Nigella sativa (cominho negro) na prevenção e tratamento de doenças

O cominho preto, também conhecido como Nigella sativa, é uma planta da família Ranunculaceae, originária do sul da Europa, norte da África e sudoeste da Ásia. Ao longo dos anos, essa erva tem atraído a atenção crescente da comunidade científica, da indústria farmacêutica e dos consumidores preocupados com a saúde devido aos seus potenciais benefícios terapêuticos.

Potenciais Benefícios à Saúde

O cominho preto é amplamente valorizado como um alimento funcional ou nutracêutico devido aos seus efeitos farmacológicos pleiotrópicos, sendo considerado um aliado na prevenção e no tratamento de diversas condições de saúde. Entre os principais benefícios estão a sua capacidade de:

  • Reduzir o estresse oxidativo e a inflamação: O cominho preto tem mostrado eficácia na modulação dessas condições, que são fundamentais no desenvolvimento de várias doenças crônicas.

  • Promover a imunidade e a sobrevivência celular: Ao estimular o sistema imunológico, a planta pode ajudar o corpo a combater infecções e doenças.

  • Auxiliar no metabolismo energético: Pode melhorar a eficiência metabólica, beneficiando o equilíbrio energético e a saúde geral.

  • Proteger contra distúrbios metabólicos e doenças crônicas: O cominho preto tem sido associado à proteção contra doenças cardiovasculares, digestivas, hepáticas, renais, respiratórias, reprodutivas e neurológicas, além de câncer.

Timoquinona: O Principal Componente Ativo

O principal componente bioativo do cominho preto é a timoquinona (TQ), responsável por muitos dos efeitos terapêuticos observados. A timoquinona tem se destacado por suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e imunomoduladoras, que podem ser benéficas no tratamento de uma variedade de doenças.

Potencial Antídoto

Além de seus efeitos terapêuticos, o cominho preto também tem a função de atuar como um antídoto natural, ajudando a mitigar as toxicidades e os efeitos colaterais induzidos por medicamentos. Isso o torna uma opção promissora no contexto de tratamentos farmacológicos complexos.

Desafios e Perspectivas Futuras

Apesar dos avanços nas pesquisas sobre os benefícios farmacológicos do cominho preto, sua aplicação clínica ainda está em estágios iniciais. O entendimento dos mecanismos moleculares subjacentes aos seus efeitos terapêuticos é essencial para avançar com o uso clínico da planta.

Os pesquisadores continuam a explorar a farmacologia molecular da timoquinona e de outros compostos presentes no cominho preto, buscando esclarecer os mecanismos que fundamentam seus benefícios à saúde. Questões relacionadas à interação entre o cominho preto e outros medicamentos, à administração de dosagens eficazes e à segurança no uso também são tópicos importantes para garantir a sua aplicação segura e eficaz.

Diferentes variedades de cominho (Srinivasan, 2018)

As sementes de cominho preto possuem um sabor e aroma pungente e amargo, sendo amplamente utilizadas como especiaria. Elas são usadas em pratos como caril, pães, picles e na tradicional mistura de especiarias panch phoron, comum na culinária bengali. Além disso, seu uso na preservação de alimentos remonta à antiga civilização egípcia, onde era utilizado para conservação durante a mumificação.

No campo medicinal, o cominho preto é tradicionalmente utilizado no tratamento de diversas condições, como asma, bronquite, reumatismo e inflamações. Sua popularidade se estende ao Sudeste Asiático e ao Oriente Médio, onde é utilizado para tratar uma variedade de doenças, incluindo problemas respiratórios, cardiovasculares, distúrbios cutâneos e gastrointestinais.

Mecanismos de Ação Anticancerígena

O cominho preto e seus componentes ativam diversos processos bioquímicos no interior das células cancerígenas, levando à morte seletiva dessas células. Entre os principais mecanismos envolvidos, destacam-se:

  1. Indução da Apoptose: O cominho preto desencadeia a apoptose específica em células tumorais ao alterar várias cascatas de sinalização celular, como:

    • PI3K/Akt/mTOR: Essencial na regulação do crescimento celular e sobrevivência.

    • Wnt/β-catenina: Envolvida na promoção da proliferação celular e no desenvolvimento de câncer.

    • NF-κB: Fator de transcrição que desempenha um papel crucial na inflamação e na sobrevivência celular.

  2. Danos ao DNA e Estresse Oxidativo: O cominho preto provoca a formação de espécies reativas de oxigênio (ROS), o que resulta em um aumento do estresse oxidativo e disfunção mitocondrial. Esse processo danifica o DNA das células cancerígenas e altera a razão entre as proteínas Bax/Bcl-2, que regulam a apoptose. A ativação da via c-Jun N-terminal kinase (p-JNK) também contribui para esse processo.

