Estratégias nutricionais para o controle da pressão arterial

A hipertensão, ou pressão arterial elevada, é uma condição médica comum em que a pressão do sangue nas artérias está consistentemente alta. Ela pode ocorrer por uma variedade de razões, e em muitos casos, os fatores são multifatoriais. As causas podem ser divididas em dois tipos principais: hipertensão primária e hipertensão secundária.

1. Hipertensão Primária (Essencial)

A hipertensão primária não tem uma causa única identificável, mas é geralmente influenciada por fatores genéticos e ambientais. Ela se desenvolve ao longo do tempo e tende a ser mais comum à medida que as pessoas envelhecem. Fatores que contribuem para a hipertensão primária incluem:

  • Genética e História Familiar: Se seus pais ou outros membros da família têm hipertensão, você pode ter um risco maior de desenvolver a condição.

  • Idade: Com o envelhecimento, os vasos sanguíneos tendem a se tornar mais rígidos, o que pode aumentar a pressão arterial.

  • Excesso de Sal (Sódio) na Dieta: Dietas ricas em sódio podem levar à retenção de líquidos, aumentando o volume sanguíneo e, consequentemente, a pressão arterial.

  • Baixo Potássio na Dieta: O potássio ajuda a equilibrar os efeitos do sódio. Dietas com baixo teor de potássio podem contribuir para o aumento da pressão arterial.

  • Obesidade: O excesso de peso pode aumentar a resistência dos vasos sanguíneos e levar a um aumento da pressão arterial.

  • Sedentarismo: A falta de atividade física pode contribuir para o aumento da pressão arterial, além de aumentar o risco de obesidade e outras condições relacionadas.

  • Consumo Excessivo de Álcool: O consumo excessivo de álcool pode elevar a pressão arterial, especialmente se consumido de forma crônica.

  • Tabagismo: Fumar danifica os vasos sanguíneos e aumenta a pressão arterial, além de aumentar o risco de outras doenças cardíacas.

  • Estresse: O estresse crônico pode levar a picos temporários de pressão arterial e, ao longo do tempo, contribuir para a hipertensão.

  • Dieta Pouco Saudável: Alimentos processados, ricos em gorduras saturadas e trans, também podem influenciar negativamente a pressão arterial.

2. Hipertensão Secundária

A hipertensão secundária ocorre devido a uma condição médica subjacente e é frequentemente mais grave. Algumas das causas mais comuns incluem:

  • Doenças Renais: Problemas nos rins, como insuficiência renal crônica ou doença renal policística, podem causar retenção de líquidos e aumentar a pressão arterial.

  • Distúrbios Endócrinos:

    • Hipertireoidismo: A glândula tireoide hiperativa pode afetar a regulação da pressão arterial.

    • Síndrome de Cushing: A produção excessiva de cortisol, o hormônio do estresse, pode levar a um aumento da pressão arterial.

    • Feocromocitoma: Tumores das glândulas suprarrenais que podem produzir hormônios que aumentam a pressão arterial.

  • Apneia do Sono: A apneia obstrutiva do sono, caracterizada por interrupções na respiração durante o sono, pode levar a aumentos nos níveis de pressão arterial devido ao estresse causado pela falta de oxigênio.

  • Medicações:

    • Certos medicamentos, como anticoncepcionais orais, descongestionantes, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e drogas ilícitas (como cocaína e anfetaminas), podem elevar a pressão arterial.

  • Problemas Cardiovasculares: Algumas doenças cardíacas, como insuficiência cardíaca ou estreitamento das artérias (aterosclerose), podem contribuir para o aumento da pressão arterial.

  • Gravidez (Pré-eclâmpsia): A hipertensão gestacional ou pré-eclâmpsia pode ocorrer durante a gravidez, geralmente após a 20ª semana, e pode ser perigosa tanto para a mãe quanto para o bebê.

Fatores de Risco Comuns

Além das causas diretas da hipertensão, certos fatores de risco podem aumentar a probabilidade de desenvolvimento da condição:

  • Sexo: Homens têm mais risco de desenvolver hipertensão em idades mais jovens, mas as mulheres têm risco maior após a menopausa.

  • Raça ou Etnia: A hipertensão é mais prevalente em pessoas de ascendência africana.

  • Histórico Familiar de Hipertensão: Pessoas com pais ou irmãos hipertensos têm maior risco.

  • Estilo de Vida Sedentário: A falta de atividade física contribui diretamente para o aumento da pressão arterial.

  • Obesidade: O excesso de peso é um dos principais fatores de risco para hipertensão, pois aumenta o volume de sangue que circula pelos vasos sanguíneos.

Estratégias nutricionais para controle da pressão arterial

A Dieta DASH é uma das dietas mais recomendadas para quem busca controlar a pressão arterial. Ela é rica em alimentos que ajudam a reduzir a pressão arterial e inclui:

  • Frutas e vegetais: São ricos em potássio, magnésio e fibras, que ajudam a controlar a pressão arterial.

  • Grãos integrais: Arroz integral, aveia, quinoa e outros grãos integrais são fontes de fibras que ajudam a controlar o colesterol e a pressão arterial.

  • Laticínios com baixo teor de gordura: O cálcio presente no leite e derivados pode ajudar a reduzir a pressão arterial.

  • Proteínas magras: Inclua fontes de proteínas saudáveis, como aves, peixes, legumes, nozes e sementes.

  • Redução de sódio: A Dieta DASH recomenda limitar a ingestão de sódio a 2.300 mg por dia (idealmente 1.500 mg para pessoas com hipertensão).

