Envelhecimento acelerado a partir dos 60 anos

Um estudo realizado com 118 pessoas saudáveis, de diferentes faixas etárias, revelou que os impactos do envelhecimento no controle da frequência cardíaca em repouso e na aptidão cardiorrespiratória se tornam mais evidentes a partir dos 60 anos. Os pesquisadores identificaram alterações no metabolismo que podem ajudar a mitigar os efeitos deletérios da senescência.

Coordenado pela professora Aparecida Maria Catai, da UFSCar, o estudo analisou três componentes integrados: metabolismo, modulação autonômica cardíaca e aptidão cardiorrespiratória. Publicado na Scientific Reports com apoio da FAPESP, a pesquisa sugere que o envelhecimento saudável envolve ajustes fisiológicos limitados, os quais se tornam mais significativos após os 60 anos.

Principais Achados:

  1. Ácido Hipúrico e Saúde Metabólica
    Um aumento nos níveis séricos de ácido hipúrico, entre 60 e 70 anos, foi associado à microbiota intestinal e à melhor absorção de nutrientes. Apesar de estar relacionado à função renal, estudos indicam seu potencial como marcador de saúde metabólica.

  2. Redução de Aminoácidos Essenciais (BCAAs)
    A queda de BCAAs, aminoácidos ligados à síntese proteica, pode ser uma estratégia do organismo para preservar a saúde celular. A suplementação de BCAAs em idosos ainda é debatida, pois atividades anabólicas excessivas podem ter efeitos adversos, como o aumento do risco de câncer.

  3. Declínio da Aptidão Cardiorrespiratória
    Com a idade, a capacidade do organismo de captar, transportar e consumir oxigênio diminui devido a alterações nos sistemas muscular, cardiovascular e nervoso. Isso afeta diretamente o desempenho físico.

  4. Modulação Cardíaca em Declínio
    O equilíbrio entre os sistemas simpático e parassimpático do coração também é prejudicado, resultando em maior estresse para o organismo em repouso.

Teorias do envelhecimento

Encurtamento de telômeros, desregulação hormonal, estresse oxidativo, alterações do ritmo circadiano, glicação, estão entre as teorias do envelhecimento.

Glicação e Envelhecimento: O Que Você Precisa Saber

A glicação é um processo bioquímico em que moléculas de açúcar, como a glicose, se ligam a proteínas, lipídios ou DNA sem a ação de enzimas. Esse processo ocorre naturalmente no corpo, mas se intensifica com o envelhecimento, contribuindo para danos celulares e disfunções em diferentes sistemas orgânicos.

Como Funciona a Glicação?

  • Formação de Produtos Finais de Glicação Avançada (AGEs): Durante a glicação, surgem compostos chamados AGEs (Advanced Glycation End Products), que se acumulam nos tecidos com o passar do tempo.

  • Impacto nos Tecidos: Os AGEs alteram a estrutura e a função de proteínas e outras moléculas, tornando-as menos eficazes. Exemplos incluem o colágeno, que perde elasticidade, e as proteínas do cristalino, contribuindo para a formação de cataratas.

Efeitos da Glicação no Envelhecimento

  1. Rigidez Tecidual: Os AGEs afetam o colágeno na pele e nos vasos sanguíneos, causando perda de elasticidade, rugas e rigidez arterial.

  2. Estresse Oxidativo e Inflamação: A presença de AGEs desencadeia inflamação e aumenta a produção de radicais livres, acelerando o envelhecimento celular.

  3. Disfunções Metabólicas: A glicação está associada ao agravamento de doenças crônicas relacionadas ao envelhecimento, como diabetes tipo 2, aterosclerose e Alzheimer.

  4. Comprometimento de Funções Orgânicas: No sistema nervoso, os AGEs podem prejudicar os neurônios e contribuir para o declínio cognitivo.

Genética e Envelhecimento: O Papel dos Genes no Processo de Senescência

O envelhecimento é um fenômeno natural e multifatorial, influenciado tanto por fatores ambientais quanto genéticos. Os genes desempenham um papel central no controle do tempo de vida e na vulnerabilidade a doenças relacionadas à idade, como Alzheimer, câncer e doenças cardiovasculares.

Como a Genética Influencia o Envelhecimento?

  1. Genes da Longevidade:
    Certos genes estão associados à longevidade e à resistência ao envelhecimento. Por exemplo:

    • FOXO3: Relacionado ao controle de processos celulares, como reparo do DNA e defesa contra o estresse oxidativo. É comumente encontrado em pessoas com vida longa.

    • SIRT1-7 (Sirtuínas): Envolvidos no metabolismo energético, reparo do DNA e redução da inflamação. Sua ativação tem sido associada à extensão da vida útil em modelos experimentais.

  2. Reparação do DNA:
    O acúmulo de danos no DNA ao longo do tempo é uma das principais causas do envelhecimento. Genes como TP53 (conhecido como "guardião do genoma") desempenham um papel crucial na detecção e reparo desses danos. Mutações nesses genes podem acelerar o processo de envelhecimento e aumentar o risco de câncer.

  3. Telômeros e Envelhecimento:
    Os telômeros, regiões terminais dos cromossomos, encurtam a cada divisão celular. Quando ficam muito curtos, as células entram em senescência ou morrem.

    • O gene TERT, que codifica a telomerase (uma enzima que pode restaurar o comprimento dos telômeros), é crucial para manter a saúde celular e retardar o envelhecimento em algumas situações.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/