  3. Interrupção do Ciclo Celular: O cominho preto interfere na progressão do ciclo celular, suprimindo a expressão de Ciclina B1 e CDK1/2, proteínas chave na regulação do ciclo celular. Esse efeito ocorre através da modulação de vias de sinalização como STAT3 (transdutor de sinal e ativador da transcrição-3) e MAPK (proteína quinase ativada por mitógeno).

Mecanismos Neuroprotetores

O cominho preto (Nigella sativa) e sua principal substância bioativa, a timoquinona (TQ), demonstraram efeitos neuroprotetores promissores em distúrbios cerebrais degenerativos e lesões pós-isquêmicas ou traumáticas. Os mecanismos de ação do cominho preto e TQ para proteção do sistema nervoso envolvem diversas vias bioquímicas complexas, com destaque para a modulação de inflamação, estresse oxidativo e apoptose celular.

Mecanismos Neuroprotetores do Cominho Preto e Timoquinona

  1. Atenuação da Resposta Inflamatória: O cominho preto reduz a inflamação no cérebro ao inibir a sinalização de NF-κB, um fator de transcrição envolvido na resposta inflamatória e no desenvolvimento de doenças neurodegenerativas.

  2. Inibição da COX-2: A timoquinona pode inibir a COX-2, uma enzima associada à inflamação e à dor, contribuindo para a redução da neuroinflamação.

  3. Ativação do Sistema de Defesa Antioxidante: O cominho preto ativa a via Nrf2/ARE, um sistema antioxidante que protege as células cerebrais contra o estresse oxidativo, reduzindo os danos causados por radicais livres.

  4. Cross-talk entre Nrf2 e NF-κB: Existe uma interação entre os sistemas Nrf2 e NF-κB, que amplifica a resposta antioxidante e reduz a inflamação cerebral.

  5. Proteção contra Neuroinflamação: Além de inibir a NF-κB, o cominho preto ajuda a prevenir a neuroinflamação ao reduzir a atividade da iNOS (óxido nítrico sintase induzível) e da COX-2, duas proteínas chave no processo inflamatório no cérebro.

  6. Regulação da Apoptose: A timoquinona regula negativamente as vias pró-apoptóticas, como a JNK/Erk, prevenindo a morte celular excessiva em neurônios.

  7. Ativação de Sinalização Pró-Sobrevivência: O cominho preto ativa a via PI3K/Akt, essencial para a sobrevivência neuronal e função celular.

  8. Mitofagia e Proteção Mitocondrial: A timoquinona induz mitofagia (eliminação de mitocôndrias danificadas), protegendo os neurônios do estresse mitocondrial.

  9. Prevenção da Lesão Isquêmica/Traumática: O cominho preto ajuda a prevenir a despolarização excitotóxica nos terminais pré-sinápticos dos neurônios, protegendo contra lesões cerebrais causadas por falta de oxigênio (isquemia) ou trauma.

  10. Atividade Anticolinesterase: A timoquinona tem ação anticolinesterase, ajudando a aumentar os níveis de acetilcolina, um neurotransmissor importante para a função cognitiva e memória.

  11. Anti-amiloidogênese e Depuração de Aβ: O cominho preto bloqueia a atividade da β-secretase, uma enzima associada à formação de placas amiloides no cérebro, e também regula positivamente proteínas como IDE (enzima degradante de insulina) e LRP1, responsáveis pela remoção de proteínas amiloides, o que é fundamental no combate ao Alzheimer.

Benefícios para a Tireoide

A tireoidite de Hashimoto é uma doença autoimune que afeta a tireoide, sendo a causa mais comum de hipotireoidismo. O tratamento convencional envolve o uso de hormônios sintéticos, mas o interesse por alternativas naturais, como o cominho preto (Nigella sativa), tem crescido devido ao seu potencial terapêutico. O cominho preto tem sido utilizado mundialmente no tratamento de várias condições crônicas, como hiperlipidemia, hipertensão e diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Recentemente, pesquisadores investigaram seus efeitos na função tireoidiana e outros fatores biológicos em pacientes com tireoidite de Hashimoto.

Benefícios do Cominho Preto para a Tireoide

Estudos sugerem que o cominho preto pode ter efeitos positivos na saúde da tireoide, influenciando parâmetros importantes, como:

  1. Melhora da Função Tireoidiana: A Nigella sativa pode ajudar a regular os níveis hormonais da tireoide, potencialmente beneficiando pacientes com tireoidite de Hashimoto, que têm dificuldades em produzir hormônios tireoidianos adequados.

  2. Redução de Marcadores Inflamatórios: A pesquisa também avaliou a influência do cominho preto no fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), que está relacionado à inflamação e à saúde dos vasos sanguíneos. A redução de VEGF pode ser benéfica em condições autoimunes, como a tireoidite de Hashimoto.