2. Aumentar a Ingestão de Potássio

O potássio é um mineral essencial que ajuda a equilibrar os efeitos do sódio no organismo e relaxa as paredes dos vasos sanguíneos, o que pode reduzir a pressão arterial. Algumas fontes de potássio incluem:

  • Bananas

  • Batatas e batatas-doces

  • Espinafre e outros vegetais de folhas verdes

  • Feijão e lentilhas

  • Tomates

  • Abacates

3. Reduzir o Consumo de Sódio

O sódio é um dos principais responsáveis pelo aumento da pressão arterial. Reduzir o consumo de alimentos ricos em sódio pode ajudar a controlar a pressão arterial. Algumas estratégias incluem:

  • Evitar alimentos processados e enlatados, como sopas prontas, carnes processadas, alimentos congelados e fast food, que são ricos em sódio.

  • Optar por temperos naturais, como ervas frescas, especiarias e limão, em vez de sal.

  • Ler rótulos e escolher produtos com baixo teor de sódio.

4. Aumentar a Ingestão de Magnésio

O magnésio é outro mineral importante para o controle da pressão arterial. Ele ajuda a relaxar os vasos sanguíneos e a regular o fluxo sanguíneo. Fontes ricas em magnésio incluem:

  • Espinafre e outras folhas verdes escuras

  • Amêndoas, castanhas e sementes

  • Grãos integrais

  • Leguminosas (feijão, lentilhas, grão-de-bico)

Em estudos, é comum a suplementação de magnésio. As doses de magnésio elementar mais descritas variam entre 365 a 450 mg/dia.

5. Incluir Ácidos Graxos Ômega-3

Os ômega-3 são ácidos graxos essenciais que têm efeitos benéficos na saúde cardiovascular. Eles ajudam a reduzir a inflamação e a melhorar a saúde dos vasos sanguíneos, o que pode ajudar a controlar a pressão arterial. Fontes ricas em ômega-3 incluem:

  • Peixes gordurosos (salmão, sardinha, atum, cavala)

  • Sementes de chia e linhaça

  • Nozes

6. Controle do Consumo de Álcool

O consumo excessivo de álcool pode aumentar a pressão arterial. Para controlar a pressão arterial, é importante limitar o consumo de álcool:

  • Homens devem consumir até 2 doses de álcool por dia.

  • Mulheres devem limitar a ingestão a 1 dose por dia.

  • Uma dose equivale a 350 ml de cerveja, 150 ml de vinho ou 45 ml de destilados.

7. Consumir Alimentos Ricos em Fibras

As fibras ajudam a melhorar a saúde intestinal e a controlar o peso, o que também pode ter um impacto positivo na pressão arterial. Alimentos ricos em fibras incluem:

  • Frutas (como maçãs, peras, morangos)

  • Vegetais

  • Grãos integrais (arroz integral, aveia, quinoa)

  • Leguminosas (feijão, lentilhas, grão-de-bico)

8. Aumentar a Ingestão de Antioxidantes

Alimentos ricos em antioxidantes, como flavonoides e polifenóis, ajudam a proteger os vasos sanguíneos e a melhorar a saúde cardiovascular. Alguns alimentos ricos em antioxidantes incluem:

  • Frutas vermelhas (morango, framboesa, mirtilo)

  • Cacau amargo (sem açúcar)

  • Chá verde

  • Uvas (e suco de uva roxa)

  • Cebola roxa e alho

9. Controlar o Peso Corporal

Manter um peso saudável é fundamental para o controle da pressão arterial. A obesidade aumenta a carga sobre o sistema cardiovascular e pode contribuir para a hipertensão. Para isso, adotar uma alimentação equilibrada, controlar as porções e praticar atividade física regular é essencial.

10. Evitar Alimentos Processados e Refinados

Os alimentos ultraprocessados, como fast food, salgadinhos, biscoitos industrializados e refrigerantes, são ricos em sódio, gorduras saturadas e trans, que podem aumentar a pressão arterial. É importante priorizar alimentos frescos e naturais.

11. Tomar chás e shots selecionados

Existem alguns chás e "shots" naturais que podem ajudar na redução da pressão arterial, devido às suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e relaxantes. Embora esses remédios naturais não substituam o tratamento médico para hipertensão, eles podem ser úteis como parte de um estilo de vida saudável.

Chá de Hibisco

  • Benefícios: O chá de hibisco tem propriedades diuréticas e anti-inflamatórias que podem ajudar a reduzir a pressão arterial. Estudos mostraram que beber chá de hibisco regularmente pode diminuir a pressão arterial em pessoas com hipertensão leve a moderada.

  • Como consumir: Prepare o chá com flores secas de hibisco, deixando em infusão por cerca de 5 a 10 minutos. Beber 1 a 3 xícaras por dia pode ser benéfico.

Chá de Alho

  • Benefícios: O alho tem compostos como a alicina, que são conhecidos por ajudar a relaxar os vasos sanguíneos e melhorar a circulação, ajudando a reduzir a pressão arterial. O chá de alho pode também ajudar a reduzir a pressão arterial em pessoas com hipertensão.

  • Como consumir: Ferva 2 a 3 dentes de alho amassados em uma xícara de água por cerca de 10 minutos. Coe e beba uma vez por dia.

