Nutrição na síndrome de Apert

A síndrome de Apert ou acrocefalossindactilia tipo I é uma doença genética rara, cauda por mutação do gene FGFR2, responsável pela produção de uma proteína que gera a união precoce de ossos (Wenger, Hing, & Evans, 2019).

Mutações do gene FGFR2 na síndrome de Apert (Fenwick et al., 2011)

A síndrome de Apert pode ser uma condição hereditária, com vários membros de uma mesma família apresentando suas características ou pode ser um caso único, resultado de uma alteração genética que aconteceu naquela gestação.

Na síndrome de Apert, alguns ossos se fundem enquanto o bebê ainda está na barriga da mãe, causando alterações no formato do crânio, na face nos pés ou nas mãos que não se desenvolvem por completo. Além das mudanças estéticas, a síndrome de Apert também pode afetar o desenvolvimento do cérebro, a mobilidade e outros fatores da vida do paciente.

Má formação de pés e mãos com junção de ossos em bebê com síndrome de Apert (Goyal, & Sherwani, 2024)

Entre as principais características físicas da síndrome de Apert, destacam-se:

  • cabeça mais alongada do que o normal;

  • testa mais larga e alta;

  • olhos esbugalhados e distantes um do outro;

  • estrabismo;

  • anormalidades dentárias;

  • pés colados, com calcanhar junto dos dedos;

  • mãos com dedos fundidos;

  • palato duro alto, estreito arqueado e curto;

  • palato mole ou úvula bífida;

  • bloqueio do esôfago;

  • abertura mais estreita entre a parte inferior do estômago e a parte superior do intestino delgado;

  • rotação anormal do intestino.

Por conta dessas características físicas, alguns pacientes com síndrome de Apert podem também apresentar outros sintomas, como:

  • aumento na pressão no interior do crânio;

  • fenda do palato mole ou úvula bífida em até 75% dos pacientes;

  • alterações no desenvolvimento intelectual;

  • cegueira;

  • perda auditiva em 80% das crianças;

  • infecções frequentes no sinus e no ouvido;

  • apneia do sono;

  • problemas cardiorespiratórios;

  • problemas nos rins;

  • dor abdominal;

  • obstrução intestinal;

  • fístulas;

  • dificuldades alimentares.

Como é o tratamento de síndrome de Apert?

O tratamento da síndrome de Apert depende da severidade dos sintomas e das características físicas apresentadas pelo paciente. Na maioria dos casos, a síndrome de Apert pode ser tratada por meio de procedimentos cirúrgicos que ajudam a corrigir o posicionamento de alguns dos ossos da face, permitindo um melhor desenvolvimento daquela criança.

Dificuldades de alimentação com mamadeira em bebês com hipoplasia da face média são atribuídas a dificuldades nas vias aéreas. Quando a respiração nasal não é possível ou é restrita, o tratamento com fonoaudiólogo é fundamental para que o bebê aprenda a coordenar os atos de sucção, deglutição e respiração. Dificuldades no processo de coordenação aumentam o risco de aspiração (comida ou líquido entrando na traqueia/via aérea), bronquite e pneumonia.

Dificuldades de alimentação podem resultar em ingestão inadequada de calorias e comprometimento do desenvolvimento. Em um estudo sobre o estado nutricional de crianças com síndrome de Apert foi verificado mau estado nutricional em 70% da amostra, com 90% das crianças necessitando de intervenções dietéticas específicas (Pereira et al., 2009).

A maior parte das pessoas com a síndrome de Apert possuem capacidade intelectual normal ou leve alteração intelectual. Contudo, o desenvolvimento neurocognitivo depende muito de um bom estado nutricional.

Como os nutrientes serão absorvidos principalmente no intestino, sua função deve ser mantida adequada, com um bom consumo de proteína, frutas, verduras, cereais integrais e gorduras saudáveis. Bebês com fissura palatina só poderão passar por cirurgia se estiverem pesando mais de 4,5 kg. Terapia nutricional poderá ser necessária para recém nascidos com baixo peso (Mapindra, & Mahindra, 2021).

Nicholas, bebê com síndrome de Apert

No primeiro ano de vida a criança deve ser avaliada por gastroenterologista para investigação do posicionamento dos órgãos, mesmo em bebês assintomáticos (Hibberd et a., 2016).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Alterações da microbiota em adultos com estresse

A microbiota é um elo importante relacionado à digestão e absorção de nutrientes, mas também apresenta um impacto significativo no desenvolvimento de transtornos psiquiátricos, especialmente aqueles relacionados ao relaxamento do estresse e ao aumento da ansiedade.

Apesar dos numerosos estudos sobre a comunicação do eixo intestino-cérebro, os mecanismos exatos de ação desta via ainda não são totalmente compreendidos. Muitas análises mostram que existe uma influência significativa da microbiota intestinal na regulação da função cerebral e do sistema nervoso. Um aspecto importante neste campo de pesquisa é o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, que faz parte da resposta do corpo ao estresse fisiológico e físico.

