Suplementação de NAD para aumento dos níveis de energia cerebral

Nosso cérebro é altamente dependente de energia. Para produção de ATP, nossa moeda energética, são necessários muitos nutrientes, especialmente vitaminas do complexo B. Hoje gostaria de falar da vitamina B3, a niacina.

1. Funções Gerais da Niacina

A niacina é precursora de duas coenzimas fundamentais:

  • NAD+ (nicotinamida adenina dinucleotídeo)

  • NADP+ (nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato)

Essas coenzimas estão envolvidas em mais de 400 reações bioquímicas no corpo, tornando a niacina uma das vitaminas mais versáteis.

Funções Principais:

  • Metabolismo energético: Participa na oxidação de carboidratos, gorduras e proteínas para produção de energia (via ciclo de Krebs e cadeia transportadora de elétrons).

  • Síntese de macromoléculas: Necessária para a biossíntese de ácidos graxos e esteroides.

  • Redução de radicais livres: Atua em sistemas antioxidantes, protegendo células do estresse oxidativo.

  • Reparo de DNA: Auxilia na correção de danos genéticos pela ativação de sirtuínas. Falo sobre o tema neste vídeo:

2. Papel Bioenergético da Niacina

A niacina é vital na geração e regulação de energia celular:

  • NAD+ e Catabolismo: A niacina, via NAD+, atua como uma molécula chave na transferência de elétrons durante a respiração celular, permitindo a produção de ATP.

  • NADP+ e Anabolismo: Participa na síntese de ácidos graxos, colesterol e manutenção da redução de glutationa (um importante antioxidante).

  • Homeostase metabólica: Permite a conversão eficiente de nutrientes em energia utilizável.

3. Niacina e o Cérebro

O cérebro é altamente dependente de energia e da proteção contra o estresse oxidativo, áreas em que a niacina exerce funções cruciais:

Saúde cerebral e funções cognitivas:

  • Produção de energia neural: NAD+ é essencial para manter os neurônios energizados, especialmente em condições de alta demanda metabólica.

  • Proteção contra neurodegeneração: O NAD+ contribui para a reparação de danos ao DNA em células cerebrais, evitando a morte celular.

  • Inflamação e neuroproteção: A niacina pode modular a inflamação no sistema nervoso central, reduzindo riscos de doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson.

Distúrbios associados à deficiência:

  • Pelagra: A deficiência de niacina provoca esta doença, caracterizada por sintomas como demência, confusão mental, irritabilidade e perda de memória.

  • Déficit cognitivo: A baixa disponibilidade de NAD+ pode levar à redução da função sináptica e ao declínio cognitivo.

Papel no humor e neurotransmissores:

  • Auxilia na síntese de serotonina, um neurotransmissor crucial para o humor e o bem-estar.

  • Pode melhorar a plasticidade sináptica, facilitando o aprendizado e a memória.

O que é a terapia NAD?

NAD, ou nicotinamida adenina dinucleotídeo, é uma coenzima natural da niacina que ajuda as células do nosso corpo a produzir energia. Ele faz isso convertendo a energia que obtemos dos alimentos em energia celular. A administração de NAD produzido em laboratório aumentará os níveis do produto químico no corpo de alguém, mas eles precisarão ser administrados mais para manter esse nível. Os defensores da terapia NAD fizeram várias reivindicações: assim, pode ajudar na função cerebral, no reparo do DNA e no reparo de sinais entre as moléculas para a comunicação celular.

Quando uma pessoa abusa de drogas e álcool, sua quantidade natural de NAD se esgota. Isso torna mais difícil para eles converter a energia que é decomposta dos alimentos. Especula-se até que as pessoas que naturalmente produzem menos NAD são mais propensas a desenvolver um vício e, potencialmente, um distúrbio co-ocorrente. Outras razões pelas quais a reserva natural de NAD do corpo seria esgotada são:

  • Estresse pós-traumático

  • Ansiedade

  • Depressão

  • Encefalopatia traumática crônica (CTE)

  • Alzheimer

  • Parkinson

  • Doenças neurodegenerativas

  • Envelhecimento

Todos esses distúrbios concomitantes podem drenar a energia de uma pessoa, e há muitas maneiras de aumentar o NAD no corpo, exercitando-se, comendo alimentos ricos em vitaminas, jejuando, comendo proteínas e comendo alimentos crus.

Como a terapia NAD é usada?

Na terapia NAD, a coenzima pode ser introduzida via intravenosa e pingada lentamente na corrente sanguínea. Hipoteticamente, isto permite que a substância contorne o estômago (onde a medicação analgésica se decompõe) e viaje diretamente para o cérebro. Isso fornece ao indivíduo um impulso de energia, proporcionando humor e consciência aprimorados, pois a energia que eles obtêm agora vem de suas fontes naturais, não de outras substâncias.

