REGULAÇÃO DO METABOLISMO PELA TIREOIDE

Fadiga crônica é uma das queixas mais comuns em meu consultório. Rotinas desequilibradas (muito trabalho, excesso de tempo em redes sociais, pouco exercício, má alimentação) contribuem para o quadro. Além disso, muitas pessoas sofrem com uma tireoide hipofuncionante. Outros sintomas da queda na produção de hormônios da tireoide incluem pele seca, queda e cabelo quebradiço, ligeiro aumento de peso, intolerância ao frio, irritabilidade, esquecimento, depressão, irregularidades menstruais e mesmo infertilidade.

Os hormônios tireoidianos T3 e T4 têm um impacto quase global. O fígado, por exemplo, é fundamental, transformando T4 em T3 (Noakes et al., 2023).

Disruptores endócrinos (cloro, bromo, flúor, ácido perfluorooctanoico das panelas antiaderentes) podem fazer a tireoide funcionar pior, assim como carência de vitamina A, ferro, zinco, selênio e iodo.

Meça a temperatura axilar com um termômetro de mercúrio por 5 dias e depois faça a média. A aferição deve ser feita todo dia ao acordar. Se a média foi abaixo de 36,5 a sua tireoide pode estar desregulada. Afinal, os hormônios dessa glândula são os principais responsáveis pelo controle da temperatura basal.

Se for este o caso procure um endócrino para avaliar melhor. Valores ideais nos exames:

  • TSH: 1,0 a 2,5 mIU/L (produzido no cérebro pela glândula pituitária)

  • T3 total: 120 a 160 ng/dL (T3 é 4 vezes mais ativo que T4).

  • T3 livre: 3,0 a 4,0 ng/dL

  • T3 reverso (sem função): 0,1 a 0,25 ng/mL (tem menos de 1% da atividade de T4)

  • T4 livre: 1,0 a 1,4 mUI/L (forma inativa)

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Café e sarcopenia

A redução de dinucleotídeo adenina nicotinamida (NAD+) é uma marca registrada do envelhecimento e da sarcopenia, a perda do músculo esquelético que ocorre em indivíduos mais velhos.

Estratégias que aumentem o NAD+ são fundamentais para a prevenção de doenças precoces associadas ao envelhecimento. Atividade física, sauna, dieta cetogênica, suplementação de complexo B (especialmente B3), de NAD+ ou NADH são algumas das estratégias descritas na literatura.

Agora, uma pesquisa publicada em 2024 na Nature Metabolism (PMID: 38504132) mostrou uma ligação entre os níveis circulantes de trigonelina (um alcalóide natural encontrado no café, sementes de feno-grego e de estrutura semelhante à vitamina B3 - ácido nicotínico) e a saúde muscular.

Os níveis de trigonelina estão reduzidos em indivíduos sarcopênicos. Assim, aumentar esta substância é importante, já que melhora a força muscular, mitocondrial e energética, promovendo aumento de NAD+.

Tomar café aumenta a trigonelina? Embora a trigonelina seja encontrada naturalmente no café e seja estruturalmente semelhante ao ácido nicotínico, a ingestão da bebida não aumentou os níveis deste alcalóide no sangue de humanos. Curiosamente, os níveis de trigonelina foram positivamente correlacionados com a ingestão de outros nutrientes como fibras e ácido fólico (vitamina B9). Mais pesquisas são necessárias para compreender melhor o impacto que a nutrição nos níveis circulantes de trigonelina.

Estudos epidemiológicos anteriores haviam demonstrado que o café estava associado à menor incidência de sarcopenia em diferentes populações. Contudo, outros fatores parecem mais importantes, como a própria atividade física.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Genética da intolerância ao glúten

Glúten é o nome dado a um conjunto de proteínas presentes em alguns cerais. As principais proteínas que recebem o nome de glúten são:

  • Gliadina do trigo

  • Secalina da cevada

  • Hordeína do centeio

A digestão destas proteínas gera peptídos que podem ativar o sistema imune de pessoas com susceptibilidade genética. Esta ativação ocorre quando o glúten atravessa a barreira intestinal. Na lâmina própria do intestino, os peptídeos formados após a semi-digestão do glúten entram em contato com a enzima transglutaminase. Como resultado o peptídeo ganha uma carga negativa que favorece o reconhecimento pelo sistema imune.

Em indivíduos com a doença celíca, há ativação de linfócitos T citotóxicos e linfócitos B, que produzem os anticorpos antigliadina, antiendomísio e antitransglutaminase. Estes anticopros agridem as células do intestino e geram sintomas como dor abdominal, prisão de ventre ou diarreia, flatulência, intolerância à lactose, náuseas, vômitos. Ao longo do tempo, outros sintomas vão aparecendo como dores de cabeça, falta de apetite, desnutrição, redução do crescimento de crianças, ansiedade, fadiga, infertilidade, anemia, osteoporose.

Combinações de genes comuns que aumentam o risco de doença celíaca são os haplótipos DQ2 e DQ8. Cerca de 20% com alterações nestes haplótipos desenvolvem a doença celíaca.

Nos indivíduos não celíacos que apresentam sensibilidade ao glúten, além dos HLAs DQ2 e DQ8 pode estar envolvido o haplótipo DQ4, IL12A e SH2B3.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/