Dieta cetogênica e cérebro

A dieta cetogênica foi desenvolvida na década de 1920 como uma abordagem médica para reduzir as convulsões em casos de epilepsia pediátrica. A melhoria na função cerebral fez com que muitas pessoas passassem a adotar a dieta cetogênica como estratégia para obter melhor performance e acuidade mental ou para o tratamento de doenças neurodegenerativas e prevenção do Alzheimer.

Dieta cetogênica e benefícios para o cérebro

Um dos principais benefícios da dieta cetogênica é a redução dos níveis circulantes de glicose. A redução do consumo de alimentos ricos em carboidratos (massas, cereais, doces, frutas e verduras de alto índice glicêmico) estabiliza os níveis de glicose no sangue. Com isso, o risco de glicação cai e os neurônios ficam mais protegidos.

Untitled.jpg

Dietas com menos carboidratos, menos inflamatórias e que imitem o jejum estimulam o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF). Baixos níveis de BDNF têm sido relacionados a transtornos como depressão, esquizofrenia, doença de Huntington e Alzheimer. Comer menos também reduz o estresse oxidativo, o que preserva as mitocôndrias e melhora o funcionamento neuronal.

Contudo, não adianta adotar uma dieta cetogênica cheia de bacon. A dieta deve ter características altamente antiinflamatórias para que os efeitos no cérebro sejam ótimos. Deve parecer-se mais como um open bar de abacate, alimento rico em gorduras e nutrientes antiinflamatórios.

Isto porque distúrbios neurodegenerativos caracterizados por desmielinização, como a esclerose múltipla, parecem fortemente influenciados pela inflamação crônica, tornando a dieta cetogênica com características antiinflamatórias uma terapia desejável.

Esta dieta também ajuda a equilibrar neurotransmissores responsáveis pelo foco e relaxamento, como glutamato e GABA. Desequilíbrios nesses neurotransmissores são associados a condições como autismo, doença de Lou Gehrig, Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), epilepsia, além de transtornos do humor. Excesso de glutamato e baixos níveis de GABA tendem a tornar também as pessoas mais ansiosas.

O glutamato cronicamente elevado é altamente inflamatório, pois estimula continuamente as células cerebrais. Em uma pessoa saudável, o excesso de glutamato deve ser convertido em GABA para ajudar a equilibrar os processos neurais. Seguir uma dieta cetogênica pode facilitar essa conversão, contribuindo para a redução da ansiedade.

Atendi uma criança com epilepsia e a família pediu a recomendação de um livro bom sobre dieta cetogênica, com receitas fáceis e variadas. Aqui vai para todo mundo que tiver a mesma dúvida: https://amzn.to/46r8lSO. Precisa de ajuda? Marque aqui sua consulta de nutrição online.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Intervenções para melhoria da microbiota

O modo de nascimento, o acesso à amamentação e o ambiente moldam a microbiota intestinal do bebê, que vai amadurecendo gradativamente. Até os 4 anos de vida a microbiota muda muito e depois permanece relativamente estável, a não ser que ocorram intercorrências, como doença e uso de medicamentos. Na velhice a microbiota volta a mudar bastante, pois o sistema imune vai debilitando-se. Quando a microbiota não está saudável aparecem sintomas intestinais (como gases, diarreia ou prisão de ventre) e extra-intesinais (como dores em outras partes do corpo, mudanças de humor e problemas hormonais). Podemos avaliar a microbiota por meio de exames genéticos:

Não precisamos nos desesperar se a microbiota está desregulada. Mas precisamos suplementar as cepas adequadas para sua recuperação, adotando em conjunto uma dieta adequada para um intestino saudável. Dietas ricas em gordura saturada tendem a influenciar negativamente a microbiota. Já dietas ricas em fibras e um estilo de vida saudável, com boas horas de sono, contato com a natureza e atividade física, promovem uma microbiota promotora da saúde.

Muitas pesquisas focam agora na suplementação de cepas específicas de bactérias para o tratamento de diferentes doenças. Existem cepas que contribuem para alívio de ansiedade e redução de níveis de cortisol como lactobacillus helveticus e bifidobacterium longum. Existem aquelas utilizadas para tratamento de gengivite e outros desequilíbrios da microbiota bucal como lactobacillus rhamnosus, plantarum, delbrueki e reuteri. Existem aqueles eficazes em doenças de pele como a psoríase, incluindo o B. infantis e o L. sporogenes, assim como as bactérias muito úteis para o tratamento do intestino irritável, incluindo L. helveticus e L. acidophilus. Caso necessite ajuda marque sua consulta aqui.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
Tags

Indicações e contra-indicações da suplementação de colina (vitamina B8)

A colina é um nutriente solúvel em água, necessário à formação do neurotransmissor acetilcolina, muito importante para a aprendizagem, memória, foco, criatividade, velocidade de raciocínio e atenção. A partir da colina também é produzida citicolina, substância necessária à mielinização dos neurônios.

Fora isso, a colina está presente em todas as membranas celulares como fosfatidilcolina. Pessoas com baixa ingestão de colina apresentam fígado mais gorduroso e menos capaz de realizar processos de eliminação de toxinas. Por todos estes motivos a colina é frequentemente suplementada. Contudo, ao contrário do esperado esta suplementação  nem sempre traz efeitos positivos ao organismo. Explico neste vídeo:

colina.jpg

É necessária em pequenas quantidades que podem ser obtidas de alimentos que contém gordura como gema de ovo, carne vermelha, salmão, lecitina de soja ou leveduras. As bactérias intestinais também podem produzir um pouco de colina, mas em pequena quantidade.

A ingestão diária recomendada é de 550 mg diários para indivíduos adultos do sexo masculino, de 425 mg diários para indivíduos adultos do sexo feminino e ligeiramente superior, cerca de 450 mg diários durante a gravidez.

A suplementação pode ser necessária para atletas de endurance, como maratonistas, pessoas com alto consumo de álcool, mulheres na pós-menopausa e para gestantes.

Suplementos podem ser encontrados em diferentes formas químicas. A fosfatidilcolina contém 13% de colina. Outras formas de suplementação são bitartarato de colina, cloreto de colina, Colina-CPD, alfa-GPC ou betaína.

O termo biodisponibilidade refere-se à proporção de um nutriente consumido que é absorvida, ficando disponível para a utilização pelo organismo. A biodisponibilidade dos nutrientes provenientes da dieta e de suplementos alimentares é influenciada por vários fatores, incluindo o estado nutricional, saúde e estágio de vida do indivíduo. Os fatores relacionados à dieta que afetam a biodisponibilidade dos nutrientes incluem a sua forma química, as interações entre os nutrientes e outros componentes dos alimentos e o processamento do alimento.

Uma forma mais eficaz de suplementação é a Glicerofosfocolina ou Alfa GPC. Esta molécula tem alta biodisponibilidade quando ingerida oralmente e tem a capacidade de atravessar a barreira hemato-liquórica. Estudos demosntraram que Alfa GPC na dose de 1000 a 1500 mg por dia tem a capacidade de melhorar o raciocínio e memória, tornar mais rápida a recuperação pós AVC (Acidente Vascular Cerebral), aumentar a secreção de hormônio de crescimento, proteger o cérebro da degradação e otimizar a performance mental. Contudo, tanto Colina-CPD (citicolina), quanto alfa-GPC são considerados medicamentos em alguns países, usados para o tratamento da doença de Alzheimer.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/