  3. Influência na Nesfatina-1: Este estudo observou também a relação do cominho preto com a nesfatina-1, uma substância que pode desempenhar papel na regulação do metabolismo e na função da tireoide.

  4. Melhora das Características Antropométricas: Além de seu impacto direto na tireoide, o cominho preto mostrou benefícios em parâmetros como peso corporal e índice de massa corporal (IMC), fatores importantes para pacientes com doenças metabólicas associadas à disfunção da tireoide.

Formas de uso

  • Semente

  • Óleo (encapsulado ou não)

  • Extrato seco

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Envelhecimento acelerado a partir dos 60 anos

Um estudo realizado com 118 pessoas saudáveis, de diferentes faixas etárias, revelou que os impactos do envelhecimento no controle da frequência cardíaca em repouso e na aptidão cardiorrespiratória se tornam mais evidentes a partir dos 60 anos. Os pesquisadores identificaram alterações no metabolismo que podem ajudar a mitigar os efeitos deletérios da senescência.

Coordenado pela professora Aparecida Maria Catai, da UFSCar, o estudo analisou três componentes integrados: metabolismo, modulação autonômica cardíaca e aptidão cardiorrespiratória. Publicado na Scientific Reports com apoio da FAPESP, a pesquisa sugere que o envelhecimento saudável envolve ajustes fisiológicos limitados, os quais se tornam mais significativos após os 60 anos.

Principais Achados:

  1. Ácido Hipúrico e Saúde Metabólica
    Um aumento nos níveis séricos de ácido hipúrico, entre 60 e 70 anos, foi associado à microbiota intestinal e à melhor absorção de nutrientes. Apesar de estar relacionado à função renal, estudos indicam seu potencial como marcador de saúde metabólica.

  2. Redução de Aminoácidos Essenciais (BCAAs)
    A queda de BCAAs, aminoácidos ligados à síntese proteica, pode ser uma estratégia do organismo para preservar a saúde celular. A suplementação de BCAAs em idosos ainda é debatida, pois atividades anabólicas excessivas podem ter efeitos adversos, como o aumento do risco de câncer.

  3. Declínio da Aptidão Cardiorrespiratória
    Com a idade, a capacidade do organismo de captar, transportar e consumir oxigênio diminui devido a alterações nos sistemas muscular, cardiovascular e nervoso. Isso afeta diretamente o desempenho físico.

  4. Modulação Cardíaca em Declínio
    O equilíbrio entre os sistemas simpático e parassimpático do coração também é prejudicado, resultando em maior estresse para o organismo em repouso.

Teorias do envelhecimento

Encurtamento de telômeros, desregulação hormonal, estresse oxidativo, alterações do ritmo circadiano, glicação, estão entre as teorias do envelhecimento.

Glicação e Envelhecimento: O Que Você Precisa Saber

A glicação é um processo bioquímico em que moléculas de açúcar, como a glicose, se ligam a proteínas, lipídios ou DNA sem a ação de enzimas. Esse processo ocorre naturalmente no corpo, mas se intensifica com o envelhecimento, contribuindo para danos celulares e disfunções em diferentes sistemas orgânicos.

Como Funciona a Glicação?

  • Formação de Produtos Finais de Glicação Avançada (AGEs): Durante a glicação, surgem compostos chamados AGEs (Advanced Glycation End Products), que se acumulam nos tecidos com o passar do tempo.

  • Impacto nos Tecidos: Os AGEs alteram a estrutura e a função de proteínas e outras moléculas, tornando-as menos eficazes. Exemplos incluem o colágeno, que perde elasticidade, e as proteínas do cristalino, contribuindo para a formação de cataratas.

Efeitos da Glicação no Envelhecimento

  1. Rigidez Tecidual: Os AGEs afetam o colágeno na pele e nos vasos sanguíneos, causando perda de elasticidade, rugas e rigidez arterial.

  2. Estresse Oxidativo e Inflamação: A presença de AGEs desencadeia inflamação e aumenta a produção de radicais livres, acelerando o envelhecimento celular.

  3. Disfunções Metabólicas: A glicação está associada ao agravamento de doenças crônicas relacionadas ao envelhecimento, como diabetes tipo 2, aterosclerose e Alzheimer.

  4. Comprometimento de Funções Orgânicas: No sistema nervoso, os AGEs podem prejudicar os neurônios e contribuir para o declínio cognitivo.

Genética e Envelhecimento: O Papel dos Genes no Processo de Senescência

O envelhecimento é um fenômeno natural e multifatorial, influenciado tanto por fatores ambientais quanto genéticos. Os genes desempenham um papel central no controle do tempo de vida e na vulnerabilidade a doenças relacionadas à idade, como Alzheimer, câncer e doenças cardiovasculares.

Como a Genética Influencia o Envelhecimento?