Chá Verde

  • Benefícios: O chá verde é rico em antioxidantes, como os polifenóis, que têm efeitos benéficos na saúde cardiovascular, incluindo a redução da pressão arterial. Ele também pode melhorar a função endotelial e ajudar na dilatação dos vasos sanguíneos.

  • Como consumir: Prepare o chá verde com folhas frescas ou saquinhos e beba 1 a 2 xícaras por dia.

Chá de Camomila

  • Benefícios: A camomila possui propriedades relaxantes e anti-inflamatórias que podem ajudar a reduzir o estresse e, consequentemente, baixar a pressão arterial. Além disso, pode ajudar na qualidade do sono, fator importante para o controle da pressão arterial.

  • Como consumir: Prepare uma infusão com flores secas de camomila, deixando em infusão por cerca de 5 a 10 minutos. Beber 1 a 2 xícaras antes de dormir.

Chá de Gengibre

  • Benefícios: O gengibre é conhecido por suas propriedades anti-inflamatórias e vasodilatadoras, ajudando a melhorar a circulação sanguínea e a reduzir a pressão arterial. Pode ser útil tanto para a pressão alta quanto para a saúde cardiovascular geral.

  • Como consumir: Ferva uma fatia de gengibre fresco em água por 10 minutos e beba 1 xícara por dia.

Shot de Limão e Gengibre

  • Benefícios: O limão ajuda a alcalinizar o corpo e contém potássio, que pode ajudar a controlar a pressão arterial. O gengibre, por sua vez, tem propriedades anti-inflamatórias e vasodilatadoras. Juntos, eles podem ser eficazes na redução da pressão arterial.

  • Como consumir: Prepare um shot espremendo o suco de meio limão e adicionando 1 colher de chá de gengibre fresco ralado. Misture com um pouco de água morna ou purificada e beba imediatamente, de preferência pela manhã.

Shot de Beterraba

  • Benefícios: A beterraba é rica em nitratos, que podem ajudar a relaxar os vasos sanguíneos e melhorar o fluxo sanguíneo, contribuindo para a redução da pressão arterial.

  • Como consumir: Faça um suco fresco de beterraba (aproximadamente 1/2 beterraba), pode adicionar um pouco de limão ou gengibre para dar mais sabor. Beba 1 shot por dia.

Shot de Aipo e Limão

  • Benefícios: O aipo é um vegetal rico em potássio, um mineral importante para a regulação da pressão arterial. Ele também tem propriedades diuréticas, ajudando a reduzir o volume sanguíneo e, consequentemente, a pressão arterial. O limão, como mencionado, também ajuda a regular a pressão.

  • Como consumir: Esprema o suco de 2 talos de aipo e de meio limão, e beba imediatamente. Este shot pode ser consumido uma vez por dia, preferencialmente pela manhã.

Shot de Curcuma (Cúrcuma)

  • Benefícios: A cúrcuma tem propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes poderosas. Ela pode ajudar a melhorar a função endotelial e reduzir a inflamação, fatores que afetam a pressão arterial.

  • Como consumir: Misture 1 colher de chá de cúrcuma em pó com uma pitada de pimenta preta (que ajuda a aumentar a absorção da cúrcuma), suco de meio limão e um pouco de água morna. Beba um shot pela manhã.

Exemplo de Plano Alimentar para Reduzir a Pressão Arterial

Em jejum: chá ou shot (escolher um acima)

  • Café da manhã: Aveia com banana, amêndoas e chia.

  • Lanche da manhã: Maçã ou pera ou melancia.

  • Almoço: Salada de folhas verdes com azeite de oliva, quinoa, grão-de-bico, abacate e peito de frango grelhado.

  • Lanche da tarde: Iogurte natural com frutas vermelhas e linhaça. Adicionar um chá ou shot extra.

  • Jantar: Salmão grelhado com brócolis no vapor e batata-doce assada.

Essas estratégias nutricionais não apenas ajudam a reduzir a pressão arterial, mas também promovem a saúde cardiovascular e o bem-estar geral.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Akkermansia muciniphila: O Papel no Microbioma Intestinal e Sua Relevância em Doenças Neuropsicológicas

A microbiota intestinal humana varia consideravelmente entre os indivíduos e ao longo do tempo dentro de cada pessoa, sendo influenciada por fatores como genética, dieta, suplementos nutricionais e uso de antibióticos. Nos últimos anos, os estudos sobre a disbiose intestinal se expandiram para diversas doenças, e uma bactéria tem se destacado entre elas: Akkermansia muciniphila. Esta bactéria Gram-negativa tem mostrado correlações com uma série de doenças, incluindo distúrbios metabólicos e intestinais, além de doenças neuropsicológicas.

O que é Akkermansia muciniphila?

Akkermansia muciniphila é uma bactéria anaeróbica Gram-negativa que produz ácidos graxos de cadeia curta (SCFAs). Ela foi isolada pela primeira vez de fezes humanas em 2004 e coloniza a interface mucosa entre o epitélio intestinal oxigênico e o lúmen anóxico do trato digestivo. Sua abundância pode representar até 5% das bactérias intestinais em condições normais.

Estudos mostraram que A. muciniphila tende a ser mais abundante em indivíduos saudáveis e magros, em comparação com aqueles com sobrepeso ou obesidade. Além disso, sua presença está associada à diversidade metagenômica e à coexistência com outras bactérias benéficas, como Faecalibacterium prausnitzii e Methanobrevibacter smithii.