Mudanças na dieta humana, incluindo padrões alimentares, hábitos e processamento de alimentos, influenciaram muito a saúde intestinal. Além disso, a vida moderna e o seu impacto no microbioma intestinal também provocaram mudanças fundamentais no espectro das doenças humanas, mudando o foco das doenças infecciosas tradicionais para doenças mentais cada vez mais frequentes, como a depressão. Garantir uma dieta saudável e manter o funcionamento ideal do intestino são fundamentais para o bem-estar mental, dada a forte correlação entre a saúde intestinal e o estado mental.

A integração dos probióticos no consumo diário surge como um aspecto crucial desta estratégia moderna, uma vez que podem apoiar o equilíbrio microbiano intestinal e desempenhar um papel no tratamento de doenças mentais, particularmente holístico nos casos em que as terapias convencionais se revelam ineficazes.

Um estudo publicado em 2023 mostrou que uma dieta rica em fibras prebióticas presentes em grãos integrais, frutas, legumes, leguminosas) e probióticos (alimentos fermentados, como chucrute, kefir, kombucha) e pobre em alimentos não saudáveis (como doces, fast food, bebidas açucaradas e com adoçantes) reduz o estresse percebido em adultos.

Em outro estudo, 73 soldados receberam três refeições por dia, com ou sem suplementos à base de proteínas ou carboidratos, durante uma marcha de esqui cross-country de 4 dias (situação de estresse). A permeabilidade intestinal foi medida antes e durante a atividade estressante. Amostras de sangue e fezes foram coletadas antes e depois para medir a inflamação, as mudanças na microbiota das fezes e os perfis globais de metabólitos das fezes e do plasma.

A permeabilidade intestinal aumentou 62 ± 57% (média ± DP, P < 0,001) durante o período de estresse independente do grupo de dieta e foi associada ao aumento da inflamação. As respostas da microbiota intestinal foram caracterizadas por aumento da α diversidade e mudanças na abundância relativa de > 50% dos gêneros identificados, incluindo aumento da abundância de táxons menos dominantes em detrimento de táxons mais dominantes, como Bacteroides.

As alterações na composição da microbiota intestinal foram associadas a 23% dos metabólitos que foram significativamente alterados nas fezes após o período de estresse. Juntas, a abundância relativa de Actinobactérias pré-estresse e as alterações nas concentrações séricas de IL-6 e cisteína nas fezes foram responsáveis ​​por 84% da variabilidade na alteração na permeabilidade intestinal.

Os resultados demonstram que um ambiente de treinamento militar com múltiplos estressores induziu aumentos na permeabilidade intestinal que foram associados a alterações nos marcadores de inflamação e à composição e metabolismo da microbiota intestinal. Assim, estresse afeta microbiota e microbiota afeta estresse. Estratégias integrativas devem ser pensadas para melhoria da qualidade de vida física e mental dos pacientes saudáveis e, principalmente daqueles com diagnósticos psiquiátricos.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Psicobióticos nos transtornos de humor

A microbiota é um elo importante relacionado à digestão e absorção de nutrientes, mas também apresenta um impacto significativo no desenvolvimento de transtornos psiquiátricos, especialmente aqueles relacionados ao relaxamento do estresse e ao aumento da ansiedade.

Apesar dos numerosos estudos sobre a comunicação do eixo-intestino-cérebro, os mecanismos exatos de ação desta via ainda não são totalmente compreendidos. Muitas análises mostram que existe uma influência significativa da microbiota intestinal na regulação da função cerebral e do sistema nervoso. Os mecanismos envolvidos na análise da importância dos microrganismos e dos seus metabólitos, que podem ter um impacto significativo na fisiologia cerebral e na função do sistema nervoso, estão atualmente a ser estudados. Um aspecto importante neste campo de pesquisa é o eixo hipolátamo-hipófise-adrenal (HPA), que faz parte da resposta do corpo ao estresse fisiológico e físico.

Mudanças na dieta humana, incluindo padrões alimentares, hábitos e processamento de alimentos, influenciaram muito a saúde intestinal. Além disso, a vida moderna e o seu impacto no microbioma intestinal também provocaram mudanças fundamentais no espectro das doenças humanas, mudando o foco das doenças infecciosas tradicionais para doenças mentais cada vez mais frequentes, como a depressão.

Garantir uma dieta saudável e manter o funcionamento ideal do intestino são fundamentais para o bem-estar mental, dada a forte correlação entre a saúde intestinal e o estado mental. No contexto das perturbações psiquiátricas, especialmente entre os pacientes resistentes ao tratamento, há um interesse crescente numa abordagem holística que reconheça o impacto da microbiota intestinal na saúde mental. A integração dos probióticos no consumo diário surge como um aspecto crucial desta estratégia moderna, uma vez que podem apoiar o equilíbrio microbiano intestinal e desempenhar um papel no tratamento de doenças mentais, particularmente holístico nos casos em que as terapias convencionais se revelam ineficazes. Assim, os psicobióticos (probióticos com ação cerebral) podem servir como terapia complementar para o tratamento dos transtornos de humor.

Consultas de nutrição online: www.andreiatorres.com/consultoria

Modulação da microbiota intestinal (curso online): https://bit.ly/disbiose-2024

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/