Efeitos alegados da infusão de NAD:

  • Reduz os efeitos da abstinência, que podem ser extremamente difíceis e desconfortáveis de tolerar.

  • Reduz o desejo por álcool e opioides e diminui a dor da abstinência, facilitando a recuperação física e mental.

  • Permite que o corpo produza energia de forma mais natural, sem travamentos ou nervosismo como a cafeína e o açúcar ou os efeitos negativos que acompanham outras substâncias.

Outras formas para aumentar NAD+ seriam a suplementação de NADH, de nicotinamida mononucleotídeo (NMN), hexanicotinato de inositol, ácido nicotínico (B3, presente naturalmente em alimentos como abacate), niacinamida (B3 flush free, não causa vermelhidão da pele), nicotinamida ribosídeo (Niagen). Falo mais neste vídeo:

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NAD⁺ precursors (precursores): Suplementos como nicotinamida ribosídeo (NR) e mononucleotídeo de nicotinamida (NMN) são mais comuns porque o NAD⁺ puro é menos biodisponível quando ingerido. Sua suplementação reduz biomarcadores de doenças neurodegenerativas (Vreones et al., 2022).

NADH oral: Disponível como suplemento direto, mas pode ser menos estável. Formas encapsuladas para liberação controlada são mais eficazes.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Metabolismo do triptofano

O triptofano, a niacina e o ácido quinolínico estão intimamente relacionados através de uma rota metabólica conhecida como a via do catabolismo do triptofano. Essa rota é crucial tanto para a síntese da niacina quanto para a regulação de compostos com implicações neurotóxicas e neuroprotetoras.

1. Relação entre Triptofano, Niacina e Ácido Quinolínico

Triptofano

  • É um aminoácido essencial, obtido através da dieta, utilizado em múltiplos processos metabólicos.

  • Destina-se a:

    • Síntese proteica.

    • Produção de serotonina (precursor do neurotransmissor que regula humor e sono).

    • Conversão em niacina pela via do ácido quinolínico.

Conversão de Triptofano em Niacina

Cerca de 2-5% do triptofano ingerido é utilizado na síntese de niacina. Em geral, gasta-se 60 mg de triptofano para a produção de 1 mg niacina (relação 60:1), por algumas etapas metabólicas:

  1. Via da quinurenina:

    • O triptofano é convertido em L-quinurenina, mediado por enzimas como a triptofano-2,3-dioxigenase (TDO) e a indoleamina-2,3-dioxigenase (IDO).

  2. Formação do ácido quinolínico:

    • A L-quinurenina é transformada em ácido quinolínico.

  3. Conversão em NAD+:

    • O ácido quinolínico é precursor para a síntese de NAD+, a forma ativa da niacina.

Ácido Quinolínico

  • Produto intermediário da via do triptofano.

  • Tem funções importantes, mas também potencial neurotóxico em níveis elevados:

    • Função fisiológica: Precursor essencial para o NAD+.

    • Neurotoxicidade: Em excesso, o ácido quinolínico pode ser excitotóxico, promovendo dano neuronal através da ativação excessiva de receptores de glutamato (receptores NMDA).

2. Funções e Interações

Niacina

  • A niacina é sintetizada a partir do triptofano quando sua ingestão é insuficiente.

  • Necessidade de niacina:

  • Fontes de niacina e triptofano:

  • Atua como coenzima em forma de NAD+ e NADP+, essenciais no metabolismo energético e na proteção celular contra danos oxidativos.

Ácido Quinolínico e o Sistema Nervoso

  • Pequenas quantidades são necessárias para a síntese de NAD+.

  • O acúmulo pode ser problemático:

    • Relacionado a inflamação crônica no sistema nervoso central.

    • Observado em condições como Alzheimer, Parkinson, depressão e doenças autoimunes (ex.: esclerose múltipla).

3. Implicações Clínicas

  • Deficiência de triptofano ou niacina:

    • Pode levar a pelagra: dermatite, diarreia, demência.

  • Excesso de ácido quinolínico:

    • Está associado a doenças neurodegenerativas e neuroinflamação.

4. Controle e Equilíbrio

  • A dieta rica em triptofano (ex.: carne, peixe, ovos, nozes) contribui para a síntese adequada de niacina.

  • Um baixo consumo de triptofano pode levar à deficiência de niacina, apesar de que a mesma também está disponível em alimentos como

  • A via da quinurenina é modulada pelo estado inflamatório:

    • A enzima IDO é ativada por citocinas pró-inflamatórias (como o interferon-gama), aumentando a produção de ácido quinolínico em condições de inflamação.

