NÃO SE TRATA O AUTISMO E A SÍNDROME DE DOWN

Nós não tratamos o autismo e a trissomia do cromossomo 21 (síndrome de Down). O que tratamos são os atrasos por meio das terapias, as co-morbidades, com estratégias de estilo de vida adequadas, boa alimentação e suplementação. A pessoa que veio ao mundo de forma diferente precisa que nós possamos criar espaços de inclusão, amor, respeito e saúde.

A nutrição e a medicina de precisão é uma vertente que busca melhorar a capacidade de prevenção, diagnóstico e tratamento que possam acometer qualquer pessoa. Olhamos o perfil genético de cada um e, a partir disso, criamos estratégias que evitam desperdícios de recursos, de tempo, de dinheiro.

Se você é profissional de saúde, dece aprender a analisar os exames genéticos e nutrigenéticos de indivíduos com TEA e T21, perceber sua individualidade e criar estratégias para tratar co-morbidade, dar suporte às terapias e ampliar sua autonomia.

No curso de genômica aplicado ao TEA e T21 você aprenderá a analisar os testes genéticos disponíveis, para otimizar os resultados das pessoas atendidas, aumentar a adesão à dieta e suplementação, personalizar condutas, contribuir para a redução do risco de doenças. Também agregará valor ao seu trabalho, conseguirá gerar mais empatia com a família e o paciente atendido. Diferencie-se na área de nutrição e medicina de precisão!

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Creatina para concussão e lesão cerebral traumática (TCE)

Embora o atual corpo de pesquisa seja limitado, a utilização de creatina na proteção e tratamento de concussão e traumatismo cranioencefálico leve (mTBI) foi apontada como uma área particular de interesse. As opções atuais de tratamento para tratar a disfunção fisiológica após concussão e mTBI são limitadas ao tratamento com exercícios aeróbicos; no entanto, postula-se que a creatina é outra opção que poderia abordar aspectos da cascata neurometabólica associada a uma concussão ou mTBI.

Imediatamente após uma concussão ou TBI ocorre um estado de hipermetabolismo que é seguido por um estado de hipometabolismo. Após o mTBI, o conteúdo de creatina no cérebro diminui e, portanto, a suplementação de creatina pode ser benéfica neste cenário.

A suplementação de creatina (300 mg a 400 mg/kg/dia em suspensão oral administrada por sonda nasogástrica ou colher) foi associada à diminuição da duração da amnésia pós-traumática, intubação e internação hospitalar, e provocou melhorias nos aspectos neurofísicos, cognitivos, de personalidade/comportamento e sociais dentro de 3 meses e, além disso, melhorou o autocuidado em 6 meses em comparação com o controle. A suplementação de creatina resultou em melhorias nas dores de cabeça pós-traumáticas, tonturas e fadiga, bem como disartria e problemas linguais de compreensão.

A suplementação de creatina também pode desempenhar um papel protetor quando consumida profilaticamente. A neuroproteção ocorre pela inibição do ácido láctico e do acúmulo de ácidos graxos livres encontrado no grupo suplementado com creatina.

A concussão e o TCE estão associados à liberação indiscriminada do aminoácido excitatório glutamato, que ativa excessivamente o receptor N-metil-D-asparato (NMDA), resultando em aumento do cálcio celular (Ca2 +), que causa morte, danos e disfunção neuronal. A creatina pode mitigar a excitotoxicidade induzida por um glutamato. A segurança da suplementação de creatina em humanos está bem estabelecida, mas uma exploração mais aprofundada da suplementação de creatina, antes e após o TCE, é necessária para determinar um protocolo de consumo ideal.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Creatina melhora a função e saúde cerebral

O cérebro é um órgão complexo altamente energético, consumindo aproximadamente 20% da energia total em repouso, apesar de representar apenas cerca de 2% da massa corporal total. Os neurônios requerem um suprimento constante de energia, na forma de trifosfato de adenosina (ATP) para vários processos celulares, incluindo a manutenção de gradientes iônicos, exocitose de neurotransmissores e funcionamento sináptico.

A creatina, um composto orgânico nitrogenado derivado de reações envolvendo os aminoácidos arginina, glicina e metionina, é importante para ressintetizar ATP, particularmente durante períodos de maior demanda metabólica (por exemplo, privação de sono, problemas de saúde mental ou doenças neurológicas).

Através da reação reversível catalisada pela creatina quinase, a fosforilcreatina (PCr) combina-se com o difosfato de adenosina (ADP) para ressintetizar o ATP. O PCr funciona como uma molécula de alta energia capaz de ressintetizar ATP significativamente mais rápido que a fosforilação oxidativa e os processos glicolíticos.

Embora a grande maioria da creatina seja sintetizada nos rins e no fígado, a creatina também pode ser sintetizada endogenamente no cérebro. Além disso, a creatina tem alguma capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica (BBB), através de células endoteliais microcapilares que expressam o transportador de creatina SLC6A8. Como o músculo capta mais creatina que o cérebro, a suplementação é indicada para pacientes com condições em que observa-se alteração na bioenergética cerebral.

