Alimentação e suplementação para fertilidade

A fertilidade de homens e mulheres cai com a idade. A idade fértil refere-se ao período da vida de uma pessoa em que ela tem maior capacidade biológica de reproduzir. A fertilidade está diretamente relacionada a fatores biológicos, como a saúde dos órgãos reprodutivos, níveis hormonais, estilo de vida e genética.

Idade fértil nas mulheres

Nas mulheres, a fertilidade é mais alta entre os 20 e 30 anos, com um declínio gradual a partir dos 30 e mais acentuado após os 35 anos. Isso ocorre devido à diminuição na qualidade e quantidade dos óvulos disponíveis (reserva ovariana). Em média:

  • 20 a 30 anos: Alta fertilidade.

  • 31 a 35 anos: Fertilidade começa a diminuir.

  • 35 a 40 anos: Declínio mais rápido.

  • 40 anos ou mais: Fertilidade significativamente reduzida, mas ainda possível (com maiores riscos e dificuldade).

Idade fértil nos homens

Nos homens, a fertilidade é mais estável ao longo da vida, com maior capacidade reprodutiva geralmente até os 50 anos. No entanto:

  • A partir dos 40-50 anos, a qualidade do sêmen pode diminuir, com impactos na motilidade e no DNA dos espermatozoides.

  • Apesar disso, muitos homens podem ser férteis até idades avançadas.

Fatores que influenciam a fertilidade

Independentemente da idade, outros fatores podem influenciar a fertilidade:

  • Saúde geral: Doenças, obesidade e hábitos prejudiciais, como tabagismo e consumo excessivo de álcool, podem afetar a fertilidade.

  • Estilo de vida: Alimentação, prática de exercícios e estresse desempenham um papel importante.

  • Fatores genéticos e condições médicas (como endometriose ou baixa contagem de espermatozoides).

Está pensando em engravidar? Adote uma dieta balanceada e rica em nutrientes.

  • Grãos integrais: Evite cereais refinados e aposte pelos integrais pois fornecem energia estável e nutrientes importantes como vitaminas do complexo B.

  • Proteínas magras: Priorize carnes magras, aves, peixes ricos em ômega-3 (como salmão), ovos e fontes vegetais como lentilhas e grão-de-bico.

  • Frutas e vegetais variados: Ricos em antioxidantes, que combatem o estresse oxidativo e protegem os óvulos e espermatozoides. Exemplos incluem frutas cítricas, abacate, morango, espinafre e brócolis.

  • Gorduras saudáveis: Inclua abacate, azeite de oliva extra virgem, castanhas e sementes para melhorar a qualidade celular.

  • Laticínios integrais: Estudos indicam que o consumo moderado de laticínios integrais pode beneficiar a fertilidade, mas evite exageros.

Limite alimentos prejudiciais:

  • Reduza o consumo de açúcares refinados e alimentos ultraprocessados, pois aumentam os níveis de insulina e prejudicam a implantação.

  • Evite gorduras trans (presentes em margarinas e alimentos industrializados).

  • Modere o consumo de cafeína (não mais que 200-300 mg/dia) e evite álcool durante o tratamento.

Suplementação para fertilidade

A suplementação deve ser feita com acompanhamento nutricional, pois as necessidades podem variar. No entanto, alguns nutrientes são amplamente recomendados:

Mínimo para mulheres

  1. Ácido fólico: Essencial para prevenir defeitos do tubo neural e melhorar a qualidade dos óvulos.

  2. Vitamina D: Deficiências estão associadas a menor taxa de sucesso na FIV.

  3. Coenzima Q10: Melhora a qualidade dos óvulos, especialmente em mulheres acima de 35 anos.

  4. Ômega-3: Ajuda a reduzir a inflamação e melhora o ambiente uterino.

  5. Mio-inositol: Indicado para mulheres com síndrome dos ovários policísticos (SOP), pois regula os hormônios e melhora a qualidade dos óvulos.

  6. Antioxidantes como vitamina C e E: Protegem os óvulos contra danos oxidativos.

  7. Colina: a colina tem um papel significativo em várias fases da saúde reprodutiva, especialmente em mulheres que estão passando por tratamentos como a inseminação artificial (IA). Falei sobre ela neste outro artigo.

Mínimo para homens

  1. Zinco com vitamina C: Melhora a produção de testosterona e a qualidade do esperma.

  2. Selênio: Essencial para a saúde dos espermatozoides.

  3. L-carnitina: Apoia a motilidade e energia dos espermatozoides.

  4. Coenzima Q10: Beneficia a qualidade espermática.

  5. Complexo B (com B12 extra): Crucial para a produção e integridade do DNA do esperma.

Estilo de vida complementar

  • Manutenção do peso ideal: O excesso ou insuficiência de peso pode prejudicar a fertilidade.

  • Hidratação adequada: Beber pelo menos 2 litros de água por dia.

  • Redução do estresse: Práticas como ioga, meditação e terapia podem melhorar os resultados.

  • Atividade física moderada: Exercícios leves e regulares ajudam na circulação e no equilíbrio hormonal.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Microbiota no Parkinson

Akkermansia muciniphila é uma bactéria comensal do trato gastrointestinal humano, descoberta em 2004, pertencente ao filo Verrucomicrobia. Ela desempenha um papel fundamental na saúde intestinal, especialmente por degradar a mucina, uma proteína presente no muco que reveste o intestino.

Características principais:

  1. Habitat e função:

    • Vive na camada de muco que reveste o intestino.

