Genética, suplementos e ganho de massa magra

Algumas pessoas ganham massa muscular mais facilmente do que outras. Genes e hormônios influenciam a composição corporal, assim como o uso de drogas ou medicamentos. Por exemplo, mulheres praticantes de musculação tomando anticoncepcionais demoram mais para ganhar massa muscular do que aquelas que não tomam.

Genes e composição corporal

  • genes relacionados a inflamação e disfunção mitocondrial como PPARG, PPARD, PPARGC1A, IL6, MTHFR e VDR. Alterações nestes genes favorecem a elevação do percentual de gordura, mesmo em pessoas com peso adequado. São as tais “falsas magras”. Pessoas com estas alterações precisam seguir um cardápio antiinflamatório.

  • genes relacionados a sensibilidade a insulina e fatores hormonais como TCF7L2, IRS1, PPM1K, SLC30A8, CLOCK. Pessoas com alterações destes genes ganham gordura facilmente quando aumentam o consumo de carboidratos. Por isso, doces e alimentos com carboidratos de alto índice glicêmico devem ser cortados do cardápio quando desejam reduzir o percentual de gordura e favorecer o ganho de massa magra. Estas pessoas podem se beneficiar da dieta cetogênica.

  • genes relacionados a vasodilatação e distribuição de nutrientes como VEGF, ECA, NOS3, FABP2, GC. São pessoas que possuem maior capacidade aeróbica mas nem sempre bom ganho de musculatura. Por isso, precisarão aumentar o consumo proteico se desejam hipertrofiar.

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Suplementos para o ganho de massa magra

Além dos ajustes na dieta e treinamento de força alguns suplementos favorecem o anaboilsmo. Muito se fala de whey protein, creatina e leucina mas hoje vamos conhecer cinco outros suplementos:

  1. Ácido aspártico faz estímulo androgênico, aumentando hormônios como a testosterona. O ácido aspártico está presente em alimentos como carnes, peixe, frango, amendoim e ovos mas pode ser suplementado em quantidades maiores por um nutricionista esportivo. Não deve ser usado por mais de 12 semanas (3 meses) pois pode causar irritabilidade, disfunção erétil ou aumento da produção de pelos e mudança da voz em mulheres.

  2. Longjack é outro suplemento que aumenta a produção da testosterona pelo estímulo da CYP17. É o nome comercial da raiz asiática Eurycoma longifolia e pode ser tomado na forma de chá ou cápsulas. Não deve ser tomado por mais de 9 meses nem por mulheres gestantes ou amamentando.

  3. Garcinia mangostana. Este fitoterápico tem efeito tanto para o ganho de massa magra pelo aumento de hormônios androgênicos quanto para a redução de gordura corporal (Konda et al., 2018). É um dos componentes do suplemento cindura, juntamente com o extrato de cinnamomum tamala.

  4. Ácido fosfatídico. Esta gordura aumenta a massa muscular pelo estímulo do mTOR (Bond, 2017).

  5. HMB. O hidroximetilbutirato é uma substância derivada da leucina e que estimula o IGF-1, aumentando biogênese mitocondrial e estimula a via mTOR, facilitando a síntese proteica.

A vantagem de todas estas substâncias é a segurança, muito maior do que a de qualquer esteróide anabolizante. APRENDA MAIS NESTE CURSO ONLINE.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Vitamina B12 excessivamente elevada pode ser sinal de doenças

Muitas pessoas preocupam-se com os baixos níveis de vitamina B12. É prática comum medir os níveis plasmáticos de B12 (cobalamina) em pessoas com suspeita de deficiência de B12 ou com fatores de risco associados (como adesão à dieta vegana, hipocloridria ou uso de antiácidos, pessoas com doenças inflamatórias intestinais) ou sintomas de cansaço ou comportamentos depressivos.

E o excesso de B12?

Porém, poucos profissionais preocupam-se com o excesso desta vitamina no plasma. O problema é que níveis elevados de vitamina B12 estão associados à certas questões de saúde. Por exemplo, há associação entre B12 elevada e aumento do risco de câncer em curto prazo, como os hematológicos e cânceres relacionados ao uso de cigarro e álcool.