Embora mais de 95% da creatina do corpo seja armazenada no músculo esquelético, a creatina é fabricada em outros tecidos (por exemplo, fígado, pâncreas, rins). Já o cérebro tem a capacidade de sintetizar creatina e, portanto, parece ser mais resistente à captação da mesma do que o músculo. Além disso, a ausência de SLC6A8 nos astrócitos pode limitar a captação exógena de creatina cerebral. Pode ser que o cérebro dependa principalmente da síntese endógena de creatina até que haja algum tipo de desafio ao nível de creatina cerebral. Estes desafios, que podem causar uma diminuição da creatina cerebral, podem ser agudos (por exemplo, privação de sono, exercício intenso) ou crônicos (por exemplo, envelhecimento, lesão cerebral traumática, depressão, doença de Alzheimer, deficiências da enzima de síntese de creatina).

Creatina e doenças neurodegenerativas

As doenças neurodegenerativas são comumente caracterizadas como condições que envolvem uma perda progressiva e irreversível da função neuronal, dificultando assim a capacidade de realizar tarefas cognitivas e/ou motoras.

O estresse oxidativo, o esgotamento de energia e o dano mitocondrial são características comuns em doenças neurodegenerativas, nas quais a creatina pode atuar, possivelmente eliminando espécies reativas de oxigênio e aumentando a produção de energia.

Esclerose Lateral Amiotrófica

A esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma doença neurodegenerativa caracterizada pela perda progressiva de neurônios motores, resultando em atrofia muscular, fraqueza e paralisia, levando à morte. O uso de creatina na ELA reside em seu papel potencial como agente neuroprotetor, reduzindo o estresse oxidativo, atenuando o dano e a disfunção mitocondrial e gerando energia através da ressíntese de ATP. Contudo, mais estudos são necessários nesta área para suporte empírico adequado.

Distrofia Muscular de Duchenne

A distrofia muscular de Duchenne (DMD) é uma doença potencialmente fatal causada por mutações no gene da distrofina que reduz significativamente o tempo de vida, principalmente devido a insuficiência respiratória ou cardíaca. A suplementação de creatina melhora a força e o tempo até a exaustão em pacientes com DMD e jovens com distrofia muscular de Becker. É importante ressaltar que a suplementação de creatina pode conferir efeitos diferentes entre as diferentes formas de distrofias musculares.

Doença de Huntington

A doença de Huntington (DH) é uma condição neurodegenerativa autossômica dominante progressiva caracterizada por deficiências motoras, cognitivas e comportamentais, que também podem ser fatais. Também abrange danos mitocondriais e comprometimento do metabolismo energético, que podem resultar em aumento do lactato cerebral e redução da regeneração de ATP e PCr. A suplementação de creatina atenua a progressão da doença. No entanto, os resultados não foram consistentes entre estudos.

Esclerose múltipla

A esclerose múltipla (EM) é caracterizada como uma doença neurodegenerativa autoimune que resulta em comprometimento da transmissão nervosa, com sintomas que variam entre fraqueza muscular, deficiência de visão e equilíbrio e fadiga. Pacientes com EM também apresentam alterações no metabolismo da creatina cerebral e cardíaca, justificando estudos adicionais sobre os efeitos da suplementação de creatina nesta doença. Infelizmente, foram poucos os estudos realizados nestes pacientes e os mesmos não demonstraram melhorias na capacidade de exercício ou a potência muscular dos indivíduos avaliados.

Parkinson

A doença de Parkinson (DP) é caracterizada por perdas progressivas de neurônios dopaminérgicos, resultando em comprometimento cognitivo e motor, com sintomas que variam de tremor, instabilidade postural, bradicinesia à perda de massa e força muscular e aumento da suscetibilidade à fadiga. Foi demonstrado que a creatina provoca uma resposta melhorada à terapia dopaminérgica e aumenta a força e a função muscular. Contudo, a progressão da doença não foi diferente entre os grupos de creatina e placebo

Creatina e saúde mental

Muitos distúrbios de saúde mental são acompanhados de anormalidades na bioenergética cerebral, com alguns dos distúrbios mais prevalentes, como a depressão, associados a baixos níveis de creatina em certas regiões do cérebro. A maioria dos estudos observa melhorias clinicamente relevantes no uso da creatina para diferentes formas de depressão e na ansiedade generalizada. No entanto, são necessários mais ensaios clínicos randomizados em maior escala, e eles devem incluir medições de creatina cerebral e medidas dietéticas para melhor compreender a ingestão habitual de creatina na resposta a tal intervenção.

Pesquisas futuras são necessárias para determinar os efeitos mecanísticos e clínicos das estratégias de dosagem de suplementação de creatina a longo prazo na função cerebral e na saúde. Futuras intervenções multifatoriais também podem ser necessárias quando a creatina for combinada com outras estratégias para melhorar a cognição ou tratar doenças neurodegenerativas.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/