    • Contribui para a manutenção da integridade da barreira intestinal ao ajudar na regulação do muco e na interação saudável entre o sistema imunológico e a microbiota intestinal.

  2. Efeitos benéficos:

    • Associada à melhora da saúde metabólica, redução de inflamação e proteção contra obesidade e diabetes tipo 2.

    • Aumenta a produção de ácidos graxos de cadeia curta, como o acetato e propionato, que possuem benefícios anti-inflamatórios e regulatórios.

  3. Condições prejudiciais:

    • Enquanto uma redução de A. muciniphila está relacionada a doenças metabólicas e inflamação, um aumento excessivo foi observado em algumas condições, como a doença de Parkinson, possivelmente contribuindo para disfunções celulares no intestino.

  4. Potencial terapêutico:

    • Estudos sugerem que a suplementação de A. muciniphila pode ser usada como um probiótico para melhorar condições metabólicas e inflamatórias, mas seu papel em doenças neurodegenerativas, como o Parkinson, ainda precisa ser melhor compreendido.

Estudo publicado em 2022 explorou a relação entre a bactéria Akkermansia muciniphila e a doença de Parkinson, especialmente como essa bactéria pode induzir efeitos negativos em células enteroendócrinas (EECs) que possuem propriedades semelhantes a neurônios (Amorim Neto et al., 2022).

Principais descobertas:

  1. Presença de A. muciniphila em pacientes com Parkinson: Níveis elevados dessa bactéria foram encontrados em amostras fecais de indivíduos com a doença.

  2. Efeitos em células: O meio condicionado pela A. muciniphila (sem mucina) foi capaz de:

    • Sobrecarregar as mitocôndrias com cálcio;

    • Aumentar a produção de espécies reativas de oxigênio (ROS);

    • Induzir a agregação da proteína alfa-sinucleína (relacionada ao Parkinson).

  3. Mecanismo molecular:

    • A secreção de proteínas específicas pela bactéria modula receptores nas células, causando um desequilíbrio de cálcio.

    • Esse processo resulta em estresse mitocondrial e na formação de agregados de alfa-sinucleína, marcadores da patologia de Parkinson.

  4. Resultados em camundongos: A administração oral de A. muciniphila em camundongos idosos aumentou a agregação de alfa-sinucleína nas células enteroendócrinas, mas sem causar déficits motores aparentes.

Implicações:

Esses achados reforçam a conexão intestino-cérebro e sugerem que mudanças na microbiota intestinal, como o aumento de A. muciniphila, podem estar ligadas ao início ou progressão do Parkinson. Estratégias para regular o microbioma intestinal podem, no futuro, contribuir para tratamentos ou prevenção da doença.

Nota final:

O estudo é um passo importante para entender o papel da microbiota no Parkinson, mas mais pesquisas são necessárias para confirmar esses efeitos em modelos mais complexos e avaliar possíveis intervenções terapêuticas.

Assim, nem suplementos de Akkermansia, nem suplementos que aumentem Akkermansia, como o fitoativo AKKERMAT® são indicados no Parkinson.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

O Papel das Mitocôndrias no Transtorno do Espectro Autista (TEA)

As mitocôndrias, conhecidas como "usinas de energia" das células, desempenham um papel crucial no metabolismo energético, sinalização celular e regulação do estresse oxidativo. Estudos recentes sugerem que disfunções mitocondriais podem estar intimamente ligadas ao desenvolvimento do transtorno do espectro autista (TEA).

1. Disfunção Mitocondrial no TEA

Pessoas com TEA frequentemente apresentam anormalidades na função mitocondrial, como:

  • Produção reduzida de energia (ATP);

  • Excesso de espécies reativas de oxigênio (EROs), que podem causar danos celulares;

  • Alterações no metabolismo energético, afetando o desenvolvimento e a função cerebral.

2. Conexão com a Neuroinflamação e o Estresse Oxidativo

A inflamação crônica e o estresse oxidativo são características comuns no TEA. Mitocôndrias disfuncionais contribuem para:

  • O aumento de marcadores inflamatórios no cérebro;

  • A dificuldade de neutralizar os danos causados por radicais livres, o que pode prejudicar a sinalização neuronal.

3. Mecanismos Genéticos e Ambientais

A disfunção mitocondrial pode ser causada por:

  • Fatores genéticos, como mutações no DNA mitocondrial (DNAmt) ou genes nucleares relacionados à função mitocondrial;

  • Fatores ambientais, incluindo exposição a toxinas, medicamentos ou estresse durante a gestação.

4. Impactos no Desenvolvimento Cerebral

O cérebro é altamente dependente de energia. Alterações no metabolismo mitocondrial durante períodos críticos de desenvolvimento podem levar a:

  • Deficiências na plasticidade sináptica (processo essencial para o aprendizado e memória);

  • Alterações no comportamento, cognição e habilidades sociais.

5. Perspectivas Terapêuticas

Tratamentos baseados na melhora da função mitocondrial têm mostrado potencial, como:

  • Suplementos antioxidantes (coenzima Q10, vitamina E);

  • Intervenções metabólicas para otimizar o fornecimento energético;

  • Abordagens personalizadas baseadas em testes genéticos e metabólicos.

A pesquisa sobre o papel das mitocôndrias no TEA ainda está em expansão, mas reforça a importância de compreender o transtorno como uma condição multifatorial. Investir em estratégias que considerem tanto os fatores genéticos quanto ambientais pode abrir portas para novas terapias mais eficazes.

Aprenda mais sobre nutrição e TEA aqui.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/