema imunológico no cérebro por meio de citocinas inflamatórias pode impactar áreas do cérebro envolvidas no processamento social, como o córtex pré-frontal e a amígdala.

5. Interação Social e Composição da Microbiota

Curiosamente, as próprias interações sociais podem influenciar a microbiota. Experiências sociais positivas demonstraram aumentar a diversidade da microbiota intestinal, enquanto o isolamento social pode levar à disbiose. Por sua vez, uma microbiota diversificada e equilibrada está frequentemente associada a uma melhor saúde mental e emocional, apoiando comportamentos sociais saudáveis.

6. Microbiota e Transtornos do Espectro Autista (TEA)

Uma das ligações mais intrigantes entre microbiota e o cérebro social está no contexto dos transtornos do espectro autista (TEA). Pesquisas mostram que crianças com TEA frequentemente têm perfis alterados de microbiota intestinal em comparação com crianças neurotípicas. Alguns estudos sugerem que restaurar o equilíbrio da microbiota pode aliviar alguns sintomas sociais e comportamentais do autismo.

7. Implicações Terapêuticas

Há um crescente interesse em estratégias terapêuticas que manipulam a microbiota para melhorar a saúde mental, como probióticos, prebióticos e transplantes fecais de microbiota. Esses tratamentos podem não apenas tratar a saúde intestinal, mas também ter o potencial de impactar as funções do cérebro social, a regulação emocional e o bem-estar geral.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Falha da poda sináptica no autismo

O estágio final do desenvolvimento cerebral está associado à geração e maturação de sinapses neuronais. No entanto, o mesmo período também está associado a um pico na eliminação de sinapses - um processo conhecido como poda sináptica - que foi proposto como crucial para a maturação das conexões sinápticas restantes.

Estudos recentes apontaram para um papel fundamental das células gliais na poda sináptica em várias partes do sistema nervoso e identificaram um conjunto de vias de sinalização críticas entre a glia e os neurônios. Ao mesmo tempo, imagens cerebrais e estudos anatômicos post-mortem sugerem que a poda sináptica insuficiente ou excessiva pode estar subjacente a vários distúrbios do neurodesenvolvimento, incluindo autismo, esquizofrenia e epilepsia (Neniskyte, & Gross, 2017).

Aqui estão algumas formas em que erros na poda sináptica podem contribuir para o autismo:

A poda sináptica torna o cérebro mais eficiente.

  1. Superconexão (Excesso de Sinapses):

    • Em alguns casos, a poda sináptica pode ser insuficiente, ou seja, muitas sinapses permanecem no cérebro. Isso pode resultar em circuitos cerebrais "superconectados", o que pode prejudicar a capacidade de focar e processar informações sensoriais relevantes.

    • O excesso de conexões pode levar a sobrecarga sensorial, dificuldades em filtrar informações irrelevantes e problemas com comunicação social e regulação emocional, características comuns no autismo.

  2. Eliminação Imparcial de Sinapses:

    • Pesquisas sugerem que a poda sináptica pode ser prejudicada durante períodos críticos do desenvolvimento cerebral, levando a uma distribuição anormal das sinapses. A falha em podar adequadamente as sinapses em áreas específicas do cérebro pode contribuir para dificuldades em interações sociais, comportamentos repetitivos e interesses restritos, características típicas do TEA.

  3. Tempo e Períodos Críticos:

    • A poda sináptica ocorre durante períodos críticos específicos no desenvolvimento cerebral precoce. Se o tempo desse processo for alterado, pode resultar em déficits nos circuitos neurais envolvidos em funções cognitivas superiores, como funções executivas, atenção e cognição social.

    • O cérebro pode podar muitas sinapses muito cedo, levando a circuitos subdesenvolvidos, ou pode podar poucas sinapses, resultando em conexões neurais ineficientes que não funcionam de forma otimizada.

  4. Influências Genéticas e Ambientais:

    • Várias mutações genéticas e fatores ambientais são considerados influenciar a poda sináptica no autismo. Por exemplo, mutações em genes como CNTNAP2 e SHANK3, TREM2 que estão envolvidos na formação e poda sináptica, têm sido associadas ao autismo.

    • Fatores ambientais, como exposição prenatal a toxinas ou infecções, também podem interferir nos processos normais de poda sináptica, agravando os sintomas relacionados ao autismo.

