Nem todos os tipos de açúcar são iguais. Açúcares naturais encontrados em frutas, vegetais e leite são absorvidos mais lentamente pelo corpo, oferecendo benefícios. Em contrapartida, os chamados açúcares livres, adicionados artificialmente aos alimentos, podem causar ganho de peso e picos perigosos de glicose no sangue quando consumidos em excesso.
O Limite Diário de Açúcar
O consumo de açúcares adicionados não deve ultrapassar 5% das calorias diárias para um adulto médio saudável. Esta quantidade pode ser muito menor ou nula para adultos com problemas metabólicos.
Evitar alimentos óbvios como refrigerantes, doces, chocolates e cereais açucarados ajuda, mas o desafio está nos açúcares escondidos. Muitos produtos rotulados como “saudáveis” ou com “baixo teor de gordura” têm grandes quantidades de açúcar adicionadas para compensar a perda de sabor. Um exemplo surpreendente: uma tigela de cereais matinais infantil pode conter metade da cota diária de açúcar.
Açúcares Ocultos no Dia a Dia
Mesmo uma dieta aparentemente equilibrada pode enganar. Considere o seguinte cardápio:
Café da manhã: iogurte de baunilha desnatado, banana e mirtilos.
Almoço: sopa de tomate industrializada e sanduíche com maionese light.
Hidratação: uma garrafa de água vitaminada.
Jantar: macarrão com molho de tomate e salada com molho desnatado.
Esse cardápio pode parecer saudável, mas pode conter até 21 colheres de chá de açúcar, o triplo da quantidade diária recomendada. A indústria frequentemente adiciona açúcares, com diferentes nomes aos produtos industrializados.
Procure na lista de ingredientes por nomes como açúcar, açúcar mascavo, açúcar demerara, xarope de milho, xarope de glicose, xarope de frutose, açúcar de malte, melaço, melado, mel. Não quer o trabalho de ler rótulos? A melhor alternativa é adotar uma dieta a base de alimentos naturais, o menos industrializada possível.
Lembre que o açúcar em qualquer forma acima pode gerar picos de glicose, seguido de liberação de insulina e hipoglicemia. Resultado? Falta de energia, fome e compulsão alimentar.
Nossa relação com o açúcar lembra o que já tivemos com o tabaco: uma relutância em abandoná-lo, tratando-o como essencial à vida moderna. Essa mesma resistência marcou o caminho para reconhecer os perigos do cigarro.
Nos anos 1950, cigarros eram promovidos como "limpos, frescos e suaves", mesmo após o primeiro grande estudo associando tabagismo ao câncer de pulmão. Décadas de evidências reforçaram os riscos, incluindo o tabagismo passivo como causa de doenças graves. Nos anos 1990, ações judiciais começaram a responsabilizar as empresas de tabaco, e em 2007, o fumo em locais públicos começou a ser proibido em muitos países, mas apenas após meio século das primeiras provas sobre os potenciais danos à saúde.
Com o açúcar, o desafio parece ainda maior. Apesar de sabermos que o consumo excessivo está ligado à obesidade e doenças crônicas, o problema é frequentemente empurrado para o futuro. Políticas se concentram em proteger crianças de engordar, mas pouco se faz para combater o consumo entre adultos.
Talvez, como no caso do tabaco, uma mudança significativa só venha após décadas de evidências e pressão social. A responsabilidade acaba recaindo sobre cada pessoa, que precisa se educar e tentar adotar um estilo de vida mais limpo e saudável.