  1. Genes da Longevidade:
    Certos genes estão associados à longevidade e à resistência ao envelhecimento. Por exemplo:

    • FOXO3: Relacionado ao controle de processos celulares, como reparo do DNA e defesa contra o estresse oxidativo. É comumente encontrado em pessoas com vida longa.

    • SIRT1-7 (Sirtuínas): Envolvidos no metabolismo energético, reparo do DNA e redução da inflamação. Sua ativação tem sido associada à extensão da vida útil em modelos experimentais.

  2. Reparação do DNA:
    O acúmulo de danos no DNA ao longo do tempo é uma das principais causas do envelhecimento. Genes como TP53 (conhecido como "guardião do genoma") desempenham um papel crucial na detecção e reparo desses danos. Mutações nesses genes podem acelerar o processo de envelhecimento e aumentar o risco de câncer.

  3. Telômeros e Envelhecimento:
    Os telômeros, regiões terminais dos cromossomos, encurtam a cada divisão celular. Quando ficam muito curtos, as células entram em senescência ou morrem.

    • O gene TERT, que codifica a telomerase (uma enzima que pode restaurar o comprimento dos telômeros), é crucial para manter a saúde celular e retardar o envelhecimento em algumas situações.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Os perigos dos picos de açúcar

Nem todos os tipos de açúcar são iguais. Açúcares naturais encontrados em frutas, vegetais e leite são absorvidos mais lentamente pelo corpo, oferecendo benefícios. Em contrapartida, os chamados açúcares livres, adicionados artificialmente aos alimentos, podem causar ganho de peso e picos perigosos de glicose no sangue quando consumidos em excesso.

O Limite Diário de Açúcar

O consumo de açúcares adicionados não deve ultrapassar 5% das calorias diárias para um adulto médio saudável. Esta quantidade pode ser muito menor ou nula para adultos com problemas metabólicos.

Evitar alimentos óbvios como refrigerantes, doces, chocolates e cereais açucarados ajuda, mas o desafio está nos açúcares escondidos. Muitos produtos rotulados como “saudáveis” ou com “baixo teor de gordura” têm grandes quantidades de açúcar adicionadas para compensar a perda de sabor. Um exemplo surpreendente: uma tigela de cereais matinais infantil pode conter metade da cota diária de açúcar.

Açúcares Ocultos no Dia a Dia

Mesmo uma dieta aparentemente equilibrada pode enganar. Considere o seguinte cardápio:

  • Café da manhã: iogurte de baunilha desnatado, banana e mirtilos.

  • Almoço: sopa de tomate industrializada e sanduíche com maionese light.

  • Hidratação: uma garrafa de água vitaminada.

  • Jantar: macarrão com molho de tomate e salada com molho desnatado.

Esse cardápio pode parecer saudável, mas pode conter até 21 colheres de chá de açúcar, o triplo da quantidade diária recomendada. A indústria frequentemente adiciona açúcares, com diferentes nomes aos produtos industrializados.

Procure na lista de ingredientes por nomes como açúcar, açúcar mascavo, açúcar demerara, xarope de milho, xarope de glicose, xarope de frutose, açúcar de malte, melaço, melado, mel. Não quer o trabalho de ler rótulos? A melhor alternativa é adotar uma dieta a base de alimentos naturais, o menos industrializada possível.

Lembre que o açúcar em qualquer forma acima pode gerar picos de glicose, seguido de liberação de insulina e hipoglicemia. Resultado? Falta de energia, fome e compulsão alimentar.

Nossa relação com o açúcar lembra o que já tivemos com o tabaco: uma relutância em abandoná-lo, tratando-o como essencial à vida moderna. Essa mesma resistência marcou o caminho para reconhecer os perigos do cigarro.

Nos anos 1950, cigarros eram promovidos como "limpos, frescos e suaves", mesmo após o primeiro grande estudo associando tabagismo ao câncer de pulmão. Décadas de evidências reforçaram os riscos, incluindo o tabagismo passivo como causa de doenças graves. Nos anos 1990, ações judiciais começaram a responsabilizar as empresas de tabaco, e em 2007, o fumo em locais públicos começou a ser proibido em muitos países, mas apenas após meio século das primeiras provas sobre os potenciais danos à saúde.

Com o açúcar, o desafio parece ainda maior. Apesar de sabermos que o consumo excessivo está ligado à obesidade e doenças crônicas, o problema é frequentemente empurrado para o futuro. Políticas se concentram em proteger crianças de engordar, mas pouco se faz para combater o consumo entre adultos.

Talvez, como no caso do tabaco, uma mudança significativa só venha após décadas de evidências e pressão social. A responsabilidade acaba recaindo sobre cada pessoa, que precisa se educar e tentar adotar um estilo de vida mais limpo e saudável.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/