Akkermansia muciniphila e a Saúde Intestinal

Uma das funções essenciais de A. muciniphila é a manutenção da integridade da barreira intestinal e da camada de muco. Ela facilita a produção de muco, o que contribui para a espessura da camada mucosa, a redução da permeabilidade intestinal e a prevenção da passagem de lipopolissacarídeos (LPS) bacterianos para a corrente sanguínea. Em doenças como a Doença Inflamatória Intestinal (DII), onde a camada de muco é mais fina, a abundância de A. muciniphila é frequentemente reduzida, o que prejudica a barreira intestinal e aumenta a permeabilidade.

Akkermansia muciniphila e Doenças Neuropsicológicas

Nos últimos anos, estudos começaram a explorar o impacto de A. muciniphila em doenças neuropsicológicas. Embora seja mais conhecida por seu papel em distúrbios metabólicos e gastrointestinais, sua análise tem sido estendida para condições como depressão, ansiedade e outros transtornos mentais. Pesquisas indicam que alterações na abundância de A. muciniphila estão associadas a esses distúrbios, levantando questões importantes sobre o papel da bactéria no desenvolvimento e progressão de doenças neuropsicológicas.

Uma questão crucial é se A. muciniphila desempenha um papel único na patogênese dessas doenças ou se sua modulação poderia servir como uma estratégia terapêutica. A manipulação dessa bactéria, seus proteínas da membrana externa ou seus metabolitos pode oferecer novos caminhos para o tratamento de doenças neuropsicológicas a longo prazo.

Potencial Terapêutico de Akkermansia muciniphila

Akkermansia muciniphila é uma bactéria intestinal conhecida por sua capacidade de produzir ácidos graxos de cadeia curta (SCFAs), como o propionato e o acetato. Esses compostos têm efeitos benéficos no corpo, incluindo a manutenção da função da barreira epitelial, diminuição de danos oxidativos no DNA, regulação da produção de citocinas, promoção de efeitos anti-inflamatórios e melhoria da saúde metabólica. Além disso, os SCFAs podem melhorar a função do sistema imunológico e estimular o metabolismo, com destaque para o aumento da oxidação de gorduras e ativação do tecido adiposo marrom.

Akkermansia muciniphila e a Integridade Neurovascular

Estudos demonstraram que A. muciniphila tem um papel importante na manutenção da integridade da barreira hematoencefálica (BBB). Em condições patológicas, inflamações podem danificar essa barreira e comprometer a função cerebral. A ausência de A. muciniphila foi associada ao aumento da permeabilidade da BBB, o que pode facilitar o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer. Por outro lado, dietas ricas em cetonas, que aumentam a abundância de A. muciniphila, melhoraram o fluxo sanguíneo cerebral e facilitaram a remoção de proteínas tóxicas, como o amyloid β (Aβ).

A Proteína de Membrana Externa Amuc_1100

A proteína Amuc_1100 é uma das proteínas da membrana externa mais expressas por A. muciniphila e desempenha um papel importante na manutenção da homeostase imunológica do hospedeiro e na melhoria da função da barreira intestinal. A interação entre Amuc_1100 e a mucina é essencial para a colonização bacteriana no trato intestinal. Além disso, a proteína ativa vias de sinalização que regulam a expressão de proteínas da junção apertada, essenciais para a integridade da barreira intestinal e neurovascular. Recentemente, também foi sugerido que Amuc_1100 desempenha um papel na regulação do metabolismo de aminoácidos, o que pode ter implicações terapêuticas em doenças intestinais e neuropsicológicas.

Akkermansia muciniphila em Doenças Neuropsicológicas

O conceito de "eixo microbiota-intestino-cérebro" tem ganhado destaque nos últimos anos, mostrando a conexão entre o microbioma intestinal e doenças do sistema nervoso central (SNC). A disbiose, ou desequilíbrio da microbiota, foi associada ao desenvolvimento de várias condições neurológicas. No caso de A. muciniphila, estudos indicam que a abundância dessa bactéria varia conforme a doença. Por exemplo, a quantidade de A. muciniphila diminui em condições como esclerose lateral amiotrófica (ELA) e transtornos neuropsiquiátricos, enquanto aumenta em doenças como Parkinson e esclerose múltipla.

A pesquisa sugere que a modulação de A. muciniphila pode ser uma estratégia promissora para o tratamento de doenças neuropsicológicas, melhorando a função da barreira hematoencefálica e modulando a inflamação. No entanto, a relação da bactéria com doenças como Alzheimer e autismo ainda não está completamente esclarecida, necessitando de mais estudos para determinar seu impacto.

Akkermansia muciniphila: Impacto em Doenças Neuropsicológicas e Esclerose Múltipla

Akkermansia muciniphila, uma bactéria intestinal, tem mostrado ser relevante em diversas condições de saúde, incluindo doenças neuropsiquiátricas e neurodegenerativas. Estudos recentes têm explorado sua relação com distúrbios como atrofia de múltiplos sistemas (MSA), esclerose múltipla (EM) e distúrbios psicossociais, sugerindo que a abundância dessa bactéria pode influenciar o curso de várias doenças.

Akkermansia muciniphila e Distúrbios Psicossociais

Estudos humanos indicam que a abundância de A. muciniphila nos fecais de bebês de 2,5 meses está negativamente correlacionada com os sintomas de distúrbios psicológicos maternos durante a gestação, como a angústia psicológica pré-natal (PPD). Esse achado, proveniente do estudo FinnBrain Birth, sugere que a PPD crônica pode afetar a presença dessa bactéria nos filhos, o que poderia influenciar o desenvolvimento deles (Aatsinki et al., 2020).

