Síndrome serotoninérgica

A síndrome serotoninérgica é uma condição potencialmente perigosa causada pelo excesso de serotonina no sistema nervoso central. Ela pode ocorrer quando medicamentos ou substâncias que afetam os níveis de serotonina são usados em conjunto ou em doses excessivas.

Int. J. Mol. Sci. 2019, 20(9), 2288; https://doi.org/10.3390/ijms20092288

Sintomas da síndrome serotoninérgica

Os sintomas da síndrome serotoninérgica podem variar de leves a graves e incluem:

- Sintomas neurológicos: Agitação, confusão, alucinações, e perda de coordenação.

- Sintomas autonômicos: Hipertensão, taquicardia, hipertermia, diaforese (suor excessivo), e diarreia.

- Sintomas musculares: Tremores, mioclonias (contrações musculares involuntárias), e rigidez muscular.

Fatores de risco para a síndrome serotoninérgica

São 5 os principais fatores de risco:

1. Uso Concomitante de Medicamentos Serotoninérgicos

- Antidepressivos ISRS (Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina): Como fluoxetina, sertralina, paroxetina, citalopram, e escitalopram.

- Antidepressivos IRSN (Inibidores da Recaptação de Serotonina e Noradrenalina): Como venlafaxina, desvenlafaxina, e duloxetina.

- Inibidores da MAO (Monoamina Oxidase): Como fenelzina, tranilcipromina, e selegilina.

- Antidepressivos Tricíclicos: Como amitriptilina e nortriptilina.

- Agonistas da serotonina: Como triptanos (usados para tratar enxaquecas).

- Analgesicos opióides: Como tramadol e meperidina.

- Drogas recreativas: Como MDMA (ecstasy), LSD, e cocaína.

- Ervas e suplemento: Como o hipericão (erva de São João), triptofano e 5-HTP (5-hidroxitriptofano). Aprenda mais no curso psiconutrição.

2. Alterações nas Doses dos Medicamentos

- Aumento recente da dose: Especialmente de medicamentos serotoninérgicos.

- Uso inadequado ou overdose: Automedicação acidental ou intencional, erro na dosagem (por exemplo, esquecimento do uso e toma repetida, como em pacientes com problemas de memória/Alzheimer).

3. Interações Medicamentosas

- Combinação de diferentes medicamentos serotoninérgicos: Por exemplo, um ISRS combinado com um inibidor da MAO.

- Medicamentos que inibem o metabolismo de drogas serotoninérgicas: Como alguns inibidores de CYP450.

4. Populações Específicas

- Pacientes com histórico de transtornos psiquiátricos: Que estão mais propensos a serem tratados com múltiplos medicamentos psicotrópicos.

- Pacientes com doenças hepáticas ou renais: Que podem ter uma metabolização alterada de medicamentos, levando a níveis mais altos de serotonina.

5. Uso de Drogas Recreativas

- Drogas que aumentam a serotonina: Como ecstasy (MDMA), LSD e outras substâncias que afetam o sistema serotoninérgico.

A síndrome serotoninérgica é uma emergência médica que requer atenção imediata. Reconhecer os fatores de risco e os sinais e sintomas precoces pode ajudar na prevenção e no manejo eficaz dessa condição.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

O que é GLP-1? Para que serve seu análogo?

O GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1) é um hormônio incretina secretado pelas células L do intestino em resposta à ingestão de alimentos. Ele desempenha várias funções importantes no metabolismo da glicose e na regulação do apetite.

Incretina é um termo usado para descrever um grupo de hormônios gastrointestinais que aumentam a secreção de insulina em resposta à ingestão de alimentos, particularmente carboidratos. As duas principais incretinas no corpo humano são o GLP-1 (peptídeo 1 semelhante ao glucagon) e o GIP (polipeptídeo inibidor gástrico).

Funções do GLP-1

  1. Estimulação da Secreção de Insulina:

    • O GLP-1 aumenta a secreção de insulina pelas células beta do pâncreas de maneira dependente da glicose.

2. Regulação da Glicemia:

  • Além de estimular a secreção de insulina, o GLP-1 também inibe a secreção de glucagon, outro hormônio pancreático, que ajuda a reduzir os níveis de glicose no sangue após as refeições.

3. Retardo do Esvaziamento Gástrico:

  • O GLP-1 retarda o esvaziamento gástrico, o que contribui para uma absorção mais lenta de nutrientes e, consequentemente, para uma redução na resposta pós-prandial da glicose.

4. Regulação do Apetite:

  • O GLP-1 atua no cérebro para reduzir o apetite, promovendo uma sensação de saciedade após as refeições. Isso ocorre por meio da interação com receptores no hipotálamo, que controla a ingestão alimentar.

5. Modulação da Função das Células Beta:

  • Além de estimular a secreção de insulina agudamente, o GLP-1 também tem efeitos a longo prazo sobre as células beta, ajudando a preservar sua função e aumentando sua massa.

6. Efeitos Cardiovasculares e Neuroprotetores:

  • Existem evidências sugerindo que o GLP-1 pode ter efeitos benéficos no sistema cardiovascular, além de possíveis efeitos neuroprotetores no cérebro.

