O conceito de "cérebro social" refere-se às regiões do cérebro envolvidas em comportamentos sociais, como processar emoções, entender sinais sociais, formar relacionamentos e interagir com os outros.
A microbiota, ou a comunidade de microrganismos (bactérias, vírus, fungos e outros micróbios) que vivem em nosso corpo, particularmente no intestino, tem demonstrado ter uma influência na função cerebral e no comportamento. A conexão entre a microbiota e o cérebro social é uma área fascinante e crescente de pesquisa, frequentemente chamada de "eixo intestino-cérebro".
Como a microbiota influencia o comportamento social?
1. Comunicação Intestino-Cérebro
O intestino e o cérebro se comunicam de forma bidirecional por meio de uma rede chamada eixo intestino-cérebro. Isso inclui vias diretas, como o nervo vago, além de sinais químicos por meio de hormônios, neurotransmissores e mediadores do sistema imunológico. Algumas bactérias intestinais produzem neurotransmissores como serotonina e dopamina, que desempenham papéis importantes na regulação do humor e no comportamento social.
2. Microbiota e Regulação Emocional
Desequilíbrios na microbiota intestinal, conhecidos como disbiose, têm sido relacionados a condições emocionais e de saúde mental, como ansiedade, depressão e transtornos do espectro autista (TEA), que podem impactar diretamente as interações sociais. Curso online nutrição no autismo.
Certas bactérias podem influenciar os níveis de neurotransmissores que são críticos para as respostas emocionais e o envolvimento social, alterando potencialmente os comportamentos sociais. Aprenda aqui a tratar a disbiose intestinal.
3. Desenvolvimento da Cognição Social
Estudos em animais demonstraram que a microbiota pode influenciar os comportamentos sociais durante o desenvolvimento inicial. Por exemplo, camundongos criados em um ambiente estéril (sem exposição a micróbios) podem apresentar déficits em comportamentos sociais e cognição social.
Em humanos, há evidências emergentes que sugerem que as bactérias intestinais podem desempenhar um papel no desenvolvimento da cognição social e da regulação emocional, especialmente na infância. Disrupções precoces na microbiota, como o uso de antibióticos ou eventos estressantes, podem impactar o desenvolvimento dessas habilidades.
4. Papel da Microbiota no Sistema Imunológico e Inflamação
A inflamação crônica, que pode surgir de um desequilíbrio na microbiota, tem sido associada a condições psiquiátricas, incluindo aquelas que afetam o comportamento social, como depressão e esquizofrenia. A influência do sistema imunológico no cérebro por meio de citocinas inflamatórias pode impactar áreas do cérebro envolvidas no processamento social, como o córtex pré-frontal e a amígdala.
5. Interação Social e Composição da Microbiota
Curiosamente, as próprias interações sociais podem influenciar a microbiota. Experiências sociais positivas demonstraram aumentar a diversidade da microbiota intestinal, enquanto o isolamento social pode levar à disbiose. Por sua vez, uma microbiota diversificada e equilibrada está frequentemente associada a uma melhor saúde mental e emocional, apoiando comportamentos sociais saudáveis.
6. Microbiota e Transtornos do Espectro Autista (TEA)
Uma das ligações mais intrigantes entre microbiota e o cérebro social está no contexto dos transtornos do espectro autista (TEA). Pesquisas mostram que crianças com TEA frequentemente têm perfis alterados de microbiota intestinal em comparação com crianças neurotípicas. Alguns estudos sugerem que restaurar o equilíbrio da microbiota pode aliviar alguns sintomas sociais e comportamentais do autismo.
7. Implicações Terapêuticas
Há um crescente interesse em estratégias terapêuticas que manipulam a microbiota para melhorar a saúde mental, como probióticos, prebióticos e transplantes fecais de microbiota. Esses tratamentos podem não apenas tratar a saúde intestinal, mas também ter o potencial de impactar as funções do cérebro social, a regulação emocional e o bem-estar geral.
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