Vitamina B12 excessivamente elevada pode ser sinal de doenças

Muitas pessoas preocupam-se com os baixos níveis de vitamina B12. É prática comum medir os níveis plasmáticos de B12 (cobalamina) em pessoas com suspeita de deficiência de B12 ou com fatores de risco associados (como adesão à dieta vegana, hipocloridria ou uso de antiácidos, pessoas com doenças inflamatórias intestinais) ou sintomas de cansaço ou comportamentos depressivos.

E o excesso de B12?

Porém, poucos profissionais preocupam-se com o excesso desta vitamina no plasma. O problema é que níveis elevados de vitamina B12 estão associados à certas questões de saúde. Por exemplo, há associação entre B12 elevada e aumento do risco de câncer em curto prazo, como os hematológicos e cânceres relacionados ao uso de cigarro e álcool.

Um estudo realizado no Reino Unido e publicado em 2019 examinou os dados de mais de 750.000 pacientes do país. O risco de câncer foi maior em pessoas com níveis plasmáticos elevados de B12 (B12> 1.000 pmol / L). Outro estudo, realizado na Dinamarca, associou maior risco de câncer com B12> 800 pmol / L.

O câncer pode afetar o metabolismo da B12 ao afetar os níveis dessas proteínas de ligação à B12 que, por sua vez, dão origem a níveis elevados de B12 no plasma. A associação mostrou um padrão de dose-resposta não linear e permaneceu robusta em análises estratificadas, inclusive ao reduzir o risco de confusão por indicação em subanálises. Os riscos foram particularmente elevados para câncer de fígado, câncer de pâncreas e malignidades mieloides entre pessoas com níveis elevados de B12 (Arendt et al., 2019).

B12 alta sem suplementação também pode ser devida tanto ao consumo excessivo de carnes quanto à desnutrição proteica, estresse, problemas autoimunes (tireoidite reumatóide, doença celíaca, artrite reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico etc), uso de estrogênios, anticonvulsivantes, hepatopatia alcoólica, esteatose hepática não alcoólica, cirrose, obesidade, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal crônica, doença de Hodkin, leucemias... É investigar e acompanhar (Arendt, & Nexo, 2013).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Modulação da microbiota intestinal no autismo

Existem centenas de trilhões de micróbios no corpo humano, a maioria no intestino grosso. Se há um bom equilíbrio destes microorganismos no corpo a saúde é mantida. Ao contrário, em situação de desequilíbrio (disbiose) há aumento da inflamação e risco aumentado de doenças crônicas e problemas comportamentais.

Estudos mostram que aproximadamente metade das crianças com transtornos do espectro do autismo (TEA) apresentam comorbidades gastrointestinais (GI), incluindo constipação crônica, diarreia ou síndrome do intestino irritável. A gravidade desses sintomas foi correlacionada com o grau de disbiose intestinal. Assim, o tratamento da disbiose intestinal deve fazer parte do conjunto de intervenções no autismo já que a melhoria intestinal reduz inflamação (IL-13 e TNF-α) e neuroinflamação (Sanctuary et al., 2019).

As estratégias para modular os micróbios intestinais incluem o transplante de microbiota fecal (FMT), que envolve a transferência de material fecal de um indivíduo para outro para um efeito fisiológico desejado. Esta abordage tem se mostrado promissora no autismo (Kang et al., 2019).

Uma comunidade microbiana diversa está associada a uma melhor saúde geral e a melhores resultados neurocognitivos. No entanto, as diretrizes para o tratamento adequado e a triagem de fezes de doadores são essenciais para a segurança e incluem a triagem de doenças infecciosas e distúrbios associados a perturbações da microbiota intestinal, bem como o uso de medicamentos que podem afetar micróbios intestinais, como antibióticos e prótons inibidores da bomba. Por isso, o transplante fecal (FMT) seria um último recurso para o tratamento da disbiose.

No momento os esforços dos laboratórios concentram-se no desenvolvimento de consórcios de microorganismos que possam ser confiavelmente e consistentemente utilizados no autismo. Embora em geral essas formulações sejam geralmente bem toleradas, a segurança ainda precisa ser levada em consideração porque há relatos de translocação bacteriana desses organismos do intestino para a corrente sanguínea em pacientes criticamente enfermos. Outra importante consideração na modulação da microbiota intestinal é o papel da dieta e dos prebióticos, uma vez que podem influenciar profundamente a qualidade da microbiota.

O uso de suplementação com prebióticos (como amidos resistentes, polifenóis e ácidos graxos poliinsaturados) também está sendo estudado, porque esses compostos podem fornecer substrato ideal para microorganismos comensais benéficos. Está se tornando evidente que a modulação de micróbios intestinais será cada vez mais empregada para promover a saúde geral, embora as estratégias ideais para a modulação da microbiota intestinal de “precisão” ainda não sejam completamente compreendidas. Falo mais sobre o tema neste vídeo:

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Mães de crianças com síndrome de Down podem apresentar envelhecimento mais acelerado desde jovens

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As chances de nascimento de uma criança com síndrome de Down aumentam com o envelhecimento da mulher. Contudo, muitas mulheres que engravidam jovens (antes dos 35 anos) também dão à luz a bebês com síndrome de Down (Coppedè et al., 2016).

Estudos têm mostrado que estas mulheres podem ter um envelhecimento mais acelerado desde jovens, apresentando instabilidades genômicas globais, aumento da frequência de micronúcleos e telômeros com menor tamanho. Tais alterações aumentam o risco da mulher desenvolver demência na velhice.

Exame genético avalia modificações em genes associados ao comprimento dos telômeros

Exame genético avalia modificações em genes associados ao comprimento dos telômeros

Uma das razões para o envelhecimento acelerado pode estar em alterações em genes associados ao comprimento dos telômeros, além de polimorfismos de genes do ciclo do 1 carbono, como o MTHFR e outros, contribuindo para prejuízos na metilação do DNA e instabilidade cromossômica

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Cuidar da família toda é muito importante, com a adoção de estratégias antienvelhecimento e suplementação adequada.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/