Para que serve a somatomedina C e como interpretar o exame?

A somatomedina C, também conhecida como IGF-1 (Fator de Crescimento Semelhante à Insulina tipo 1), é um hormônio polipeptídico produzido principalmente no fígado em resposta ao hormônio de crescimento (GH). Ela desempenha um papel crucial no crescimento e desenvolvimento, bem como na regulação do metabolismo.

Funções da Somatomedina C (IGF-1)

1. Crescimento e Desenvolvimento

- Promove o crescimento linear dos ossos.

- Estimula a proliferação e diferenciação celular, especialmente nas células musculares e ósseas.

- Aumenta a síntese de proteínas.

2. Metabolismo

- Influencia o metabolismo dos carboidratos e gorduras.

- Auxilia na redução dos níveis de glicose no sangue, aumentando a captação de glicose pelas células.

- Promove a lipólise (quebra de gordura).

Interpretação dos Níveis de Somatomedina C (IGF-1)

A dosagem de IGF-1 é frequentemente utilizada para avaliar a função do hormônio de crescimento (GH) em diversas condições clínicas, como:

1. Baixa Estatura ou Falta de Crescimento em Crianças

- Níveis baixos de IGF-1 podem indicar deficiência de GH ou resistência ao GH.

- A dosagem é utilizada juntamente com outros testes para diagnosticar e monitorar tratamento.

2. Acromegalia ou Gigantismo

- Níveis elevados de IGF-1 podem indicar produção excessiva de GH.

- Utilizada para diagnóstico e monitoramento do tratamento em pacientes com acromegalia.

3. Desordens Metabólicas

- Avaliação em casos de desnutrição, anorexia ou outras condições que afetam o crescimento e o metabolismo.

Valores de Referência para IGF-1

Os valores de referência para IGF-1 variam conforme a idade, sexo e laboratório onde o exame é realizado. Normalmente, os valores são mais altos durante a infância e adolescência, diminuindo gradualmente com a idade.

- Elevados níveis de IGF-1

- Podem indicar acromegalia, gigantismo, resistência à insulina, e algumas formas de diabetes.

- Uso de esteroides anabolizantes pode aumentar os níveis.

- Baixos níveis de IGF-1

- Podem sugerir deficiência de GH, desnutrição, doenças hepáticas crônicas, hipotireoidismo, ou envelhecimento natural.

- Estresse severo ou doenças agudas também podem reduzir os níveis.

A interpretação dos níveis de somatomedina C deve ser feita por um especialista, levando em consideração o quadro clínico do paciente e outros exames complementares.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Fibras e microbiota

O termo fibra alimentar refere-se a “polímeros de carboidratos, em geral, com dez ou mais unidades monoméricas, que são resistentes à hidrólise por enzimas endógenas e à absorção no intestino delgado de humanos. Contudo, alguns oligossacarídeos, com menos unidades monoméricas também possuem ação como fibra, incluindo:

  • Inulina é um polissacarídeo e possui uma cadeia longa de frutose. A quantidade de unidades de frutose na inulina pode variar amplamente, de 2 a 60 unidades ou mais. Em alguns casos, pode ter até 200 unidades de frutose. Está presente na chicória, alcachofra e alho.

  • Frutooligossacarídeos (FOS): oligossacarídeos comumente compostos por 2 a 10 unidades de frutose, ligadas a uma unidade de glicose. Presentes nos aspargos, chicória, cebola, alho, tomate.

  • Galactooligossacarídeos (GOS): oligossacarídeos geralmente compostos por 3 a 8 unidades de galactose, ligadas a uma unidade de glicose. São derivados de laticínios.

Existem muitas outras fontes de fibras dietéticas em grãos integrais, vegetais, frutas e legumes. Falo mais sobre o tema neste vídeo:

Desde a era paleolítica, quando os caçadores-coletores comiam principalmente frutas e grãos silvestres, até a era agrícola, quando as safras começaram a ser cultivadas, os antigos consumiam mais de 100 g de diversas fibras dietéticas digeríveis e indigestíveis de plantas por dia. Durante milhões de anos, a microbiota intestinal humana forneceu serviços nutricionais vitais através da digestão da lactose e da celulose, da degradação de toxinas e da biossíntese de vitaminas, moléculas sinalizadoras e outras substâncias essenciais.