Akkermansia muciniphila na Atrofia Múltipla de Sistemas (MSA)

A MSA é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta adultos e se caracteriza por sintomas como parkinsonismo, ataxia cerebelar e falha autonômica. Estudos metagenômicos mostraram um aumento da abundância de A. muciniphila nas fezes de pacientes com MSA, enquanto outros gêneros como Megamonas e Bifidobacterium estavam diminuídos. Embora o mecanismo por trás do aumento de A. muciniphila na MSA não esteja totalmente esclarecido, acredita-se que a bactéria ajude a restaurar a homeostase imunológica, um processo que ainda necessita ser mais investigado (Wan et al., 2019).

Akkermansia muciniphila e Esclerose Múltipla (EM)

A EM é uma doença autoimune do sistema nervoso central, caracterizada por desmielinização e danos axonais. Estudos indicam que A. muciniphila está associada ao aumento de respostas inflamatórias em pacientes com EM. A presença dessa bactéria foi observada em maiores quantidades em pacientes com EM, especialmente naqueles não tratados ou em remissão da doença. Em contraste, a diminuição de A. muciniphila foi associada a uma resposta imunológica anti-inflamatória, o que pode representar uma possível estratégia terapêutica para a EM (Cekanaviciute et al., 2017; Jangi et al., 2016).

Uma pesquisa recente, envolvendo 576 pacientes com EM, revelou que A. muciniphila estava significativamente mais presente em pacientes não tratados e naqueles com formas recidivantes-remitentes e progressivas da doença, mas não apresentou diferenças significativas entre os grupos tratados com terapias modificadoras de doença (iMSMS Consortium, 2022). Curiosamente, em um estudo piloto, a suplementação de vitamina D aumentou a abundância de A. muciniphila em pacientes não tratados, o que pode sugerir um papel para a vitamina D no tratamento da EM (Cantarel et al., 2015).

Akkermansia muciniphila e Doença de Parkinson (DP)

Em estudos pós-morte, foi sugerido que a doença de Parkinson (DP) pode começar no intestino, com inclusões de ɑ-sinucleína sendo transportadas do trato gastrointestinal para o cérebro via nervo vago. Diversas pesquisas demonstraram que pacientes com DP têm uma abundância elevada de A. muciniphila no intestino, o que pode ser influenciado por mudanças no comportamento alimentar e fatores como constipação crônica e tratamentos medicamentosos.

Embora a abundância de A. muciniphila seja alta, a produção de ácidos graxos de cadeia curta (SCFAs) é reduzida, possivelmente devido a outros microrganismos presentes. Curiosamente, A. muciniphila também é mais abundante em pacientes com distúrbios comportamentais, como o transtorno de comportamento do sono REM, um dos primeiros sinais da DP. Isso levanta a possibilidade de que alterações na abundância dessa bactéria possam servir como biomarcadores para diagnóstico precoce da doença. Estudos de longo prazo são necessários para avaliar essa hipótese e a influência dos medicamentos de DP na abundância dessa bactéria.

Akkermansia muciniphila, Doença de Alzheimer (DA) e Déficits Cognitivos

Estudos em roedores alimentados com dieta rica em gordura (HFD) mostram que a redução de A. muciniphila está associada ao declínio cognitivo, mas a suplementação com dietas cetogênicas aumenta sua abundância e reduz o risco de neurodegeneração. Em modelos transgênicos de DA, a abundância de A. muciniphila mostra correlação com a presença de β-amiloide, embora o efeito da suplementação oral dessa bactéria mostre benefícios cognitivos em várias condições experimentais. Em humanos, a bactéria foi encontrada mais abundante em pacientes com DA em estágio inicial, o que aponta para seu potencial terapêutico.

Akkermansia muciniphila no Autismo e Epilepsia

No Transtorno do Espectro Autista (TEA), os resultados sobre a abundância de A. muciniphila são conflitantes, com algumas pesquisas mostrando aumento e outras redução dessa bactéria. No entanto, modelos de transplante fecal de microbioma de indivíduos com TEA para camundongos sugeriram que a alteração do microbioma pode reproduzir comportamentos típicos de autismo, incluindo um aumento de A. muciniphila. Em modelos animais de epilepsia, a abundância de A. muciniphila é reduzida, mas em crianças com paralisia cerebral e epilepsia, os níveis são mais elevados, sugerindo que a modulação microbiana poderia representar uma terapia inovadora para convulsões.

Potencial Terapêutico da A. muciniphila

A modulação da abundância de A. muciniphila apresenta um grande potencial terapêutico. Intervenções como dieta, exercício, suplementos e até procedimentos cirúrgicos têm mostrado aumentar essa bactéria e melhorar os sintomas de doenças metabólicas e neuropsiquiátricas. Em modelos animais, a suplementação de A. muciniphila aliviou déficits cognitivos e comportamentais, enquanto dietas cetogênicas demonstraram aumentar sua presença, ajudando na proteção contra doenças neurodegenerativas.

Contodo, a pesquisa sobre o impacto de A. muciniphila em doenças como a MSA e a EM aponta para a necessidade de mais estudos para entender os mecanismos imunológicos subjacentes e como esses podem ser utilizados para desenvolver terapias mais eficazes.

Como saber que tipos de bactérias tenho no intestino?

