Vitamina D + Vitamina K devem ser suplementadas juntas?

A vitamina D e a vitamina K são dois nutrientes lipossolúveis (que se dissolvem em gordura). A vitamina D é abundante em peixes gordurosos e óleo de peixe, mas também é produzida pela pele quando exposta à luz solar. Uma das funções principais da vitamina D é promover a absorção de cálcio e manter níveis adequados de cálcio no sangue. A deficiência de vitamina D pode causar perda óssea. Muitas pessoas são deficientes em vitamina D e discuto a avaliação e suplementação neste vídeo:

A vitamina K é encontrada em verduras, leguminosas fermentadas e vegetais, bem como em alguns alimentos gordurosos de origem animal, como gema de ovo, fígado e queijo. É necessária para a coagulação do sangue e promove o acúmulo de cálcio em seus ossos e dentes. Falo da avaliação e suplementação da vitamina K neste vídeo:

As vitaminas D e K funcionam em equipe. Uma das principais funções da vitamina D é manter níveis adequados de cálcio no sangue. Existem duas maneiras pelas quais a vitamina D pode conseguir isso: (1) melhorando a absorção de cálcio, (2) removendo cálcio dos ossos. Mas a vitamina D não regula os níveis de cálcio sozinha, faz isso junto com a vitamina K.

A vitamina K regula o cálcio em seu corpo de pelo menos duas maneiras: (1) promovendo a calcificação dos ossos (ativa a osteocalcina), (2) reduzindo a calcificação de tecidos moles (juntamente com magnésio). A vitamina K ativa a proteína GLA da matriz, que impede o cálcio de se acumular nos tecidos moles, como os rins e os vasos sanguíneos.

Tenho que suplementar vitamina D e vitamina K juntas?

Se a dose de vitamina D ingerida for muito alta há risco de hipercalcemia e calcificação de vasos, o que aumenta o risco cardíaco. Isto é agravado pela deficiência de vitamina K. Estudos em animais mostram que a suplementação de vitamina K em alta dose reduz o risco cardíaco. Contudo, não existem estudos definitivos em humanos.

No entanto, minimamente converse com seu nutricionista e certifique-se de obter as quantidades adequadas de ambos vitamina D e K de sua dieta ou suplementação, visto que ambos os nutrientes são importantes.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

FITOTERÁPICOS NÃO RECOMENDADOS PARA GESTANTES E MULHERES QUE AMAMENTAM

De forma semelhante aos medicamentos sintéticos, os medicamentos fitoterápicos (obtidos a partir de plantas) podem ser igualmente prejudiciais se não forem utilizados ​​corretamente. Os produtos fitoterápicos são preparações feitas de drogas brutas ou extratos de folhas, flores, sementes, cascas, raízes, rizomas ou a erva inteira de uma ou mais plantas. O principal motivo para compra de produtos fitoterápicos é a percepção de que são seguros porque são naturais.

No entanto, vários estudos apontam efeitos colaterais importantes quando usados sem orientação adequada. Muitos fitoterápicos são concentrados, podendo ser tóxicos quando utilizados incorretamente. Para fetos e bebês a toxicidade pode ser ainda maior podendo gerar complicações graves. Ervas concentradas podem ser abortivas, induzir parto prematuro, contrações uterinas ou lesões no feto. Alguns compostos também podem ser transferidos para o leite materno, expondo os bebês amamentados a substâncias potencialmente prejudiciais.

O alho (Allium sativum), a camomila e o gengibre podem ser utilizados como alimento na gestação. Isto não quer dizer que devam ser usados de forma concentrada, na forma de fitoterápicos. O papel dos médicos, farmacêuticos e nutricionistas é fundamental na educação de pacientes sobre o risco do uso indevido destes produtos.

Fitoterápicos não recomendados na gestação e lactação - Thabit et al., 2020

Fitoterápicos não recomendados na gestação e lactação - Thabit et al., 2020

Falo mais sobre este tema em meu curso online: BASES DA FITOTERAPIA

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Quando introduzir alimentos na dieta de crianças com síndrome de Down?

A amamentação é cheia de vantagens para a mãe e para o bebê. O leite materno é a forma mais barata e segura de fornecer os nutrientes que o bebê precisa até os 6 meses de vida. Também contém agentes protetores prevenindo o aparecimento de infecções intestinais e respiratórias. O aleitamento também ajuda a prevenir o excesso de peso e obesidade na infância. O leite da nossa espécie contém gorduras em quantidade e qualidade ótimas para o desenvolvimento do cérebro da criança e melhoria da capacidade de aprendizagem. O leite materno possui uma digestão mais fácil do que o leite de outras espécies. A amamentação ajuda a prevenir a síndrome do respirador bucal, alteração comum em crianças com síndrome de Down, por conta da hipotonia. Também reduz a protrusão da língua e o risco de infecções auditivas.

Para as mães o leite materno é prático e conveniente. Não há necessidade de preparo, aquecimento, higienização de utensílios. Amamentar reforça os laços afetivos entre mãe e bebê. O ato da amamentação acelera a recuperação do corpo da mulher após o parto, reduz o risco de surgimento de câncer de mama e colo do útero.

