Akkermansia muciniphila é uma bactéria comensal do trato gastrointestinal humano, descoberta em 2004, pertencente ao filo Verrucomicrobia. Ela desempenha um papel fundamental na saúde intestinal, especialmente por degradar a mucina, uma proteína presente no muco que reveste o intestino.
Características principais:
Habitat e função:
Vive na camada de muco que reveste o intestino.
Contribui para a manutenção da integridade da barreira intestinal ao ajudar na regulação do muco e na interação saudável entre o sistema imunológico e a microbiota intestinal.
Efeitos benéficos:
Associada à melhora da saúde metabólica, redução de inflamação e proteção contra obesidade e diabetes tipo 2.
Aumenta a produção de ácidos graxos de cadeia curta, como o acetato e propionato, que possuem benefícios anti-inflamatórios e regulatórios.
Condições prejudiciais:
Enquanto uma redução de A. muciniphila está relacionada a doenças metabólicas e inflamação, um aumento excessivo foi observado em algumas condições, como a doença de Parkinson, possivelmente contribuindo para disfunções celulares no intestino.
Potencial terapêutico:
Estudos sugerem que a suplementação de A. muciniphila pode ser usada como um probiótico para melhorar condições metabólicas e inflamatórias, mas seu papel em doenças neurodegenerativas, como o Parkinson, ainda precisa ser melhor compreendido.
Estudo publicado em 2022 explorou a relação entre a bactéria Akkermansia muciniphila e a doença de Parkinson, especialmente como essa bactéria pode induzir efeitos negativos em células enteroendócrinas (EECs) que possuem propriedades semelhantes a neurônios (Amorim Neto et al., 2022).
Principais descobertas:
Presença de A. muciniphila em pacientes com Parkinson: Níveis elevados dessa bactéria foram encontrados em amostras fecais de indivíduos com a doença.
Efeitos em células: O meio condicionado pela A. muciniphila (sem mucina) foi capaz de:
Sobrecarregar as mitocôndrias com cálcio;
Aumentar a produção de espécies reativas de oxigênio (ROS);
Induzir a agregação da proteína alfa-sinucleína (relacionada ao Parkinson).
Mecanismo molecular:
A secreção de proteínas específicas pela bactéria modula receptores nas células, causando um desequilíbrio de cálcio.
Esse processo resulta em estresse mitocondrial e na formação de agregados de alfa-sinucleína, marcadores da patologia de Parkinson.
Resultados em camundongos: A administração oral de A. muciniphila em camundongos idosos aumentou a agregação de alfa-sinucleína nas células enteroendócrinas, mas sem causar déficits motores aparentes.
Implicações:
Esses achados reforçam a conexão intestino-cérebro e sugerem que mudanças na microbiota intestinal, como o aumento de A. muciniphila, podem estar ligadas ao início ou progressão do Parkinson. Estratégias para regular o microbioma intestinal podem, no futuro, contribuir para tratamentos ou prevenção da doença.
Nota final:
O estudo é um passo importante para entender o papel da microbiota no Parkinson, mas mais pesquisas são necessárias para confirmar esses efeitos em modelos mais complexos e avaliar possíveis intervenções terapêuticas.
Assim, nem suplementos de Akkermansia, nem suplementos que aumentem Akkermansia, como o fitoativo AKKERMAT® são indicados no Parkinson.