Em resumo, o equilíbrio entre triptofano, niacina e ácido quinolínico é essencial para a saúde metabólica e neural. Alterações nessa via podem ter impactos significativos em processos bioquímicos e na saúde do sistema nervoso.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Funções da Cisteína

A cisteína é um aminoácido que contém enxofre. Mesmo sendo descrito como um aminoácido “não essencial”, em condições de alta demanda de nutrientes, torna-se essencial. No fígado, uma via metabólica específica chamada transulfuração permite o fornecimento de cisteína pela conversão de um aminoácido essencial: a metionina. No entanto, esta interconversão de aminoácidos é insuficiente para fornecer as necessidades de cisteína das células cancerígenas que se dividem rapidamente.

Funções principais da cisteína

  1. Produção de queratina: Essencial para a saúde de cabelos, pele e unhas.

  2. Antioxidante: Contribui para a formação de glutationa, protegendo as células contra danos oxidativos.

  3. Saúde celular: Participa na desintoxicação de radicais livres e na regeneração celular.

  • Fontes alimentares:
    Alimentos ricos em proteínas, como carne, ovos, laticínios, peixe, nozes e sementes.

Reserva de cisteína

A cisteína é convertida em cistina oxidada extracelular que é importada às custas de uma molécula de glutamato. A cistina importada é então reduzida a cisteína pela cistina redutase (CR) (1). A cistina é composta por duas moléculas de cisteína ligadas por uma ponte dissulfeto e contribui para os níveis deste aminoácido em nosso corpo.

Pool de cisteína (Reserva de cisteína) - Daher, Vučetić, & Pouysségur, 2020

A conversão da metionina leva à síntese de cisteína através da via de transulfuração (2). Duas etapas importantes nesta síntese são a conversão de homocisteína em cistationina pela cistationina β-sintase (CBS) e a síntese de cisteína a partir de cistationina pela cistationase (CTH). A degradação da glutationa (GSH) via CHAC1 intracelularmente fornece fornecimento de cisteína (3). GSH, de fontes exógenas ou exportado de células via exportador de Proteína 1 de Resistência a Multidrogas (MRP1), é clivado extracelularmente pela γ-Glutamil transferase (GGT) formando substrato γ-Glutamil-X e Cisteinil-Glicina. Este dipeptídeo Cisteinil-Glicina pode ser potencialmente transportado via PEPT2 ou clivado pela dipeptidase liberando cisteína e glicina (5). A porção γ-Glutamil pode ser complexada com cisto(e)ina extracelular disponível, formando γ-Glutamil-cisteína. O fornecimento de cisteína do GSH é uma das principais funções do ciclo γ-Glutamil (4).

Importância da cisteína para a proteção cerebral

A partir do metabolismo da cisteína é produzida a glutationa (GSH), um tripeptídeo composto por três aminoácidos: glicina, cisteína e glutamato. É considerada um dos mais poderosos antioxidantes naturais produzidos pelo corpo.

  • Funções principais:

    1. Antioxidante: Neutraliza radicais livres, prevenindo danos às células.

    2. Desintoxicação: Ajuda na eliminação de toxinas e metais pesados no fígado.

    3. Sistema imunológico: Fortalece a resposta imunológica, protegendo contra infecções.

    4. Regeneração de outros antioxidantes: Como as vitaminas C e E.

    5. Proteção contra doenças: Reduz o risco de doenças crônicas associadas ao estresse oxidativo, incluindo as doenças neurodengerativas.

Como a glutationa é produzida?
A glutationa é sintetizada no fígado a partir dos aminoácidos cisteína, glicina e glutamato.

Síntese de glutationa - Legenda: AA, aminoácidos; Cys, cisteína; CysGly, cisteinilglicina; GCL, γ-glutamilcisteína ligase; GCT, γ-glutamil ciclotransferase; γGT, γ-glutamil transpeptidase; γGluCys, γ-glutamilcisteína; Glu, glutamato; Gly, glicina; G6PDH, glicose-6-fosfato desidrogenase; GPx, glutationa peroxidase; GR, glutationa redutase; GS, glutationa sintetase; GSH, glutationa; GSSG, dissulfeto de glutationa; GST, glutationa-S-transferase; H2O2, peróxido de hidrogênio; NADPH, fosfato de dinucleotídeo de nicotinamida adenina; 5-OP, 5-oxoprolina; 5-OPase, 5-oxoprolinase; ROH, álcool; ROOH, hidroperóxido.(Aoyama, & Nakaki, 2013)

Fontes alimentares de glutationa
A produção endógena é a principal via, mas pode ser aumentada pelo consumo de alimentos ricos em cisteína, como brócolis, alho, espinafre e carnes magras, ou através de suplementos de glutationa.

Fontes de cisteína na dieta por 100g de alimentos:

  • Peito de frango cozido - 1,3g

  • Carne de porco cozida - 1,1g

  • Carne de boi cozida - 1,1g

  • Queijo parmesão - 1,0g

  • Ovos cozidos - 1,0g

  • Peixe assado - 0,8g

  • Tofu - 0,6g

  • Amêndoas - 0,5g

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/