Leaky gut e doença de Parkinson

A doença de Parkinson (DP) é a segunda doença neurodegenerativa mais comum, afetando 2–3% da população com mais de 65 anos. É considerada um distúrbio multissistêmico caracterizado por sintomas motores, como lentidão de movimentos (bradicinesia), rigidez, tremores e dificuldades de equilíbrio, bem como um amplo espectro de sintomas não motores, incluindo problemas gastrointestinais (GI), urogenitais, neuropsiquiátricos, de sono, e dor/distúrbios sensoriais. Infelizmente, ainda não há cura para a DP, e as deficiências físicas e cognitivas causadas por esta doença representam um grande fardo para os pacientes, cuidadores e sociedade.

Embora a causa exata da DP permaneça indefinida, avanços recentes sugeriram que interações complexas entre predisposições genéticas e exposição a fatores ambientais, como toxinas e agentes infecciosos, contribuem para a perda seletiva, mas generalizada, de neurônios em pessoas com DP.

A agregação de alfa-sinucleína (α-syn) no sistema nervoso é uma característica neuropatológica da DP. Desde a descoberta de depósitos de α-syn no sistema nervoso entérico (SNE) (plexos de Auerbach e Meissner) de pacientes com DP em 1988, tem havido evidências crescentes de que insultos que agem no intestino podem desencadear o dobramento incorreto e a agregação de α-syn em diversos tecidos.

Foi levantada a hipótese de um papel fundamental do sistema digestivo, que representa uma porta de entrada vulnerável para patógenos. A mucosa intestinal, que está a apenas alguns milímetros de distância das terminações nervosas entéricas, representa a maior área de superfície corporal exposta a antígenos do ambiente externo e abriga a maior densidade microbiana do corpo humano.

Estudos sobre o eixo intestino-cérebro sugerem cada vez mais um papel importante da microbiota intestinal na regulação da saúde e da doença através de uma intensa interação bidirecional de sinalização neuronal, imunológica e metabólica.

Patógenos intestinais e disbiose podem contribuir para estados inflamatórios periféricos ou desencadear efeitos metabólicos a jusante que exacerbam o processo neurodegenerativo na doença de Parkinson. Vários estudos pré-clínicos e clínicos demonstraram perturbação da permeabilidade intestinal, inflamação intestinal, alteração do microbioma intestinal e redução dos ácidos graxos de cadeia curta fecais na DP.

Neste sentido, as terapias dirigidas a micróbios, como os probióticos, estão a emergir como potenciais opções terapêuticas. Postula-se que a suplementação de probióticos confere uma variedade de benefícios à saúde devido às diversas funções desses microrganismos vivos, incluindo inibição da colonização de patógenos, modulação/“normalização” do microbioma e/ou sua função, efeitos imunomoduladores (por exemplo, redução da inflamação) e função melhorada da barreira epitelial do hospedeiro. Estudos em modelos animais de DP demonstraram os potenciais efeitos neuroprotetores dos probióticos na redução da degeneração neuronal dopaminérgica.

Notavelmente, dois ensaios randomizados controlados por placebo forneceram evidências de classe I para probióticos como tratamento para constipação na DP. No entanto, os efeitos dos probióticos sobre outros aspectos da DP, como a incapacidade motora e a função cognitiva, e a sua eficácia a longo prazo (incluindo os efeitos na absorção de medicamentos para a DP no intestino) não foram investigados adequadamente. Mais estudos direcionados em animais e humanos também são necessários para compreender os mecanismos de ação dos probióticos na DP e para adaptar a terapia probiótica com base nos perfis individuais do hospedeiro para melhorar os resultados dos pacientes neste transtorno incapacitante (Tan et al., 2021).

Estudos de sequenciamento do gene 16S rRNA mostraram abundâncias significativamente reduzidas de bactérias produtoras de butirato em amostras fecais de DP em comparação com controles. O butirato é um ácido graxo de cadeia curta, que atua como importante substrato energético para o epitélio do cólon, melhorando a função da barreira intestinal. É um inibidor da histona desacetilase (HDACi), exercendo ações neuroprotetoras em modelos experimentais de DP, incluindo pela redução do comprometimento motor da DP e da morte celular dopaminérgica.