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Fisiopatologia da doença de Parkinson

A doença de Parkinson (DP) é um distúrbio neurodegenerativo progressivo caracterizado principalmente por sintomas motores e não motores. Sua fisiopatologia envolve alterações complexas nos sistemas nervoso central e periférico, destacando-se a degeneração de neurônios dopaminérgicos na substância negra pars compacta do cérebro.

Principais aspectos da fisiopatologia da DP:

1. Degeneração dos neurônios dopaminérgicos

  • Os neurônios da substância negra pars compacta, que enviam projeções ao estriado (composto pelo putâmen e núcleo caudado), sofrem degeneração.

  • A redução de dopamina no estriado resulta em um desequilíbrio funcional nos circuitos dos gânglios da base, afetando o controle motor.

  • O sistema excitatório e inibitório é desregulado, levando a sintomas como tremor, rigidez, bradicinesia e instabilidade postural.

2. Acúmulo de corpos de Lewy

  • Ocorre o acúmulo anormal da proteína α-sinucleína dentro dos neurônios, formando agregados tóxicos, como oligômeros e fibrilas. Estes agregados são o passo inicial do processo patológico da DP.

  • Os agregados proteicos contribuem para a disfunção e morte celular, não apenas em áreas motoras, mas também em outras regiões cerebrais, causando sintomas não motores.

  • Com o tempo, os agregados de α-sinucleína se acumulam ainda mais e formam estruturas maiores e mais complexas, que são os corpos de Lewy.

  • Os corpos de Lewy são inclusões intracelulares maduras e bem organizadas, resultado da progressão do processo patológico. Contêm principalmente α-sinucleína, mas também outras proteínas mal dobradas, lipídeos e componentes celulares.

3. Danos em outros sistemas neurológicos

  • Além dos gânglios da base, outras áreas do sistema nervoso central e periférico são afetadas:

    • Tronco encefálico (ex.: núcleo dorsal da rafe e locus coeruleus).

    • Córtex cerebral, em estágios avançados.

    • Sistema nervoso autônomo, relacionado a sintomas como constipação e hipotensão postural.

4. Disfunção mitocondrial e estresse oxidativo

  • A função mitocondrial é comprometida nos neurônios dopaminérgicos, gerando excesso de radicais livres.

  • Causas: Exposição a toxinas, envelhecimento, ou mutações em genes relacionados à DP, como PRKN, PINK1 e DJ1.

  • Efeitos: O dano mitocondrial causa:

    • Redução da produção de ATP (energia celular).

    • Aumento de espécies reativas de oxigênio (ROS, radicais livres).

    • Elevação dos níveis intracelulares de cálcio (Ca²⁺), levando à disfunção neuronal.

    • Danos às proteínas, lipídeos e DNA celular, acelerando a degeneração neuronal.

5. Inflamação neurogênica

  • A ativação de células da glia (como micróglias e astrócitos) promove a liberação de citocinas inflamatórias, contribuindo para a disfunção sináptica e a morte neuronal.

6. Disfunção no clearance de proteínas

  • A capacidade de eliminar proteínas defeituosas ou mal dobradas é comprometida devido à:

    • Alteração nos proteassomos: Estruturas que degradam proteínas defeituosas.

    • Autofagia prejudicada: O sistema de limpeza lisossomal (responsável por reciclar componentes celulares) é comprometido, especialmente por mutações em genes como GBA ou ATP13A2.

Manifestação clínica correlacionada à fisiopatologia

  1. Sintomas motores:

    • Resultam do desequilíbrio dopaminérgico nos circuitos dos gânglios da base.

    • Exemplos: tremor de repouso, rigidez, bradicinesia e instabilidade postural.

  2. Sintomas não motores:

    • Ligados a áreas extramotoras do cérebro e sistema nervoso periférico:

      • Disfunções olfatórias (envolvimento do bulbo olfatório).

      • Distúrbios do sono REM.

      • Alterações autonômicas (ex.: hipotensão, constipação).

      • Sintomas cognitivos e psiquiátricos (ex.: depressão, ansiedade).

Tratamento da doença de Parkinson

O tratamento da doença de Parkinson (DP) tem como objetivo principal controlar os sintomas (motores e não motores) e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, uma vez que ainda não há cura ou terapias capazes de interromper a progressão da doença. A abordagem é personalizada, considerando fatores como idade, estágio da doença e tolerância aos medicamentos.

1. Tratamento farmacológico

Os medicamentos utilizados atuam principalmente para repor dopamina ou corrigir o desequilíbrio nos circuitos dos gânglios da base.

a) Levodopa (L-DOPA)

  • Mecanismo: É o precursor da dopamina, que atravessa a barreira hematoencefálica e é convertida em dopamina nos neurônios.

  • Uso combinado:

    • Sempre administrada com inibidores da dopa-descarboxilase periférica (como carbidopa ou benserazida) para evitar a conversão precoce de levodopa em dopamina fora do cérebro.

  • Eficácia: É o tratamento mais eficaz para os sintomas motores, como bradicinesia e rigidez.

  • Efeitos adversos:

    • A longo prazo, pode causar flutuações motoras (ex.: períodos "on-off") e discinesias (movimentos involuntários).

b) Agonistas dopaminérgicos

  • Exemplos: Pramipexol, ropinirol, rotigotina (transdérmica) e apomorfina.

  • Mecanismo: Estimulam diretamente os receptores de dopamina.

  • Indicação:

    • Alternativa à levodopa em estágios iniciais, especialmente em pacientes jovens.

    • Usados em combinação com levodopa em estágios avançados.