Na era da industrialização, no entanto, as pessoas passaram a consumir muito menos fibras das dietas, representando um grande desafio para os humanos se adaptarem ao padrão alimentar e aos ambientes profundamente alterados. Em relação aos genomas humanos altamente conservados, a flexibilidade dos micróbios intestinais permitiu as suas respostas rápidas às mudanças de comportamento alimentar e garantiu o estabelecimento de uma nova simbiose com os humanos.

Embora as alterações no microbioma intestinal possam facilitar a adaptação humana ao ambiente em mudança do ponto de vista da evolução, a nova simbiose humano-microbioma, muito diferente daquela mantida durante milhões de anos, pode provocar impactos profundos na saúde humana. Alterações no microbioma intestinal humano têm sido implicadas em uma ampla gama de condições complexas e crônicas, incluindo obesidade, diabetes, câncer e doenças cardiovasculares e podem ser responsáveis pela carga crescente de doenças não transmissíveis em todo o mundo.

Como vimos no vídeo acima, a fibra alimentar pode ser classificada em três tipos com base nas propriedades fisiológicas de sua polimerização de unidades monoméricas (UM)

  1. Polissacarídeos não amiláceos (UM ≥ 10), como celulose, hemicelulose, pectinas, inulina e vários hidrocolóides.

  2. Amidos resistentes (UM ≥ 10), são derivados de grãos e sementes moídas, batata crua, milho verde, banana verde, batata cozida e resfriada, flocos de milho.

  3. Oligossacarídeos resistentes/não digeríveis (UM: 3–9), como galacto-oligossacarídeos (GOS), xilo-oligossacarídeos (XOS) e galactosídeos. Vimos as fontes acima.

Impacto da dieta na microbiota

Pessoas que consomem uma variedade maior de fibras possuem um microbioma mais diverso, um sistema imune menos reativo e um corpo menos inflamado. Para pessoas que não toleram bem fibras, a introdução de alimentos fermentados na dieta torna o sistema digestivo mais tolerante e a microbiota mais diversa e saudável.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Tipos de fibras

As dietas ocidentais são tipicamente ricas em gorduras saturadas e açúcar e pobres em fibras e isto gera desafios para o microbioma intestinal. O nosso microbioma – que é a coleção total de todos os genes com os quais os micróbios contribuem para o nosso corpo – e o nosso sistema imunitário estão intrinsecamente ligados.

As bactérias que temos no intestino são cruciais para nossa saúde. Ajudam-nos a digerir os alimentos, são essenciais para o sistema imunitário e estão ligadas a uma ampla gama benefícios, em relação à saúde gastrointestinal, física, cardiometabólica e mental.

O consumo de 25 a 35 gramas de fibra ao dia se correlaciona com uma menor incidência de diabetes tipo 2, doenças cardíacas, acidente vascular cerebral e cancro do cólon. E mais, precisamos variar também os tipos de fibras que consumimos. Falo sobre o tema neste vídeo:

Raramente, dietas pobres em fibras são indicadas, devido a problemas de saúde específicos, como distúrbios inflamatórios intestinais na fase aguda. Mas, para a maioria das pessoas uma dieta rica em fibras é fundamental para a saúde intestinal.

Fibras provenientes de fontes distintas podem ter ações diferentes no corpo. Um estudo avaliou como diferentes fontes de fibras - proteína de ervilha (fonte e arabinano), casca de frutas cítricas (pectina cítrica), casca de tomate, fibra de laranja, fibra de maçã, fibra de casca de aveia, cacau, sementes de chia e farelo de arroz influenciava a microbiota intestinal de camundongos.

Especificamente, a abundância de B. thetaiotaomicron aumentou na presença de pectina cítrica e fibra de ervilha, enquanto os níveis de B. ovatus aumentaram na presença de beta-glucano de cevada e farelo de cevada. Outras fibras que resultaram em aumento de membros das cepas de Bacteroides no estudo foram inulina de alto peso molecular, maltodextrina resistente e psyllium.

Aprofundando-se, a equipe identificou quais carboidratos bioativos nas preparações de fibras forneciam as fontes alimentares preferidas para as diferentes cepas.

Em humanos isso é muito importante. Uma variedade de cepas gera mais saúde. A perda de diversidade microbiana está ligada à síndrome do intestino irritável (SII), maior risco de certos tipos de câncer, doenças autoimunes e até transtornos mentais.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/