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O intestino também precisa ser muito bem cuidado na doença de Parkinson. Falei sobre o tema em artigo anterior.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

NAC e doença de Parkinson

A doença de Parkinson (DP) está associada ao estresse oxidativo e à diminuição da glutationa (GSH) no cérebro. Assim, terapias que aumentam o GSH podem ter um efeito modificador da doença.

Em um estudo, a administração intravenosa de uma dose elevada de N-acetilcisteína (NAC), um conhecido antioxidante e precursor de GSH, aumenta o GSH sanguíneo e cerebral em indivíduos com DP e com doença de Gaucher e em controles saudáveis.

Contudo, não houve aumentos significativos no GSH cerebral, o que pode estar relacionado à baixa biodisponibilidade oral do NAC e às pequenas respostas sanguíneas fracionadas de GSH/GSSG. Estudos adicionais são necessários para caracterizar melhor os efeitos colaterais e explorar os efeitos diferenciais do NAC nas medidas de defesa antioxidante e dano oxidativo ou se a suplementação de glutationa lipossomal seria uma melhor estratégia.

Outras estratégias nutricionais no Parkinson são discutidas aqui.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Causas da depressão pós-parto

Setenta a oitenta por cento das novas mães podem sentir-se deprimidas, ansiosas ou mesmo irritadas alguns dias após o parto. Esse estado é normal e geralmente desaparecem dentro de uma semana ou mais sem tratamento.

Mas, para algumas mulheres – mais de 10% das mães – a depressão pós-parto (DPP) é uma doença grave que pode durar desde o final da gestação até um ano após o parto. Pode interferir na capacidade da mãe de cuidar e criar vínculos com o bebê, além de prejudicar o desenvolvimento e a segurança da criança. Em casos raros, as novas mães prejudicaram a si mesmas e/ou aos seus bebés. Para o bem da mãe e do seu novo bebé, é crucial identificar e tratar a DPP o mais rapidamente possível.

O que causa a depressão pós-parto?

A depressão pós-parto provavelmente resulta de uma combinação de fatores físicos e emocionais. Após o parto, os níveis de hormônios (estrogênio e progesterona) no corpo da mulher caem rapidamente. Isso leva a alterações químicas no cérebro que podem desencadear alterações de humor.

Além disso, muitas novas mães têm dificuldade em descansar após o parto. A privação do sono pode causar dores no corpo e exaustão, o que também pode contribuir para os sintomas da depressão pós-parto.

Nenhuma mulher está livre, independentemente da idade, raça, etnia ou situação econômica. Contudo, o risco aumenta quando a mulher já teve depressão anteriormente. Outros fatores de risco incluem:

  • Um acontecimento estressante na vida durante a gravidez ou logo após o parto, como perda de emprego, morte de um ente querido, violência doméstica ou doença pessoal.

  • Complicações médicas durante o parto, incluindo parto prematuro ou parto com problemas médicos.

  • Sentimentos confusos sobre a gravidez, seja ela planejada ou não.

  • Falta de forte apoio emocional de seu cônjuge, parceiro(a), família ou amigos.

  • Problemas de abuso de álcool ou outras drogas.

  • Carências nutricionais (B12, cálcio, ferro, selênio, zinco, ômega-3, vitamina D)

O tratamento da depressão pós-parto é crítico

Se você ou alguém que você conhece apresenta sinais de depressão pós-parto (TID), procure ajuda imediatamente. Observe sintomas que duram mais de uma semana, incluindo:

  • Mudanças persistentes de humor

  • Tristeza e/ou choro

  • Ansiedade, irritabilidade ou raiva

  • Dificuldade de concentração

  • Problemas para dormir

  • Mudança severa no apetite

  • Fadiga extrema

  • Baixa autoestima

  • Afastamento dos entes queridos, incluindo o bebê,

  • Sentimentos de culpa ou vergonha

  • Dores de cabeça ou dores de estômago

É importante perceber que esses distúrbios não são auto-induzidos. Uma mulher não consegue “se recompor” mais do que conseguiria se estivesse com gripe, diabetes ou qualquer outra doença física. Precisará de ajuda de médico, psicóloga, família, nutricionista.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/