  • Efeitos adversos: Sonolência, alucinações, comportamentos compulsivos (ex.: jogo, compras).

c) Inibidores da MAO-B

  • Exemplos: Selegilina, rasagilina, safinamida.

  • Mecanismo: Inibem a enzima monoamina oxidase tipo B (MAO-B), que degrada a dopamina no cérebro, prolongando sua ação.

  • Indicação: Estágios iniciais ou como adjuvantes à levodopa.

d) Inibidores da COMT

  • Exemplos: Entacapona, tolcapona, opicapona.

  • Mecanismo: Inibem a enzima catecol-O-metiltransferase (COMT), prolongando o efeito da levodopa.

  • Indicação: Reduzem as flutuações motoras em pacientes tratados com levodopa.

e) Anticolinérgicos

  • Exemplos: Trihexifenidil, biperideno.

  • Mecanismo: Reduzem a hiperatividade colinérgica nos gânglios da base.

  • Indicação: Eficazes no controle de tremor em pacientes mais jovens.

  • Efeitos adversos: Boca seca, constipação, confusão mental (especialmente em idosos).

f) Amantadina

  • Mecanismo: Potencializa a liberação de dopamina e tem efeitos anti-glutamatérgicos.

  • Indicação: Útil para tratar discinesias induzidas pela levodopa.

2. Tratamento cirúrgico

Indicado para pacientes com resposta insuficiente ao tratamento farmacológico ou com flutuações motoras graves.

a) Estimulação cerebral profunda (DBS)

  • O que é: Implante de eletrodos nos gânglios da base (geralmente no núcleo subtalâmico ou globo pálido interno).

  • Mecanismo: Estimula as regiões-alvo para reduzir sintomas motores.

  • Indicação: Pacientes com flutuações motoras severas ou tremor resistente aos medicamentos.

  • Benefícios: Reduz a necessidade de levodopa e melhora a qualidade de vida.

3. Terapias não farmacológicas

Essas abordagens complementam o tratamento para gerenciar sintomas motores e não motores.

a) Fisioterapia

  • Melhora a mobilidade, força muscular e equilíbrio.

  • Técnicas específicas ajudam a prevenir quedas e manter a funcionalidade.

b) Fonoaudiologia

  • Trata distúrbios de fala (hipofonia) e disfagia, comuns na DP.

c) Terapia ocupacional

  • Ajuda a adaptar as atividades do dia a dia, preservando a independência.

d) Exercícios físicos

  • Benefícios neuroprotetores e melhora da mobilidade.

  • Atividades como yoga, tai chi e dança ajudam no equilíbrio e na flexibilidade.

e) Suporte psicológico

  • Essencial para lidar com sintomas psiquiátricos (depressão, ansiedade) e o impacto emocional da doença.

4. Tratamento dos sintomas não motores

a) Distúrbios do sono: Melatonina ou clonazepam.

b) Depressão: Antidepressivos (ex.: inibidores seletivos da recaptação de serotonina).

c) Demência: Inibidores da acetilcolinesterase (ex.: rivastigmina).

d) Constipação: Dieta rica em fibras, hidratação e laxantes suaves.

e) Hipotensão ortostática: Fludrocortisona ou midodrina.

5. Terapias em pesquisa

  • Terapia gênica: Estudo de genes como GDNF para proteger neurônios.

  • Transplante de células-tronco: Tentativa de regenerar neurônios dopaminérgicos.

  • Novos medicamentos: Pesquisas sobre inibidores da agregação de α-sinucleína e moduladores imunológicos.

Importância da Nutrição

1. Nutrientes com efeito neuroprotetor ou modulador da dopamina

a) L-tirosina

  • O que é: Um aminoácido precursor da dopamina.

  • Efeito: Pode aumentar a síntese de dopamina, pois é convertido em L-DOPA no organismo.

  • Fontes alimentares: Carnes, peixes, ovos, laticínios, nozes, sementes e leguminosas.

  • Observação: Suplementação deve ser feita com cautela e acompanhamento médico.

Aminoácidos e co-fatores para síntese de dopamina (Mader, 2023)

b) Coenzima Q10

  • O que é: Um antioxidante natural essencial para a função mitocondrial.

  • Efeito: Reduz o estresse oxidativo, que é uma das causas de degeneração neuronal no Parkinson.

  • Fontes alimentares: Peixes gordurosos, carnes, espinafre, brócolis e nozes.

  • Estudos: Alguns estudos sugerem que a CoQ10 pode desacelerar a progressão da DP em estágios iniciais. Suplementação de 300 mg/dia por tempo prolongado (96 semanas) indicou melhoria dos sintomas com o passar do tempo (Yoritaka et al., 2015).

c) Vitamina D

  • Efeito: Pode modular a inflamação e proteger contra a degeneração neuronal.

  • Fontes alimentares: Peixes gordurosos, gema de ovo, cogumelos e alimentos fortificados.

  • Observação: Níveis adequados de vitamina D estão associados a menor risco de progressão da DP.

d) Ácidos graxos ômega-3

  • O que são: Gorduras poli-insaturadas com propriedades anti-inflamatórias e neuroprotetoras.

  • Efeito: Podem reduzir a inflamação e proteger os neurônios dopaminérgicos (Li, & Song, 2022).

  • Fontes alimentares: Peixes gordurosos (salmão, sardinha), linhaça, chia, nozes.

e) Curcumina (da cúrcuma)

  • Efeito: Antioxidante e anti-inflamatório potente; pode inibir a agregação de α-sinucleína e proteger os neurônios.