Analogos de GLP-1

Os análogos de GLP-1 são medicamentos que imitam a ação do GLP-1 endógeno, mas são mais estáveis e têm uma meia-vida mais longa no corpo. Eles são usados principalmente no tratamento do diabetes tipo 2 para ajudar a controlar os níveis de glicose no sangue. Exemplos comuns incluem exenatida, liraglutida e dulaglutida, que são administrados por injeção.

Esses medicamentos são particularmente eficazes em pacientes que não conseguem controlar sua glicose adequadamente com outros tratamentos, ajudando a melhorar o controle glicêmico, reduzir o risco de hipoglicemia e potencialmente ajudar na perda de peso devido aos seus efeitos sobre o apetite e o metabolismo.

Exemplos de Análogos de GLP-1

1. Exenatida (Byetta, Bydureon): primeiro análogo de GLP-1 aprovado. Pode ser administrado duas vezes ao dia (Byetta) ou uma vez por semana (Bydureon).

2. Liraglutida (Victoza, Saxenda): administrado uma vez ao dia. Victoza é usado para diabetes tipo 2 e Saxenda para perda de peso.

3. Dulaglutida (Trulicity): administrado uma vez por semana.

4. Semaglutida (Ozempic, Rybelsus): injetável e administrado uma vez por semana. Rybelsus é uma forma oral administrada uma vez por dia.

5. Lixisenatida (Adlyxin): administrado uma vez por dia.

Efeitos Colaterais Potenciais

- Náusea: É o efeito colateral mais comum, especialmente no início do tratamento.

- Vômito e Diarreia: Podem ocorrer, mas geralmente são temporários.

- Pancreatite: Embora raro, há relatos de pancreatite associada ao uso de análogos de GLP-1.

- Gastrite: o retardo do esvaziamento gástrico (gastroparesia) pode gerar gastrite secundária ao uso da medicação.

- Perda de 25% ou mais de músculo. Por isso, não é indicado o uso de análogos de GLP-1 para quem não faz musculação.

- Reações no Local da Injeção: Podem ocorrer com os análogos injetáveis.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

O que são produtos bioterapêuticos vivos?

Produtos bioterapêuticos vivos (PBV) são uma classe promissora e emergente de agentes terapêuticos que utilizam microrganismos vivos, como bactérias, vírus ou fungos, para prevenir ou tratar várias doenças. Dependendo do tipo de PBV, alvo da doença e via de administração, os PBV exercem seus efeitos terapêuticos por meio de vários mecanismos de maneiras complexas e múltiplas — por meio da modulação da microbiota intestinal, regulação de respostas imunológicas, produção de substâncias antimicrobianas e aprimoramento das funções de barreira no corpo após o enxerto. As aplicações clínicas dos PBV incluem distúrbios gastrointestinais (por exemplo, doença inflamatória intestinal [DII] e síndrome do intestino irritável [SII]), distúrbios metabólicos (por exemplo, obesidade e diabetes), doenças infecciosas (por exemplo, infecção recorrente por Clostridioides difficile [rCDI]), condições de saúde mental (por exemplo, depressão e ansiedade) e certos tipos de câncer. Os desafios contínuos incluem padronização ideal durante a formulação de PBV (por exemplo, estabilidade e viabilidade de microrganismos vivos durante a fabricação, armazenamento e entrega), estabelecimento de regimes de dosagem ideais, compreensão das interações complexas entre PBV e microbiota humana específica do tecido e abordagem de potenciais sinais de segurança após o transplante.

O cenário regulatório para PBV ainda está evoluindo com o desenvolvimento de novas diretrizes delineando requisitos para estudos pré-clínicos e clínicos, processos de fabricação, controle de qualidade e vigilância pós-comercialização. Em 2012, a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA publicou a primeira orientação para o desenvolvimento de PBV, que foram definidos como produtos biológicos que: 1) contêm organismos vivos; 2) são aplicáveis ​​ao tratamento, prevenção ou cura de uma doença e; 3) não são uma vacina. Onze anos depois, os primeiros PBV foram aprovados pela FDA dos EUA para comercialização.

Produtos Bioterapêuticos Vivos Aprovados pelo FDA ( equivalente da Anvisa nos EUA):

1) Bifidobacterium longum subsp. infantis (B. infantis), da marca Evivo

Uso: Suplemento probiótico usado principalmente para promover a saúde intestinal em bebês.

2) Lactobacillus rhamnosus GG, da marca Culturelle

Uso: Suplemento probiótico usado para melhorar a saúde intestinal e prevenir diarreia associada a antibióticos e outros distúrbios gastrointestinais.

3) Saccharomyces boulardii , da Marca Florastor

Uso: Suplemento probiótico usado para tratar e prevenir diarreia associada a antibióticos, bem como para manter a saúde gastrointestinal geral.

Além dos produtos aprovados e amplamente utilizados, há vários PBV que estão em fases de testes clínicos ou em uso emergente para tratar condições específicas:

a) SER-109, da Seres Therapeutics

Indicação: Tratamento para infecções recorrentes por Clostridium difficile (C. difficile).

Status: Em fases avançadas de testes clínicos e considerado promissor para aprovação futura.

b) RBX2660, da Rebiotix (uma empresa Ferring Pharmaceuticals)

Indicação: Tratamento para infecções recorrentes por C. difficile.

Status: Em estudo clínico de fase 3, com bons resultados preliminares.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/