Para fabricar bastante leite a mulher precisa amamentar em livre demanda, consumir uma dieta balanceada, hidratar-se adequadamente (até 4 litros de líquidos ao dia), descansar e relaxar. O apoio da família é fundamental, assim como de uma equipe multiprofissional com expertise no tema.

A mãe pode precisar de orientação inicial e o bebê pode precisar do apoio de um bom fonoaudiólogo logo no início da vida. Mesmo assim, pode ocorrer da mãe não poder amamentar ou de o bebê não conseguir coordenar sucção, deglutição e respiração, se engasgar ou ganhar pouco peso. Neste caso, alternativas ao leite materno serão recomendadas (fórmulas infantis).

Após o 6 mês de vida inicia-se a alimentação complementar

Muitos pais perguntam se podem iniciar a alimentação antes dos 6 meses de vida para que possam voltar ao trabalho. Na verdade, tudo dependerá do grau de maturidade da criança, mas a introdução não deve ocorrer na síndrome de Down antes dos 5 meses, sendo ideal iniciar aos 6 meses de vida.

São sinais de maturidade para receber a alimentação complementar:

  • ao tocar a língua do bebê com a colher ele recolhe a língua. Bebês com reflexo de extrusão presente podem demorar mais para conseguirem iniciar a alimentação complementar;

  • interesse por novos alimentos. O bebê olha, deseja tocar os alimentos ou abre a boca quando vê alguém comendo;

  • mostra desejo de mastigar;

  • mantém a sustentação da cabeça.

Antes dos 6 meses de vida a maior parte dos bebês ainda não apresenta maturidade orgânica para receber novos alimentos. Quando os marcos acima são alcançados a introdução torna-se mais segura. Alguns bebês também ainda não produzem enzimas para a digestão de novos alimentos e podem apresentar distensão abdominal, diarreia, cólicas ou prisão de ventre.

No caso de bebês prematuros mais cuidado ainda deve ser observado. Neste caso, um bebê pode chegar aos 6 meses de nascimento com uma maturidade ainda de um bebê de três ou quatro meses nascido a termo. Nesses casos, a introdução alimentar pode ser adiada. Além da idade de nascimento, o tempo passado na UTI, os estímulos recebidos, a presença de doenças ou alergias podem influenciar a idade de introdução da alimentação complementar.

Bebês com síndrome de Down podem apresentar seus desafios mas estar vivo é uma vitória muito grande. Dêem a eles tempo para que amadureçam e possam comer com segurança. Mantenha contato estreito com uma boa equipe de pediatria e nutrição.

A papinha do bebê

Após liberação médica o bebê começará a se alimentar. Existem vários métodos como o baby led weaning. Porém, o mesmo não se aplica a todos e, frequentemente, bebês com síndrome de Down começam com a papa salgada, composta, em geral, de pelo menos um item de cada um dos grupos a seguir:

  • Carnes: bovinas, aves, peixes, ovo cozido.

  • Folhas: almeirão, agrião, espinafre, couve, brócolis, escarola, repolho, rúcula, acelga, chicória.

  • Legumes: cenoura, abobrinha, beterraba, berinjela, jiló, couve-flor, nabo, chuchu, quiabo, vagem, aipo.

  • Tubérculos: batata, cará, inhame, abóbora, mandioquinha.

  • Cereais:  arroz, aveia, fubá, quinoa.

  • Leguminosas:  feijão, lentilha, grão de bico, ervilha.

Em geral o bebê inicia com um consumo de 100 a 120 g de alimento (o equivalente a um potinho de papinha industrializada pequena ou um pires de café). Esta quantidade pode variar de acordo com o peso do bebê, sua idade, aceitação, tolerância, presença ou ausência de doenças, capacidade mastigatória etc.

A papa deve ser temperada com ervas e condimentos naturais como cebola, salsinha, alho, cebolinha, em pequena quantidade, de acordo com a aceitação do bebê. Uma pitadinha de sal pode ser introduzida por volta dos 10 ou 11 meses. No início, a papa será amassada com um garfo e regada com um fiozinho de azeite e/ou um pinguinho de limão. Ao longo do semestre, conforme a criança vai aprendendo a mastigar, a papa vai ficando cada vez menos amassada, evoluindo em direção à comida do restante da família.

Comece com o almoço. Quando a criança estiver aceitando bem, forneça a papa no almoço e jantar. Quando estiver aceitando bem, ofereça lanches intermediários (frutas). Para crianças com prisão de ventre, papas de frutas podem auxiliar na melhoria do funcionamento intestinal. Exemplo:

  • 2 ameixas secas sem caroço

  • 50 ml de água

  • 1/2 pera

Cozinhe as ameixas na água, até que fiquem bem macias. Amasse-as com um garfo. Raspe a pera com uma colher e misture a polpa com a pasta de ameixa. Sirva uma vez ao dia e ofereça água nos intervalos das refeições.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/