  • Fontes alimentares: Cúrcuma (açafrão-da-terra).

2. Nutrientes com propriedades antioxidantes

a) Vitamina C

  • Efeito: Neutraliza espécies reativas de oxigênio (ROS) e combate o estresse oxidativo.

  • Fontes alimentares: Laranja, limão, kiwi, morango, pimentão, brócolis.

b) Vitamina E

  • Efeito: Antioxidante que protege as membranas celulares contra danos.

  • Fontes alimentares: Amêndoas, sementes de girassol, espinafre, óleos vegetais (girassol, oliva).

c) Selênio

  • Efeito: Cofator de enzimas antioxidantes (glutationa peroxidase), que protegem contra o estresse oxidativo.

  • Fontes alimentares: Castanha-do-pará, nozes, frutos do mar, ovos.

d) Glutationa

  • O que é: Um antioxidante intracelular produzido pelo organismo.

  • Efeito: Ajuda a reduzir a toxicidade de α-sinucleína e protege os neurônios.

  • Fontes alimentares: Aspargos, abacate, espinafre e brócolis (estimulam a produção de glutationa).

Nutrientes que podem modular neurotransmissores

a) Cafeína

  • Efeito: Pode proteger os neurônios dopaminérgicos e melhorar os sintomas motores, segundo estudos.

  • Fontes alimentares: Café, chá preto, chá verde, chocolate amargo.

  • Observação: Consumo moderado é mais indicado.

b) Teanina

  • O que é: Um aminoácido encontrado no chá verde.

  • Efeito: Pode melhorar a cognição e reduzir o estresse, modulando a dopamina e outros neurotransmissores.

c) Resveratrol

  • O que é: Um polifenol com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.

  • Fontes alimentares: Uvas roxas, vinho tinto, amendoim, cacau.

  • Efeito: Pode ajudar a prevenir a neurodegeneração.

4. Compostos para suporte mitocondrial e autofagia

a) Ácido alfa-lipóico

  • Efeito: Antioxidante e cofator enzimático que protege as mitocôndrias contra danos.

  • Fontes alimentares: Espinafre, brócolis, batata.

b) Polifenóis

  • Exemplos: Catequinas (chá verde), quercetina (maçã, cebola), antocianinas (frutas vermelhas).

  • Efeito: Estimulam a autofagia, reduzindo o acúmulo de α-sinucleína.

b) Creatina

  • Composto natural encontrado nos músculos e no cérebro, que tem como função principal ajudar no fornecimento de energia para os músculos durante atividades intensas. Ela é comumente utilizada como suplemento para melhorar o desempenho atlético e aumentar a massa muscular.

  • Efeito: Pode ter um efeito neuroprotetor e pode ajudar a proteger os neurônios, especialmente em doenças neurodegenerativas, pois reduz o estresse oxidativo, protege contra a disfunção mitocondrial, melhorando a função motora e retardando o declínio da função física.

5. Probióticos

  • Efeito: Melhoram a saúde intestinal, que está intimamente relacionada ao eixo intestino-cérebro.

  • Observação: Estudos sugerem que a disbiose intestinal pode piorar os sintomas da DP. Além disso, a perda de células nervosas pode acontecer também no intestino, afetando os movimentos intestinais.

  • Fontes alimentares: Iogurte, kefir, kombucha, alimentos fermentados. Existem também suplementos contendo bactérias probióticas, mas precisa ser muito criteriosa pois o uso inadequado de bactérias pode agravar os sintomas do Parkinson (expliquei neste outro texto o caso da Akkermansia. Recomenda-se a avaliação da microbiota intestinal para escolha das melhores alternativas.

5. Fibras prebióticas

  • Efeito: Melhoram a saúde intestinal, são usadas como fonte de energia, fermentadas para produção de ácidos graxos de cadeia curto (SCFAs) com vários efeitos benéficos, incluindo a regulação imune e redução da neuroinflamação.

  • Observação: Estudos sugerem que a disbiose intestinal pode piorar os sintomas da DP. Além disso, a perda de células nervosas pode acontecer também no intestino, afetando os movimentos intestinais.

  • Fontes alimentares: bananas verdes, framboesas, morango, alho, cebola, alho-poró, aspargos, couve-de-bruxelas, grão de bico, lentilhas, aveia, batata doce, inhame, chia, linhaça, psyllium.

  • Fibras podem ser usadas principalmente para pacientes constipados ou com dificuldade de mastigação ou deglutição de alimentos de origem vegetal. Lembrando que atividade física, boa hidratação, rotina intestinal (horários regulares para ir ao banheiro), massagens abdominais também são estratégias importantes no caso de prisão de ventre.

Cuidados

  1. Alimentação equilibrada: Uma dieta rica em frutas, vegetais, grãos integrais e gorduras saudáveis fornece antioxidantes e nutrientes essenciais.

  2. Interação com medicamentos: Alguns nutrientes ou suplementos podem interagir com medicamentos para Parkinson, como a levodopa (ex.: excesso de proteínas na dieta pode reduzir a eficácia da levodopa).

    • Recomenda-se consumir proteínas à noite para evitar interferência na absorção da levodopa durante o dia.

  3. Supervisão nutricional: Antes de iniciar qualquer suplemento ou mudança na dieta, é essencial consultar um nutricionista especialista na áreas.

O tratamento da doença de Parkinson combina medicamentos, intervenções cirúrgicas e terapias complementares para oferecer um manejo mais eficaz dos sintomas, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/