  5. Neuroinflamação:

    • Estudos sugerem que a neuroinflamação pode prejudicar a poda sináptica em indivíduos com autismo. Sinais inflamatórios no cérebro podem alterar o equilíbrio da poda sináptica, contribuindo para o excesso de sinapses que não são adequadamente eliminadas, o que pode levar ao desenvolvimento cerebral atípico observado no autismo.

  6. Papel da Microglia:

    • A microglia são células imunes no cérebro que desempenham um papel essencial na poda sináptica. Em pessoas com autismo, pode haver uma ativação anormal da microglia, resultando em poda excessiva ou insuficiente. Essa disfunção na atividade da microglia pode ser um fator significativo nas anomalias neurodesenvolvimentais observadas no autismo.

Como garantir a poda sináptica adequada?

Embora não seja possível controlar diretamente a poda sináptica, existem várias estratégias que podem apoiar o desenvolvimento saudável do cérebro e a poda sináptica ideal:

  1. Estimular o Desenvolvimento Cognitivo e Social:

    • Engajar-se em atividades que exigem pensamento complexo, como resolver quebra-cabeças, aprender novas habilidades, ler ou tocar instrumentos musicais. Essas atividades incentivam o cérebro a fortalecer conexões úteis.

    • Manter conexões sociais fortes. Interações sociais positivas estimulam a atividade cerebral e podem apoiar a poda sináptica, reforçando as conexões importantes para o comportamento social.

  2. Exercitar-se Regularmente:

    • A atividade física demonstrou promover a saúde cerebral e apoiar a neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro de se adaptar e reorganizar. Exercícios aeróbicos como caminhar, correr ou nadar podem incentivar uma função cerebral saudável e a poda.

    • O exercício também pode aumentar a produção de BDNF (Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro), uma proteína que ajuda a apoiar o crescimento e a manutenção dos neurônios.

  3. Dormir Adequadamente:

    • O sono desempenha um papel crítico na consolidação da memória e na plasticidade sináptica. Durante o sono, o cérebro organiza e podar suas conexões sinápticas. A falta de sono pode prejudicar esse processo, por isso, é importante buscar um sono regular e reparador para apoiar as funções cognitivas.

  4. Nutrição:

    • Uma dieta rica em ácidos graxos ômega-3 (presentes em peixes, sementes de linhaça e nozes), antioxidantes (de frutas e vegetais) e vitaminas essenciais (como vitamina D, vitaminas do complexo B e folato) apoia a saúde cerebral e a neuroplasticidade.

    • Evitar o consumo excessivo de alimentos processados, que podem afetar negativamente a função cognitiva.

    • Aprenda mais sobre nutrição no curso TEA com Dra. Andreia Torres.

  5. Limitar o Estresse Crônico:

    • O estresse crônico libera cortisol, um hormônio que, quando elevado de forma persistente, pode prejudicar os neurônios e interferir na capacidade do cérebro de podar e fortalecer sinapses adequadamente. Engajar-se em atividades que reduzem o estresse, como mindfulness, meditação, ioga ou exercício físico, pode ajudar.

  6. Aprendizagem e Novas Experiências:

    • Expor-se a novas experiências, como viagens ou aprender sobre tópicos desconhecidos, desafia o cérebro a se adaptar e se reorganizar. Isso ajuda a fortalecer conexões que são mais benéficas e podar aquelas que são menos relevantes.

  7. Intervenção Precoce em Transtornos do Neurodesenvolvimento:

    • Se alguém tem um transtorno do neurodesenvolvimento, como autismo ou TDAH, intervenções precoces e direcionadas (terapia comportamental, apoio educacional, etc.) podem orientar a poda sináptica adequada, já que essas condições podem resultar em padrões atípicos de poda.

  8. Flexibilidade Mental:

    • Engajar-se em atividades que incentivem a flexibilidade mental, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), que ajuda a reestruturar padrões de pensamento. Isso pode ajudar a reforçar conexões neurais adaptativas e podar aquelas não produtivas.

  9. Evitar Toxinas e Substâncias Neurotóxicas:

    • O abuso de substâncias, especialmente drogas e álcool, pode interferir no desenvolvimento cerebral e no processo de poda. Evitar essas substâncias, especialmente na infância e adolescência, garante que o cérebro tenha o ambiente ideal para a poda sináptica.

Embora a poda sináptica seja principalmente influenciada por fatores genéticos e de desenvolvimento, esses hábitos de vida podem incentivar uma função cerebral saudável e otimizar os processos naturais do cérebro, incluindo a poda.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/