Um estudo realizado no Reino Unido e publicado em 2019 examinou os dados de mais de 750.000 pacientes do país. O risco de câncer foi maior em pessoas com níveis plasmáticos elevados de B12 (B12> 1.000 pmol / L). Outro estudo, realizado na Dinamarca, associou maior risco de câncer com B12> 800 pmol / L.

O câncer pode afetar o metabolismo da B12 ao afetar os níveis dessas proteínas de ligação à B12 que, por sua vez, dão origem a níveis elevados de B12 no plasma. A associação mostrou um padrão de dose-resposta não linear e permaneceu robusta em análises estratificadas, inclusive ao reduzir o risco de confusão por indicação em subanálises. Os riscos foram particularmente elevados para câncer de fígado, câncer de pâncreas e malignidades mieloides entre pessoas com níveis elevados de B12 (Arendt et al., 2019).

B12 alta sem suplementação também pode ser devida tanto ao consumo excessivo de carnes quanto à desnutrição proteica, estresse, problemas autoimunes (tireoidite reumatóide, doença celíaca, artrite reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico etc), uso de estrogênios, anticonvulsivantes, hepatopatia alcoólica, esteatose hepática não alcoólica, cirrose, obesidade, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal crônica, doença de Hodkin, leucemias... É investigar e acompanhar (Arendt, & Nexo, 2013).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Modulação da microbiota intestinal no autismo

Existem centenas de trilhões de micróbios no corpo humano, a maioria no intestino grosso. Se há um bom equilíbrio destes microorganismos no corpo a saúde é mantida. Ao contrário, em situação de desequilíbrio (disbiose) há aumento da inflamação e risco aumentado de doenças crônicas e problemas comportamentais.

Estudos mostram que aproximadamente metade das crianças com transtornos do espectro do autismo (TEA) apresentam comorbidades gastrointestinais (GI), incluindo constipação crônica, diarreia ou síndrome do intestino irritável. A gravidade desses sintomas foi correlacionada com o grau de disbiose intestinal. Assim, o tratamento da disbiose intestinal deve fazer parte do conjunto de intervenções no autismo já que a melhoria intestinal reduz inflamação (IL-13 e TNF-α) e neuroinflamação (Sanctuary et al., 2019).

As estratégias para modular os micróbios intestinais incluem o transplante de microbiota fecal (FMT), que envolve a transferência de material fecal de um indivíduo para outro para um efeito fisiológico desejado. Esta abordage tem se mostrado promissora no autismo (Kang et al., 2019).

Uma comunidade microbiana diversa está associada a uma melhor saúde geral e a melhores resultados neurocognitivos. No entanto, as diretrizes para o tratamento adequado e a triagem de fezes de doadores são essenciais para a segurança e incluem a triagem de doenças infecciosas e distúrbios associados a perturbações da microbiota intestinal, bem como o uso de medicamentos que podem afetar micróbios intestinais, como antibióticos e prótons inibidores da bomba. Por isso, o transplante fecal (FMT) seria um último recurso para o tratamento da disbiose.

No momento os esforços dos laboratórios concentram-se no desenvolvimento de consórcios de microorganismos que possam ser confiavelmente e consistentemente utilizados no autismo. Embora em geral essas formulações sejam geralmente bem toleradas, a segurança ainda precisa ser levada em consideração porque há relatos de translocação bacteriana desses organismos do intestino para a corrente sanguínea em pacientes criticamente enfermos. Outra importante consideração na modulação da microbiota intestinal é o papel da dieta e dos prebióticos, uma vez que podem influenciar profundamente a qualidade da microbiota.

O uso de suplementação com prebióticos (como amidos resistentes, polifenóis e ácidos graxos poliinsaturados) também está sendo estudado, porque esses compostos podem fornecer substrato ideal para microorganismos comensais benéficos. Está se tornando evidente que a modulação de micróbios intestinais será cada vez mais empregada para promover a saúde geral, embora as estratégias ideais para a modulação da microbiota intestinal de “precisão” ainda não sejam completamente compreendidas. Falo mais sobre o tema neste vídeo:

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/