O suplemento 5HTP não deve ser utilizado por paciente com depressão fazendo uso de medicamentos inibidores da MAO, nem inibidores seletivos de recaptação de serotonina

Existem várias classes de antidepressivos, como os tricíclicos, os inibidores da enzima monoaminoxidase (IMAO), inbidores seletivos da recaptação de 5HTP, estimulantes da recaptação de 5HTP, antagonistas alfa adrenérgicos etc. Entre os IMAO estão iproniazida, isocarboxazida, tranilcipromina, fenelzina, clorgilina, brofaromina, moclobemida, toloxafona, befloxafona, imipramina, desipramina, clomipramina, doxepina, maprotilina. Estes medicamentos não devem ser utlizados conjuntamente com o 5HTP, um suplemento muito comum para tratamento da depressão.

O 5HTP (5-hidroxitriptofano) é uma substância sintetizada no organismo a partir do aminoácido triptofano, sendo o precursor imediato da serotonina, neurotransmissor que regula sono, apetite, humor, ritmo cardíaco, temperatura corporal e funções cognitivas. Sem serotonina a pessoa fica mais irritável, apresenta dificuldade para dormir, ansiedade e maior risco de depressão. O 5HTP atravessa facilmente a barreira hematoencefálica, podendo ser convertido em serotonina. Contudo, suplementos não estão livres de causarem efeitos colaterais.

O 5HTP pode causar espessamento da pele (esclerodermia), aumento de eosinófilos (células brancas do sangue), dores musculares, fadiga, inflamação, falta de ar e anomalias neurológicas. Por isso, suplementos alimentares na Europa não devem conter dosagens superiores a 25 mg por dose e a toma diária não deve ultrapassar 50 mg. Contudo, muitos profissionais prescrevem dosagens maiores (o dobro ou mais que o dobro).

Pacientes fazendo uso de IMAO podem ter reações graves ou mesmo fatais (síndrome de serotonina) com o uso de 5HTP. Deve igualmente ter-se em consideração interações com inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), como fluoxetina, paroxetina, sertralina, citalopram, fluvuxamina, escitalopram. Também a metildopa e a metilsergida bloqueiam a descarboxilação do 5HTP podendo causar reações. Falo mais sobre o tema no curso PSICONUTRIÇÃO.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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A evolução da ciência da nutrição

O sucesso do Projeto Genoma Humano e o avanço das ferramentas da biologia molecular marcaram o início de uma nova era na medicina personalizada e na nutrição de precisão. Com a decodificação do genoma humano, a indústria farmacêutica passou a vislumbrar a possibilidade de desenvolver medicamentos personalizados, adaptados à constituição genética de cada indivíduo. Paralelamente, a indústria alimentícia começou a explorar o potencial dos compostos bioativos presentes nos alimentos para promover saúde e prevenir doenças com base nos perfis genéticos dos consumidores.

Essa nova era, conhecida como nutrição molecular, se estrutura na compreensão das complexas interações entre nutrientes e o genoma humano. Nesse contexto, destacam-se dois campos emergentes: a nutrigenômica e a nutrigenética. A nutrigenômica investiga como os nutrientes e compostos bioativos modulam a expressão dos genes, influenciando processos celulares e metabólicos. Já a nutrigenética estuda como as variações genéticas individuais (como polimorfismos de nucleotídeo único – SNPs) afetam a resposta do organismo a diferentes nutrientes, dietas ou componentes alimentares específicos.

Ambas as abordagens apontam para um futuro onde as recomendações nutricionais poderão ser customizadas de forma precisa, visando otimizar a saúde individual com base no perfil genético. No entanto, essa perspectiva promissora traz consigo desafios significativos. O principal deles é equilibrar o enfoque individualizado com as estratégias de saúde pública, que tradicionalmente se baseiam em diretrizes generalistas voltadas a populações amplas.

A transição da ciência para a prática já está acontecendo, com maior:

  1. Validação dos dados científicos, garantindo consistência, reprodutibilidade e relevância clínica.

  2. Educação dos profissionais de saúde, especialmente nutricionistas, para que possam interpretar e aplicar esse conhecimento de maneira ética e eficaz.

  3. Comunicação mais clara com pacientes, evitando interpretações errôneas ou promessas infundadas.

  4. Estabelecimento de marcos regulatórios e bioéticos, assegurando que as práticas de nutrigenômica e nutrigenética respeitem os direitos individuais, a privacidade genética e os princípios de equidade no acesso a essas inovações.

Embora a nutrição molecular represente um divisor de águas na ciência nutricional, sua implementação exige uma abordagem integrada, ética e crítica.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/